25 de setembro de 2024

Inseto é capaz de acasalar por 56 horas seguidas

Besouro-do-amor pode passar mais de 70% da sua vida se reproduzindo. Nome “besouro-do-amor” vem da tradução do nome popular em inglês “lovebugs”
Jack Beetle / iNaturalist
Endêmico de alguns países da América Central e principalmente da região sudeste dos Estados Unidos, o besouro-do-amor (Plecia nearctica), na verdade não são besouros, e sim, membros da ordem Diptera, ou seja, um tipo de mosca ou mosquito. O nome “besouro-do-amor” vem de uma tradução do nome popular em inglês “lovebugs”.
O nome tem relação com o comportamento reprodutivo da espécie, já que o “lovebugs” passa em média 56 horas seguidas acasalando. Ao todo, 70% da vida do animal é se reproduzindo.
Segundo o mestre em entomologia, Lucas Rossito de Carvalho, o acasalamento longo da espécie pode estar associado a uma forma do macho tentar evitar que a fêmea acasale com outros machos.
“O período médio de 56 horas foi atingido durante criações em laboratório, enquanto na natureza, foram observados casais que permaneceram unidos por mais de três dias. Frequentemente, o acasalamento pode durar até a morte do macho”, explica Lucas.
Para acontecer o acasalamento, os machos são os primeiros a emergirem do solo, levantam voo e permanecem no ar, aguardando as fêmeas saírem do solo.
Besouro-do-amor pode passar mais de 70% da sua vida se reproduzindo
gdunham28 / iNaturalist
“Assim que a fêmea é avistada pelos machos, esses rapidamente tentam agarrar a fêmea, muitas vezes vários machos se dirigem a uma única fêmea, até que um deles consegue iniciar o acasalamento”, detalha o especialista.
“Com o acasalamento iniciado, o macho permanece agarrado à fêmea durante todo o tempo. O movimento do casal é geralmente controlado pela fêmea, que é maior e mais forte do que o macho, sendo que o casal levanta voo para se dispersar, podendo pousar em flores para se alimentar de néctar e repousam durante a noite”, completa ele.
Após o repouso, as fêmeas irão botar os ovos sobre o solo úmido e com matéria vegetal em decomposição, que servirá de alimento para as larvas que eclodirem de seus ovos.
Características
Esses insetos possuem um par de asas, que geralmente têm uma coloração escura. A espécie também é caracterizada pelo tórax de cor laranja característica, que contrasta com a coloração escura do restante do corpo. Os adultos geralmente têm pouco menos de 1cm, com machos sendo menores e possuindo olhos mais desenvolvidos do que as fêmeas. 
O inseto tem uma vida muito curta, em média de 2 a 3 dias
birdzilla / iNaturalist
Os besouros-do-amor vivem no clima tropical, procurando ambientes quentes e úmidos. Durante a maior parte da vida, esses insetos podem ser encontrados como larvas (seu estágio imaturo) no solo úmido, onde se alimentam de diferentes tipos de matéria vegetal em decomposição. Os adultos são encontrados próximos aos locais onde passaram o período de larva.
No Brasil temos algumas espécies “parentes” do “lovebug”, algumas exibindo, inclusive, o característico tórax alaranjado e o comportamento de acasalamento semelhante.
Curiosidade sobre a espécie
Os besouros-do-amor tem uma vida muito curta, em média de 2 a 3 dias. Machos vivem, em média, 72h, enquanto as fêmeas tendem a viver mais, podendo chegar a pouco mais de uma semana, geralmente morrendo após colocarem os ovos. 
Geralmente, ocorrem duas gerações por ano, com adultos saindo do solo no mês de março e uma nova geração no mês de setembro. Entre esses meses, os insetos vivem como larvas no solo úmido e se alimentando de matéria vegetal em decomposição.
Quando adultos, esses insetos se esforçam para conseguir parceiros, acasalar e deixar seus descendentes, uma vez que esse ciclo foi concluído, os insetos morrem.
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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