19 de setembro de 2024

Hospital de Urgência de Teresina apura morte de paciente com infecção generalizada por possível falta de antibióticos

HUT informou que equipes costumam repor medicações por outras similares em caso de “indisponibilidade”, mas documento obtido pela Rede Clube informou “falta de opções no HUT”. Hospital destacou ainda que comissões internas irão apurar possível inconsistência na assistência ao paciente. Motociclistas de 21 a 40 anos representam quase 90% das vítimas de acidentes de trânsito no Piauí, aponta levantamento do HUT
Divulgação/HUT
O Hospital de Urgência de Teresina (HUT) está apurando a morte de um paciente por possível falta de antibióticos na unidade. Após inúmeras denúncias a respeito da falta de medicamentos, equipamentos e insumos, o Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) relatou o óbito do homem, de 35 anos, na quinta (7), que sofreu necrose na perna e infecção generalizada decorrente da grave lesão.
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O homem estava internado havia pelo menos 10 dias, conforme documentos obtidos pela Rede Clube. Ele chegou a passar por cirurgia e limpeza do ferimento. Havia ainda recomendação de amputação da perna atingida pela lesão. O paciente, além disso, já tinha sequela neurológica decorrente de traumatismo craniano sofrido anos antes.
Conforme o hospital, o caso está sendo apurado por comissões internas. A assessoria de comunicação, em nota (veja íntegra ao fim da reportagem), informou que em caso de “indisponibilidade pontual de alguma medicação no estoque da farmácia”, é possível a “substituição de tal medicação por outra, de igual classe e efeito similar que se encontre disponível”.
Na prescrição médica, contudo, havia a observação de que, embora recomendado o tratamento com antibioticoterapia, o paciente não estava recebendo as medicações “por falta de opções no HUT”.
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HUT apura morte de paciente com infecção generalizada por possível falta de antibióticos
Reprodução
O documento faz referência à necessidade de medicamento para MRSA, sigla para Multiple-resistant Staphylococcus aureus. Resumidamente, um tipo de bactéria multirresistente a alguns tipos de medicamentos, sendo necessários antibióticos específicos.
O problema do desabastecimento já havia sido relatado por profissionais de saúde do HUT, informando que cirurgias de urgência começaram a ser agendadas por falta de medicamentos. Além disso, familiares de pacientes precisaram comprar a medicação para pacientes internados.
Kelson Veras, médico intensivista do hospital, detalhou o problema em entrevista na última terça (5) e destacou óbitos decorrentes do problema.
“[Por falta de medicamentos já houve] tanto óbitos quanto prejuízos para a saúde daquele paciente, que já é grave”.
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Segundo o médico, outro problema nas UTIs é a falta de ar condicionado, que pode levar à subida de temperatura dos pacientes que já estão febris devido a alguma infecção.
“Isso chama se hipertermia. E no ‘BRO bró’ [período mais quente do ano], por exemplo, nós tivemos mortes por conta de hipertermia”, contou.
Crise na saúde
Os relatos de problemas de infraestrutura e falta de medicamentos e insumos nos hospitais de Teresina, na gestão do prefeito Dr. Pessoa, acontecem desde o início de 2022, cerca de um ano após a posse do gestor.
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A Câmara de Teresina , o Ministério Público e o Tribunal de Justiça estiveram envolvidos em investigações e determinações contra a Prefeitura de Teresina e a Fundação Municipal de Saúde. Mais recentemente, o HUT, maior hospital de urgência do Piauí passou a sofrer com a crise na gestão da saúde.
Veja íntegra da nota do HUT:
A Diretoria do Hospital de Urgência de Teresina Prof. Zenon Rocha – HUT, vem, através da presente nota se posicionar diante de fatos que têm sido veiculados na mídia.
De saída, esclarecemos que dados sensíveis específicos de qualquer paciente estão resguardados por sigilo médico, de modo que não podem ser divulgados, exceto para o próprio paciente, ou familiares, em caso de impedimento deste.
Todavia, cumpre mencionar que tanto esta diretoria, como a presidência da Fundação Municipal da Saúde, tem se empenhado diuturnamente para garantir que o maior hospital de urgência do Estado permaneça com estoques de medicações e insumos suficientes a atender a crescente demanda dos pacientes.
Informamos ainda que em caso de indisponibilidade pontual de alguma medicação no estoque da farmácia, o médico assistente, com o auxílio de uma comissão permanente constituída com tal fim (Comissão de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (CCIRAS), avaliam, de plano, a substituição de tal medicação por outra, de igual classe e efeito similar que se encontre disponível, de modo a garantir o atendimento integral ao paciente.
Tal prática corriqueiramente ocorre tanto nesta unidade de saúde, como nos demais hospitais da rede pública e privada. Pontuamos ainda que o Hospital possui todas as comissões técnicas necessárias para avaliação de qualquer evento adverso ou inconsistências dentro dos processos hospitalares de assistência ao paciente.
Registramos ainda o empenho e brilhantismo da equipe de profissionais que atua nesse hospital, que se dedica a prover o melhor atendimento possível aos pacientes, inobstante o enorme volume de pacientes graves e urgentes que são recebidos diariamente nesta unidade de saúde.
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