10 de janeiro de 2025

Interrupções emergenciais de energia crescem 28% em cinco anos nas regiões de Piracicaba e Campinas

Os dados são das duas concessionárias que atendem a maioria dos municípios da área de cobertura da EPTV, afiliada TV Globo. Interrupções emergenciais de energia crescem 28% em cinco anos nas regiões de Piracicaba e Campinas
Nos últimos cinco anos, aumentou 28% o número de ocorrências emergenciais com interrupções de energia nas regiões de Piracicaba (SP) e Campinas (SP). Os dados são das duas concessionárias que atendem a maioria dos municípios da área de cobertura da EPTV, afiliada TV Globo.
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Na área de concessão da Elektro, que compreende a região de Limeira (SP) e Iracemápolis (SP), em 2019 foram 164.293 ocorrências emergenciais com interrupção de energia. O número saltou para 198.978 em 2023, uma alta de 21%.
Já na área da CPFL Paulista, que inclui Piracicaba, Campinas, Sumaré e outros, foram 197.759 em 2019. O número de interrupções saltou para 265.790, um aumento de 34% m 2023.
Zona rural no escuro
A situação causa prejuízos a moradores, que muitas vezes precisam esperar por horas até que a energia seja restabelecida. É o que acontece na zona rural de Limeira, onde moradores relatam ter esse problema frequentemente.
Moradores da zona rural de Limeira relatam problemas com quedas de energia
Reprodução/EPTV
“Sempre houve falta de energia aqui, mas uma coisa controlada, uma ou duas vezes por ano. Agora nesses últimos dois anos é três a quatro vezes por mês”, conta o tratorista Deoclecio Ferraz de Melo. “Aí queima motor de piscina, máquina de lavar roupa, queima geladeira…”, completou.
O operador de máquinas Reinaldo Nascimento relata que precisa da energia elétrica para ligar equipamentos e molhar as plantas e conseguir trabalhar. “Sem energia eu não consigo fazer nada. Isso aí é um prejuízo porque eu trabalho com vendas, porque eu planto para vender, cada planta que eu perder é dinheiro que sai do meu bolso”, lamentou.
O mesmo acontece com carnes que ele precisa conservar. “Se eu mato um porco ou uma galinha, ponho na geladeira e fica dois dias sem energia… A carne eu posso jogar fora porque não tem mais o que fazer.”
Ele relata que abre reclamações na Elektro, empresa responsável pelo abastecimento de energia em Limeira. Mas muitas vezes o reparo demora ou a empresa não restabelece a energia no prazo indicado no chamado.
Por meio do gerente de distribuição de energia, Fernando Freitas, a Elektro informou que vai procurar entender o que acontece na zona rural de Limeira para que o problema seja resolvido. “A gente vai entender o caso para que isso pare de acontecer e esse público tenha um fornecimento adequado de energia.”
Moradores da zona rural de Limeira relatam problemas por quedas de energia
Reprodução/EPTV
Transtornos a comerciantes
É o caso também do comerciante Gilberto Franco, que tem uma farmácia em Campinas. Ele relata que pelo menos uma vez por mês fica sem energia, muitas vezes por várias horas. Agora a farmácia tem uma geladeira menor e ele comprou baterias extras para os computadores, para reduzir os problemas.
“Acaba a energia constantemente, chovendo ou não chovendo. E não tem hora para acabar”, lamentou. Ele relata que quando isso acontece, precisa fechar a loja mais cedo, o que trás prejuízos financeiros.
A CPFL informou que registrou interrupção de energia no endereço da farmácia de Gilberto, por conta de um problema com poste. A companhia informou que vai encaminhar uma equipe para inspecionar a rede que atende a região e vai adotar ações preventivas para mitigar a possibilidade de ocorrências.
Comerciante instalou baterias externas para lidar com problemas por falta de energia em Campinas
Reprodução/EPTV
O que dizem as empresas
Ainda por meio do gerente de distribuição, a Elektro informou que a alta de casos de quedas de energia em 2023 se deu por problemas climáticos. “Os vendavais, as fortes chuvas, com frequência acabam derrubando árvores ou galhos sobre a rede elétrica.”
Ele afirma que problemas com vegetação representam metade das interrupções. “O segundo ponto é que nós tivemos um aumento do volume de raios, e isso também traz um fenômeno de sobrecarga na rede elétrica”, afirmou Freitas.
O gerente diz que a Elektro trabalha de forma preventiva, com manutenções, e vem investindo em rede elétrica, em automação e novas estruturas que são mais resistentes. “A gente tem buscado mais parcerias com as prefeituras, justamente para gestão da vegetação.”
Moradores sem energia há dias em 2023 organizaram protesto em Limeira
Acervo pessoal
Em nota, a CPFL informou que em cinco anos reduziu o índice de Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC) e também a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), e ressaltou que ambos estão melhores do que a média nacional.
“Importante dizer que o DEC e o FEC são os indicadores oficiais acompanhados pela ANEEL e levam em consideração o número de ocorrências ponderado pelo número de usuários.” No mesmo período, o número de clientes cresceu 11%, segundo a CPFL.
A empresa ressalta que as reduções aconteceram por conta de investimentos na rede elétrica. “No período de 2019 a 2023 dobramos o nosso investimento”, argumenta a concessionária.
“Especificamente no ano de 2023, a maior parte do país foi impactada por condições climáticas mais severas e atípicas, que afetaram indicadores de muitas distribuidoras. Se comparado a 2022, por exemplo, tivemos um aumento de 118% no número de descargas atmosféricas registradas no Estado de São Paulo e, no município de Campinas em específico esse aumento foi de 113%.”
Ressarcimento dos prejuízos
O presidente da Comissão de Direito do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Campinas, Ricardo Chiminazzo, diz que é possível pedir indenização em caso de perdas e danos morais, desde que o consumidor tenha provas.
“Ter em mente e registrado o momento que teve a interrupção, o tempo que durou, se houveram intercorrências, você anotar quando voltou e caiu a energia. É importante ter toda a anotação disso, fotos, vídeos, notas fiscais do equipamento que podem ter sido avariados ou perdidos”, explicou.
A primeira orientação é buscar a concessionária de energia elétrica para tentar o ressarcimento, na sequência o Procon e por último a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Se o problema não for resolvido, a orientação é procurar a Justiça.
No caso de perdas materiais, o contato com a concessionária já costuma resolver, segundo o advogado, mas em alguns casos a situação pode acabar na Justiça.
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