1 de março de 2025

Indígenas do AM realizam ritual para transmitir boas energias a ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar 2025; VÍDEO


Ritual ocorreu na aldeia Inhaã-bé, situada às margens do rio Tarumã-Açu, na zona rural de Manaus, onde está localizada a primeira sala de cinema em território indígena no Norte do Brasil. Indígenas no AM fazem ritual para emanar boas energias para ‘Ainda Estou Aqui’ no Oscar
Nas vésperas do Oscar 2025, indígenas realizaram um ritual na aldeia Inhaã-bé, no Amazonas, nesta sexta-feira (28), para transmitir boas energias ao filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, com a esperança de que ele seja o primeiro do país a conquistar uma ou mais estatuetas na maior premiação do cinema mundial. Assista ao ritual no vídeo acima.
A tradicional cerimônia acontece neste domingo (2), com transmissão ao vivo pela TV Globo e g1. O filme nacional concorre em três categorias, com a chance de fazer história.
O ritual aconteceu na aldeia localizada às margens do rio Tarumã-Açu, na zona rural de Manaus, onde, no início de fevereiro, foi inaugurada a primeira sala de cinema em território indígena do Norte do Brasil. Ao final da tarde, os indígenas se reuniram em frente ao espaço para realizar a cerimônia.
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A pajé-curandeira A-yá Kukamíria, do povo Kukama, foi a responsável pelo ritual. Ela explicou ao g1 que o procedimento envolveu diferentes momentos: uma bênção para as pessoas presentes e ao filme na disputa pelo Oscar, seguida de um canto de guerra e a tradição da defumação, para emanar boas energias.
Indígenas no AM fazem ritual para emanar boas energias para ‘Ainda Estou Aqui’ na disputa do Oscar.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
“Homenagear, apoiar, porque a Fernanda Torres merece pela sua interpretação. A personagem, a mensagem que ela traz, foi um ícone em sua época. A luta dela é algo com o qual todo brasileiro pode se identificar”, explicou A-yá sobre o propósito do ritual.
Após o rito, A-yá abençoou uma projeção da estatueta do Oscar colocada em uma árvore ao lado da sala de cinema, com os dizeres “O Oscar é nosso”.
pajé-curandeira foi até uma projeção da estatueta do Oscar que foi colocada em uma árvore ao lado da sala de cinema, com os dizeres “O Oscar é nosso”.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Eunice Paiva e a luta pelas causas indígenas
Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme narra a trajetória de Eunice Paiva, mãe do autor, que passou 40 anos em busca da verdade sobre o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado federal Rubens Paiva, assassinado durante a ditadura militar. Eunice Paiva é interpretada por Fernanda Torres, que concorre ao prêmio de Melhor Atriz no Oscar 2025.
Thaís Kokama, produtora indígena responsável pelo espaço, contou ao g1 que o ritual também foi uma homenagem à trajetória de Eunice, advogada que lutou por causas indígenas após vivenciar a ditadura militar, defendendo direitos humanos e liberdade de expressão até o fim de sua carreira.
“Em 1971, a Eunice já fazia ativismo para ajudar os povos originários, especialmente com a demarcação de terras. Através do filme, muitas pessoas vão conhecer a história dessa mulher guerreira, e o que fazemos aqui é uma homenagem dos povos originários em memória dela”, disse Thaís.
Produtora indígena Thaís Kokama é responsável pela primeira sala de cinema em território indígena da região Norte.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Transmissão do Oscar 2025
O Oscar 2025 será transmitido ao vivo neste domingo (2) pela TV Globo, com apresentação do comediante Conan O’Brien. O filme de Walter Salles, primeiro original do Globoplay, concorre em Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres) e Melhor Filme Internacional.
A primeira sala de cinema em território indígena da região Norte, localizada na aldeia Inhaã-bé, também terá uma programação especial no dia da cerimônia. O espaço exibirá o clássico filme brasileiro Central do Brasil, que concorreu ao Oscar em 1999, às 17h (horário local), e, a partir das 19h (horário local), transmitirá ao vivo a cobertura completa do Oscar 2025.
“O domingo será bastante movimentado. Nossos parentes estão chegando à aldeia para somar forças, no Cine Aldeia, para que possamos torcer juntos por essa mulher incrível, a Fernanda. Ela está fazendo parte de tudo isso, e vamos enviar uma energia superpositiva para ela, para que sua trajetória se abra com a nossa pagelança, e que nossos ancestrais a acompanhem nesta premiação”, afirmou Thaís Kokama.
Pajé-curandeira A-yá Kukamíria, do povo Kukama, foi a responsável por realizar o ritual para enviar energias positivas ao filme ‘Ainda Estou Aqui’, na disputa do Oscar.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
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Primeira sala de cinema indígena
Sala de cinema indígena na aldeia Inhaã-Bé, no rio Tarumã-Açu, em Manaus.
Patrick Marques/g1 AM
Idealizado por Thaís Kokama, o Cine Aldeia foi lançado em 2019 com exibições para crianças da aldeia. Nos últimos três anos, a comunidade também recebeu oficinas de cinema e foi usada como set de filmagens para produções nacionais e internacionais. A sala de cinema foi inaugurada no dia 1º de fevereiro.
“Foi um grande desafio, tivemos complicações com a estiagem, mas conseguimos. Agora, sentimos que cumprimos nosso dever”, disse Thaís, na época da entrega do projeto.
O Cine Aldeia foi selecionado no Concurso Prêmio Manaus Identidade Cultural – Audiovisual (Edital 004/2023), com apoio da Lei Paulo Gustavo, Prefeitura de Manaus, Concultura, Ministério da Cultura e Governo Federal.
Veja abaixo mais imagens do ritual:
Pajé-curandeira A-yá Kukamíria, do povo Kukama, foi a responsável por realizar o ritual para enviar energias positivas ao filme ‘Ainda Estou Aqui’, na disputa do Oscar.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Pajé-curandeira A-yá Kukamíria, do povo Kukama, foi a responsável por realizar o ritual para enviar energias positivas ao filme ‘Ainda Estou Aqui’, na disputa do Oscar.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
Indígenas no AM fazem ritual para emanar boas energias para ‘Ainda Estou Aqui’ na disputa do Oscar.
Alexandro Pereira/Rede Amazônica
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