24 de janeiro de 2025

Indicações de ‘Ainda Estou Aqui’ ao Oscar atrai público em cinema de Boa Vista: ‘Orgulho nacional’


Longa brasileiro foi indicado em três categorias na maior premiação do cinema mundial, incluindo a categoria principal, Melhor Filme e melhor atriz, para Fernanda Torres. Indicações de ‘Ainda Estou Aqui’ ao Oscar atrai público em cinema de Boa Vista
🎥 Um dia para ficar na memória do cinema nacional! O filme “Ainda Estou Aqui” foi indicado a três categorias no Oscar 2025: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. Após o anúncio nesta quinta-feira (23), moradores de Boa Vista correram para o cinema, com a emoção e o orgulho pelo feito histórico tomando conta das salas de exibição.
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A produção original Globoplay dirigida por Walter Sales estreou nos cinemas roraimenses em novembro de 2024, mas retornou assim que Torres venceu o Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama no início de janeiro, e desde então segue em cartaz levando cinéfilos do lavrado de todas as idades às salas de cinema.
O g1 acompanhou acompanhou uma das primeiras sessões do longa após o anuncio das indicações ao prêmio da academia no Cine Araújo, localizado no shopping do bairro Cauamé, zona Oeste da capital.
‘Ainda Estou Aqui’ em cartaz em cinema de Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
🎬 Entre inúmeros cartazes de filmes de Hollywood, grandes franquias de ação consagradas e sucessos de bilheteria internacional — muitos concorrendo também ao prêmio de Melhor Filme —, a produção brasileira que narra a história real de Eunice Paiva, cujo mundo desmoronou após o assassinato de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, pela ditadura militar, destaca-se em pé de igualdade — ou talvez ainda mais.
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Para a professora Ana Cláudia Borges, de 37 anos, o momento foi marcado por orgulho. Ela levou a filha, Geovana Borges, de 15 anos, para assistir juntas, pela primeira vez, ao filme que tem conquistado aclamações em todo o mundo, tornando a experiência ainda mais especial ao testemunharem juntas o impacto da obra na telona.
“É a primeira indicação ao Oscar de Melhor Filme do Brasil. Então, a gente está muito na torcida. A gente vibra, né? Enquanto brasileiros, patriotas. Melhor Atriz também, Melhor Filme Estrangeiro. É um orgulho nacional”, disse a professora ao g1.
Assista ao trailer de ‘Ainda Estou Aqui’
Segundo a gerente do cinema, Rosângela Cabral, “Ainda Estou Aqui” tem atraído multidões desde que começou a acumular indicações e prêmios. Ela destaca o fato como algo inédito, já que os sucessos de bilheteria nacionais costumam ser comédias. Para Rosângela, esta é a primeira vez que um drama alcança esse nível de popularidade e reconhecimento.
“Filme nacional que tem grande procura geralmente são comédias, ‘Minha Irmã e Eu’, ‘O Auto da Compadecida 2’. Essa é a primeira vez que eu vejo isso acontecer com um filme nacional de drama. Agora com o Oscar, a expectativa é ainda maior, vamos colocar até mais sessões”.
“Quando o filme estreou, teve sim movimentação, mas nada fora do comum. Quando a Fernanda [Torres] ganha o Globo de Ouro e a gente volta a exibir o filme, as salas ficam lotadas! Um nível de procura imenso, de ter gente querendo comprar ingresso mas não ter mais cadeiras”, disse a gerente.
🎞️ Boa Vista no ritmo do Oscar
Professora Ana Claudia Borges, 37 anos, e a filha, Geovana Borges, 15 anos, prontas para ver Ainda Esotu Aqui
Caíque Rodrigues/g1 RR
Ana Claudia queria ter ido antes ao cinema, mas por conta do trabalho acabou não tendo tempo. Agora, com o filme de volta às salas e coincidindo com o período de férias dela e da filha, além da recente indicação à maior premiação de Hollywood, tudo parece ter se alinhado perfeitamente. “Aconteceu no momento certo”, diz ela.
