A Cooperativa dos Agricultores de Mosqueiro estima que 750 hectares estão pegando fogo. Famílias perderam plantações e casas. Fogo causa prejuízos a moradores na área rural de Mosqueiro, em Belém
Na PA-391, rodovia que leva a Mosqueiro, distrito de Belém, a mata nas laterais da pista está toda queimada. Mas o cenário é pior dentro das comunidades agrícolas. Atravessando estradas de terra, os bombeiros tentam conter os focos de incêndio. A Cooperativa dos Agricultores de Mosqueiro estima que 750 hectares estão pegando fogo. Uma demanda nunca antes vista no distrito, segundo os militares.
“Por dia, são cerca de 20 focos diretos de incêndio. A gente tem que realmente se desdobrar nessas tarefas e tenta na medida do possível fazer esse combate a essas chamas, como você vê, são bem extensas”, diz Nelson Abreu, sargento do Corpo de Bombeiros.
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O principal desafio dos bombeiros é chegar até os focos de incêndio. Muitas vezes as chamas começam em áreas de mata fechada e avançam sobre as comunidades rurais. Mesmo com as casas tomadas pela fumaça, muitos moradores decidem ficar porque não têm para onde ir.
“Muitas vezes, o fogo ocorre no interior de locais que não têm esse ramal que você vê aqui. Isso dificulta muito o nosso trabalho e também o que dificulta é a incidência quase que simultânea de vários focos ao mesmo tempo. O fogo começou em outubro. A gente está combatendo diuturnamente, mas a coisa necessita um pouco mais de cuidado. Estamos montando uma outra força tarefa pra vir pra cá dar esse suporte”, detalha o sargento.
Cerca de 3 mil famílias vivem na zona rural de Mosqueiro, e estão há um mês enfrentando os prejuízos causados pelo fogo. O agricultor Adel Oliveira perdeu a plantação com mil pés de açaí.
“Nós somos 44 comunidades aqui. Todas vivem de plantio e criação de animais, de peixe. Essas pessoas estão sem apoio de nada nem ninguém. Está faltando tudo pra elas. A fumaça é outro grande problema, invade as ruas e as casas. Respirar só com a ajuda de um pano molhado”, lamenta.
“Falta de ar, peito está fechado”, diz a agricultora Andrea Alcântara, que perdeu a casa e a plantação em um dos incêndios. Ela e os filhos estão dormindo na casa da irmã. “Queimou a minha casinha que eu estava construindo. Toda plantação destruída, todo trabalho jogado fora, assim, rápido. É difícil, tristeza”.
A Cooperativa dos Agricultores de Mosqueiro estima que 750 hectares estão pegando fogo, e alerta que, muitas vezes, são incêndios criminosos. “O fogo ocorre por conta de pessoas que vêm para nossa ilha para invadir área. Eles colocam fogo para abrir roça, mas perdem o controle desse fogo.
Muitas vezes eles não ficam na terra. Eles vêm, invadem, queimam e depois vendem para terceiros”, denuncia Amanda Santos, advogada da Copam.
Em nota, a Polícia Civil informou que investiga os incêndios por meio da Seccional de Mosqueiro. Testemunhas são ouvidas para auxiliar nas investigações.
O Corpo de Bombeiros Militar do Pará informou que cinco equipes, cada uma com 20 militares, do 20° Grupamento de Bombeiro Militar do distrito, viaturas e embarcações de Santa Izabel, de Ananindeua e do Grupamento Marítimo Fluvial (GMAF) estão atendendo as ocorrências de incêndios florestais em Mosqueiro.
A Defesa Civil informou que está no local, até agora, coordenando, articulando e gerenciando as ações a serem tomadas e vai acompanhar, diariamente, o trabalho do Corpo de Bombeiros para conter o fogo. No momento, há uma guarnição do Corpo de Bombeiros Militar no local, mas a Defesa Civil já pediu reforços e aguarda a chegada de homens do Corpo de Bombeiros de Marituba e do grupamento que integra a “Operação Fênix”, responsável pelo combate a incêndios florestais. Já a secretária de Meio Ambiente, Cristiane Ferreira, explica que a Semma emitirá relatório, dimensionando a extensão do dano ambiental.
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