Moradores da aldeia Katurãma afirmaram que a situação piorou nesta semana. Crianças da comunidade foram internadas com erupções na pele. Indígenas fazem manifestação na BR-381, em São Joaquim de Bicas
Arquivo pessoal/Priscila Batista
Indígenas da aldeia Katurãma fizeram uma manifestação na BR-381, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, neste sábado (31). Eles pedem a regularização do abastecimento de água e assistência médica para as crianças da comunidade.
De acordo com a comunidade, sempre houve problemas de fornecimento de água na terra onde vivem, conhecida como “Mata do Japonês”, em São Joaquim de Bicas. No entanto, na última semana, a situação piorou, e crianças da comunidade começaram a passar mal – duas delas foram internadas em Belo Horizonte com erupções na pele.
A manifestação é realizada no sentido Belo Horizonte da rodovia. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), às 11h30, o trecho operava em “pare e siga”, com lentidão do km 523 ao km 506.
Indígenas fazem manifestação na BR-381, em São Joaquim de Bicas
TV Globo/ Reprodução
Os indígenas temem que seja algo contagioso, e outras 20 crianças permanecem isoladas na aldeia.
“A gente pede desculpas à sociedade por estar fazendo isso aqui, mas, infelizmente, já faz seis meses que nós estamos fazendo essa reivindicação da água, e agora se agravou, porque tem sete dias que a água não cai na comunidade. E as contas vindo, já chegou conta de R$ 25 mil, de a gente ter que fazer vaquinha para pagar a água. […] O que a gente está reivindicando aqui é um direito básico”, disse a cacica Célia Ãgohó.
Cacica Célia Ãgohó
TV Globo/ Reprodução
A reportagem da TV Globo esteve na aldeia, na manhã deste sábado, e verificou que as torneiras estavam secas, e roupas e vasilhas sujas se acumulavam no local.
“Não fomos nós quem destruiu o Rio Paraopeba. A gente vivia a 15 metros dele, tinha água pura, nossas nascentes, fazia nossos rituais, dava banho nas crianças, comia nosso peixe”, completou a cacica, referindo-se ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, que levou lama de rejeitos ao rio.
Em nota, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) afirmou que o abastecimento de água para a comunidade “está normalizado e não apresentou interrupção ou intermitência no fornecimento”.
“Um técnico da empresa esteve na comunidade na manhã deste sábado (31/08) para verificação da pressão de água na rede que atende aos imóveis, e constatou a normalidade na atuação do cavalete”, disse a empresa.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) disse que as duas crianças indígenas internadas no Hospital João Paulo II, em Belo Horizonte, estão com quadro clínico estável, com sintomas como febre, diarreia e lesões na pele.
Foi realizado exame de mpox em uma delas, e o resultado foi negativo.
“A SES-MG descarta surto da doença e está acompanhando a evolução e investigação dos casos por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs-Minas) e da Unidade Regional de Saúde de Belo Horizonte”, disse a pasta.
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