“Eu queria ter vindo há bastante tempo, Só que não estava de férias, e aí fui protelando e tinha saído dos cinemas. E aí eu vi hoje no Jornal de Roraima que estava disponível. Decidi vir com a minha filha agora que foi indicado ao Oscar, vários prêmios e as expectativas são as melhores possíveis!”, contou a professora.
A mensagem que o filme passa também é importante para Ana e, por isso, ela levou a filha junto com ela para reforçar a importância de usar o cinema como ferramenta de aprendizado. Para ela, o filme tem uma grande relevância histórica.
“Eu sou professora, né? Então, eu gosto sempre de mostrar para ela o passado, coisas que aconteceram, como era naquela época, na sociedade, questões que hoje em dia… Muitas vezes eu não vivenciei, ela também não, mas que a gente pode ver no cinema, ver em livros. E eu acho que é uma boa forma de aprender”.
E a jovem Geovana Borges está empolgada para ter esse momento com a mãe.
“Eu queria vir porque eu já tinha visto no Instagram algumas coisas, repercussões sobre a protagonista do filme, que ela é filha de uma grande atriz aí. Eu já vi alguns filmes dela e gostei. Quero assistir esse filme agora”.
Estefanne dos Reis, de 18 anos e o irmão, Josué dos Reis, 13 anos, na fila para ver Ainda Estou Aqui
Caíque Rodrigues/g1 RR
E por falar em jovens – as redes sociais foram palco de elogios ao filme desde o lançamento, e o impacto entre os de pouca idade é notório. A estudante Estefanne dos Reis, de 18 anos, foi com o irmão, Josué dos Reis, de 13 anos, assistir ao filme. Ela conta como a história de Rubens Paiva e o peso dos acontecimentos durante a ditadura militar do Brasil a atraíram.
“Eu vi pelo Instagram, vendo o trailer e tudo, aí eu já sabia um pouco da história da ditadura sobre o Rubens Paiva. Quando eu vi que ia sair o filme sobre ele e vi a Fernanda Torres também fiquei muito feliz pois eu assisti ela em ‘Entre Tapas e Beijos’ e aí vi ela e a mãe dela participando do filme, eu fui me interessando”, disse a jovem ao g1.
“Eu vi primeiro a do Globo de Ouro. Nossa, gente, eu já estava surtando junto e comentando: ‘Ai meu Deus, que maravilhoso!’ E depois soube hoje da indicação ao Oscar. Nossa, espero muito, espero demais que ganhe! Ela merece”.
🍿 Cinema com a família
Carina Camacho, 40 anos, Belmira Camacho, 67 anos, e a pequena Agnes Camacho, 3 anos, no cinema
Caíque Rodrigues/g1 RR
O filme “Ainda Estou Aqui” retrata a história de uma família unida que se mantém forte ao longo dos anos. Como destaca Selton Mello, uma das estrelas da produção, “é sobre memória”. A servidora pública Carina Camacho, de 40 anos, também valoriza a importância de criar boas lembranças ao lado de sua mãe, Belmira Camacho, de 67 anos, e da filha, a pequena Agnes Camacho, de 3 anos. Juntas, elas compartilham momentos especiais indo ao cinema.
São três gerações de cinéfilas! Nesta quinta-feira, quando conversou com a reportagem, as três iam juntas assistir Sonic 3 – um filme apropriado para Agnes aproveitar, mas nesta sexta-feira (24) já está marcado na agenda: as duas vão assistir à produção nacional concorrendo ao Oscar.
“Ele recebeu uma crítica muito positiva, tanto nacional quanto internacionalmente. Depois da repercussão do prêmio que a Fernanda recebeu e agora com mais uma indicação ao Oscar… Talvez seja a nossa primeira atriz a ganhar o Oscar de Melhor Atriz! Então, isso gerou ainda mais expectativa para o filme”, disse a servidora pública ao g1.
