20 de setembro de 2024

Intercâmbio Brasil, França e Caribe propõe mostra coletiva protagonizada por fotógrafos da Amazônia na COP-30

‘A Amazônia produz arte contemporânea e tem autonomia intelectual’, diz Karina Jucá, idealizadora da exposição ‘Belém, Paris n’America: Amazônia desconhecida’. Projeto irá ocupar diversos pontos de Belém durante a COP-30, além de circular por São Paulo, Paris e Martinica. Obra do fotógrafo paraense Luiz Braga, artista convidado da mostra coletiva
Luiz Braga/Divulgação
Jean-Michel também é sócio de Karina Jucá na Associação Embaixadinha, voltada à realização de projetos culturais de intercâmbio BR/FR/Caribe. O projeto conta com a produção executiva de Narjara Oliveira e Reator Cultural. fotógrafos do Pará, reunindo obras de artistas como Luiz Braga, Elza Lima e Paula Sampaio, irá ocupar diversos pontos da capital paraense em 2025, durante o maior evento global de debate sobre questões climáticas. Em parceria com curadores e museógrafos de Belém, São Paulo e da França, o projeto, vai percorrer o sudeste do Brasil, Paris e Caribe.
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“A ideia é transgredir a narrativa, mostrar que aqui na Amazônia produzimos arte contemporânea e temos autonomia cultural e intelectual”, diz Karina Jucá, produtora cultural paraense sediada na Europa, à frente da produtora Rouge Brésil, que atua nas relações culturais e entre o Brasil e a França.
Integrante do projeto, o museógrafo francês Adrien Gardère é uma das estrelas da museografia internacional.
Divulgação
O projeto prevê a realização de oficinas e masterclass com curadores que integram a iniciativa: Paulo Miyada, curador-chefe do Instituto Tomie Ohtake (SP), curador adjunto do Centre Pompidou, em Paris, uma das mais renomadas instituições de arte da Europa; o museógrafo francês Adrien Gardère, uma das estrelas da museografia internacional. Atuou no Museu do Louvre e atuou na restauração do Museu de Cluny, da Idade Média na França.
Também estão no time de curadores e museógrafos os paraenses Victor Blanco, arquiteto e pesquisador; e Edne Maués, professor, historiador e curador de artes, integrante do Museu do Marajó, o único museu caboclo do mundo, referência cultural e científica sobre o arquipélago, com cultura milenar e ocupado por uma das civilizações originárias mais antigas da América Latina.
Mangal das Garças será um dos pontos turísticos a receber o projeto ‘Belém Paris n’America’
Elivaldo Pamplona/O Liberal
Em parceria com a Fundação Cultural do Pará, a exposição vai ocupar a Estação das Docas, o Mangal das Garças e o Parque do Utinga, por onde circulam mais de 50 mil pessoas por dia. “O ‘Belém Paris n’America’ é uma exposição de fotógrafos de Belém, que é a principal capital da Amazônia, na minha opinião, é a mais relevante do ponto de vista da produção cultural e intelectual. E o projeto vai desenvolver eventos paralelos. Esse tema é um gancho para falar da arte contemporânea, do que está sendo produzido aqui. Para falar da Belle Époque sob a perspectiva dos amazônidas, e colocar essas obras para circular no mercado internacional”, explica Jucá.
Além de nomes já consagrados da fotografia da Amazônia, o projeto também abrirá edital para novos artistas, a fim de democratizar a seleção e ampliar a diversidade de estéticas propostas na mostra coletiva. “A cena de fotógrafos contemporâneos é muito consistente, com nomes relevantes e de muito potencial no mercado de arte internacional. Cada um dos fotógrafos que faz parte da coletiva tem uma linguagem, e vamos colocá-los em diálogo, mostrando essa diversidade criativa. O projeto procura fazer uma provocação decolonial, mas não no sentido militante tolo, mas que vá na profundeza. Na verdade, o projeto é uma espécie de transgressão. Então, quando você une Belém, Paris e América, todos esses elementos conversam e têm que conversar”, diz Jucá.
Karina Jucá, produtora cultural paraense sediada na Europa, à frente da produtora Rouge Brésil, que atua nas relações culturais e entre o Brasil e a França.
Narjara Oliveira
França tropical
A atual etapa do projeto o desdobra ao estabelecer ponte com a América Central, destacando a estreita relação entre Pará e Caribe. Espécie de “França tropical”, a Martinica é uma região ultramarina francesa, e tem em sua cultura uma mistura distinta de influências da Europa e das Índias Ocidentais.
O laço histórico com a Amazônia é explicitado, sobretudo, na identidade cultural. A “surf music” amazônica, com sua guitarrada e o suingue da lambada, reflete muito a influência da sonoridade caribenha aqui no Norte do Brasil.
Além disso, o Pará é o principal parceiro econômico da Martinica dentre os estados brasileiros: em 2022, o Brasil exportou US$ 11,2 milhões de dólares para a ilha caribenha e os produtos paraenses representaram 33% dessas exportações.
Neste contexto, o “Belém Paris n’America” se consolida como primeiro grande projeto cultural desenvolvido pelo Pará em parceria com o governo da Martinica. Um marco diplomático importante para a relação entre Brasil e Caribe.
“O ‘Belém Paris n’América’ surge como vitrine desse acordo de cooperação, que já está sendo costurado junto ao governo do Pará. A expectativa é de que o projeto seja adotado pelo governo e integre oficialmente a programação da COP 30”, diz Jean-Michel Stephan Salmon, membro da equipe diplomática do presidente da Martinica, Serge Letchimy.
Jean-Michel também é sócio de Karina Jucá na Associação Embaixadinha, voltada à realização de projetos culturais de intercâmbio BR/FR/Caribe. O projeto conta com a produção executiva de Narjara Oliveira e Reator Cultural Socioambiental.
“Nosso propósito é ser uma agência de intercâmbio cultural entre a França e o Brasil. Mas especialmente, destacando a Amazônia, que é de onde eu venho e que é a menos contemplada do ponto de vista da produção contemporânea. E, também por um viés político, quero dar destaque para essa região tão ameaçada e cobiçada”, destaca Karina.

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