26 de dezembro de 2024

Instrutor de dança é espancado após apresentação em bar: ‘quero ver rebolar agora’, disse agressor; VÍDEO

Durante as agressões, homens diziam que o bar não era local para “viadinho estar rebolando”. Caso aconteceu em São Vicente (SP). A vítima é contratada da casa e foi abordada quando desceu do palco para procurar a namorada e um amigo. Instrutor de dança é espancado após apresentação em bar no litoral de SP
Um instrutor de dança, de 29 anos, foi espancado após se apresentar em um bar em São Vicente, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pelo g1, nesta sexta-feira (8), um grupo de homens abordou e agrediu Flávio Arcangeletti. Enquanto a vítima apanhava, os agressores diziam que o espaço não era local para “viadinho estar rebolando”.
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Imagens obtidas pelo g1 mostram a vítima sendo abordada na parte interna do bar momentos antes de ser arrastada para a área externa, onde aconteceram as agressões – que não foram filmadas (assista acima).
O crime aconteceu no bar Mangute, na Ilha Porchat, onde Flávio é contratado para se apresentar. Ele dança durante o intervalo dos shows realizados no estabelecimento e, no último sábado (2), foi surpreendido por dois clientes após sua apresentação.
Flávio Arcangeletti foi agredido por grupo dentro de estabelecimento em São Vicente (SP)
Arquivo Pessoal
A vítima tinha descido do palco e estava procurando a namorada e uma colega no estabelecimento, quando foi abordada por dois homens. Eles arrastaram Flávio até a área externa do bar, onde a dupla se juntou com pelo menos outras quatro pessoas. Foi quando começaram os socos, chutes, cotoveladas e garrafadas contra o rapaz.
Durante as agressões, os homens diziam “quero ver rebola agora, viadinho” e enfatizavam que o estabelecimento não era lugar para a dança. Além disso, os agressores também tentaram puxar os piercings que Flávio tem no rosto. Os golpes só pararam após intervenção do segurança do bar, que orientou a vítima a deixar o local.
“Puxaram minha bochecha e rasgou tudo por dentro. Tomei várias porradas na cabeça, que está inchada”, contou Flávio.
Ao deixar o bar, a vítima alertou a família sobre o episódio e procurou atendimento médico. Além das escoriações, o dançarino fraturou o nariz e precisou ficar em observação.
Ameaças
Segundo o boletim de ocorrência (BO), durante a internação, o celular de Flávio ficou com o irmão, de 18 anos, e passou a receber mensagens de um dos agressores dizendo que tinha parceria com o crime organizado.
Desta forma, o jovem se identificou como irmão de Flávio e também passou a receber ameaças. Nas mensagens, o suspeito dizia que iria atrás dos dois irmãos, bateria neles e os levaria para um tribunal do crime para que Flávio parasse de rebolar.
Homofobia
A família acionou um advogado, que entendeu se tratar de um caso de homofobia devido às falas dos agressores durante os golpes. Apesar de Flávio ser heterossexual, ele foi confundido e apanhou por se considerado homossexual.
Em nota publicada nas redes sociais, o bar Mangute informou que não compactua com nenhum ato de homofobia. “É contra qualquer ato de preconceito, que inclusive é crime”. O estabelecimento ressaltou que os seguranças prontamente foram atender a ocorrência após o início do tumulto.
“A casa de imediato terminou essa festa, expulsando todos os envolvidos da casa. Na sequência, o rapaz agredido foi embora, amparado pelos seguranças e por pessoas conhecidas dele. Cabe ressaltar que que a casa toma todas precauções devidas e age conforme determinado em lei para poder proporcionar o que tem de melhor para os clientes”.
Polícia
O caso foi registrado como ameaça, lesão corporal e injúria no 1º DP de São Vicente. Flávio conseguiu reconhecer dois suspeitos, mas segue tentando imagens de monitoramento para identificar os demais agressores.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a vítima representou criminalmente e o caso foi encaminhado à Delegacia de São Vicente, que prossegue com as diligências.
Sentimento
Ao g1, Flávio revelou que dança desde criança, mas dá aulas profissionalmente há sete anos e trabalha com evento há pelo menos cinco. Apesar do trauma, ele não pretende deixar a profissão.
O dançarino não soube transmitir em palavras o sentimento pelo ocorrido. “Não sei como explicar. Tenho receio de sair na rua agora, fazer o trabalho. Porque eu trabalho com isso, tenho que divulgar onde eu estou e deixou. Então todo mundo sabe onde eu estou, mas eu não sei onde todo mundo está”, finalizou.
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