Para a aposentada Belmira, o prestigio internacional não foi o que pesou para que ela se interessasse pelo filme: ela quer mesmo é ver o desempenho de Fernanda Torres e da mãe, Fernanda Montenegro, que interpreta Eunice Paiva mais velha. Belmira se diz fã da família de atrizes.
“Primeiro porque a gente gosta da atriz, né? Tanto da mãe dela como ela atuando. Eu gosto muito de ir ao cinema com a minha filha e com a neta então vamos ver elas de quem sou muito fã”.
Vânia Farias, 56 anos, e a esposa, Rosa Santiago, 53 anos, esperando para ver Ainda Estou Aqui
Caíque Rodrigues/g1 RR
A professora Vânia Farias, de 56 anos, foi ao cinema com a esposa, a enfermeira Rosa Santiago, de 53, para assistir ao filme que tanto tem movimentado o público brasileiro. Segundo Vânia, elas não haviam dado muita atenção ao lançamento inicialmente.
“No momento em que o filme foi lançado não demos aquela ênfase. Até por ser um filme brasileiro… Às vezes, em relação ao cinema brasileiro, a gente ainda fica um pouco receoso, né? Mas, com a indicação ao Oscar, isso foi uma explosão geral no Brasil todo, e isso nos incentivou.
“Até porque a história é fantástica. Quando você lê ou ouve sobre ela, percebe que é uma história de superação. Então, estamos aqui para ver de perto como é que foi”.
Rosa complementa, ressaltando o valor cultural da produção, para ela é uma história atual, por mais que tenha acontecido à mais de 50 anos.
“É uma história muito atual, né? Mesmo sendo antiga, ainda é atual. É um momento único pro cinema brasileiro. Eu acredito que é um crescimento cultural para cada um de nós, né? E vale muito a pena”.
👨‍👨‍👧‍👦 Ainda Estou Aqui no Oscar
“Ainda Estou Aqui” recebe três indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme
É a primeira vez na história que um filme brasileiro disputa a maior categoria do Oscar: Melho5 Filme em 2025.
A produção também tem outras duas indicações: Filme Internacional e Melhor Atriz (Fernanda Torres). O filme dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres é o primeiro longa original Globoplay.
O Oscar 2025 acontece em 2 de março em Los Angeles, com apresentação de Conan O’Brien.
“Emilia Pérez”, drama musical francês, foi o campeão de indicações com 13. O segundo mais indicado foi “O brutalista”, com 10 menções.
Fernanda Torres concorre ao Oscar, 26 anos após a indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por “Central do Brasil” (1998), também dirigido por Walter Salles. Foi a última vez em que o Brasil apareceu em categorias de atuação.
“Ainda estou aqui” é uma adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva. No filme, o público acompanha a transformação da mãe do escritor – uma dona de casa dos anos 1970, mãe de cinco filhos – em uma das maiores ativistas dos Direitos Humanos do país após o assassinato do marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pela ditadura militar.
Indicados ao Oscar de Melhor Filme
“Ainda estou aqui”
“Anora”
“O brutalista”
“Um completo desconhecido”
“Conclave”
“Duna: Parte 2”
“Emilia Pérez”
“Nickel boys”
“A substância”
“Wicked”
Indicadas ao Oscar de Melhor Atriz
Fernanda Torres (“Ainda estou aqui”)
Mikey Madison (“Anora”)
Demi Moore (“A substância”)
Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”)
Cynthia Erivo (“Wicked”)
Indicados ao Oscar de Filme Internacional
“Ainda estou aqui” (Brasil)
“Emilia Pérez” (França)
“Flow” (Letônia)
“A Garota da Agulha” (Dinamarca)
“A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha)
O Brasil já foi indicado outras quatro vezes na categoria de filmes internacionais, mas nunca venceu.
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