Produtor rural estima prejuízo de R$ 250 mil ao perder plantações de cana e de banana, além de equipamentos, perto da Rodovia Mário Donegá, um dos locais mais atingidos pelas queimadas. A cana-de-açúcar que seria colhida nesta safra, a que estava em preparação para o próximo ciclo, a plantação de bananas, as caixas para transportar os produtos, o equipamento de irrigação. Na propriedade rural do administrador agrícola Renato Munhoz, entre Ribeirão Preto (SP) e Dumont (SP), quase nada resistiu ao fogo que se alastrou desde o fim da semana em meio a condições climáticas extremas que só se agravaram.
O prejuízo estimado por ele é de R$ 250 mil. “Essa proporção eu nunca tinha visto, sempre teve, tem alguns incêndios na região porque tem muita área de cana, sempre tem alguns incêndios, mas nessa proporção nunca vi não”, diz.
Incêndios causam prejuízos a lavouras do interior de São Paulo
Lindomar Cailton/EPTV
O sítio dele fica próximo à Rodovia Mário Donegá (SP-291), um dos vários locais que, desde quinta-feira (22), têm sido atingidos por incêndios, facilmente propagados pelos ventos e pela baixa umidade relativa do ar e que colocaram São Paulo no topo de focos de incêndio do país.
Canaviais, como os dele, além de outras culturas, foram devastados pela onda de incêndios no interior de São Paulo, que se intensificaram desde a última quinta-feira (22).
“Eu perdi uma pequena plantação que meu pai cuidava aqui, a parte de banana perdeu tudo, e também tem a parte da cana, perdeu a produção e comprometeu a produção do próximo ano. Estamos vivos, que é o importante, vamos lutar, tentar ver o que consegue recuperar, trabalhar e seguir adiante”, lamenta.
Fogo e fumaça altos impressionam na região de Ribeirão Preto
Arquivo pessoal
Além de lidar com os prejuízos do campo, quem vive na zona rural também precisou lidar com os riscos causados pela aproximação do fogo até as casas. A pensionista Shirlene Meira decidiu sair da chácara onde mora para passar o fim de semana em um hotel com a família.
Foi o que ela conseguiu fazer depois que um incêndio, na sexta-feira (23), atingiu uma área que fica ao lado da propriedade dela, na Rodovia Antônio Machado Sant’Anna (SP-255), no distrito de Bonfim Paulista, em Ribeirão Preto. Além disso, colocou os três cachorros em um hotel para pets para também deixá-los em segurança.
“A gente teve que vir por conta de segurança, porque a gente não sabe que acontece, é fumaça muito intensa, tudo mais, a gente acabou tendo que sair de lá.”
Shirlene conta que soube de outros que tomaram a mesma decisão.
“Em uma fazenda mais pra frente, uns amigos saíram, foram para casa de parentes, porque pegou fogo em tudo lá perto.”
Canavial atingido por fogo na região de Ribeirão Preto (SP) em meio a onda recorde de incêndios
Lindomar Cailton/EPTV
Incêndios em SP
Em meio a uma estiagem prolongada e calor acima da média, o estado de São Paulo registrou, entre quinta-feira (22) e sexta-feira (23), 2,3 mil focos de incêndio, número sete vezes maior do que o registrado em todo o mês de agosto de 2023.
Os registros, segundo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), colocam São Paulo no topo da lista de incêndios do país no fim desta semana, muito acima do registrado, por exemplo, por estados da Amazônia Legal. Neste sábado (24), mais de 300 outros focos foram confirmados.
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Os números são do Programa BDQueimadas, mantido pelo Inpe, com base em satélites de referência, ou seja, utilizados para a obtenção dos dados que compõem a série histórica e permitem o comparativo entre diferentes períodos.
Os incêndios se concentram principalmente em municípios da região de Ribeirão Preto (SP), de São José do Rio Preto (SP), de Presidente Prudente (SP), São Carlos (SP) e Bauru (SP).
Uma série de ocorrências, sobretudo envolvendo canaviais em chamas e a morte de dois trabalhadores que tentavam combater o fogo nesta sexta em Urupês, levaram o Governo do Estado a criar um gabinete de crise para discutir soluções ao problema. Além disso, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou uma força-tarefa que vai contar com aeronaves das Forças Armadas para o combate aos incêndios.
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