29 de setembro de 2024

Investigada explica venda de veículos extraviados de pátio de apreensões: ‘Não fica com registro de roubo’

Mulher explicou esquema em áudio interceptado pela polícia. Durante operação, três pessoas foram presas; gerente da Sancar Leilões é o principal investigado. Investigada explica esquema de desvio de veículos em pátio de Araguaína
Um áudio interceptado pela Polícia Civil mostra como funcionava o esquema que desviou pelo menos 55 veículos apreendidos do pátio da empresa responsável por armazená-los em Araguaína, no norte do Tocantins. Na mensagem, uma mulher investigada afirma que os veículos extraviados não ficavam com registro de furto ou roubo.
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“É uma quadrilha que tem dentro da Sancar mesmo, dentro do pátio da Sancar, convocada com alguém que vende moto. Roubam a moto lá de dentro da Sancar, do pátio da Sancar, aí passam a moto pra frente. A moto não fica com registro de roubo no sistema, porque eles não dão registro de roubo lá, não [sic]”, explicou.
Uma operação realizada nesta sexta-feira (27) pela Polícia Civil prendeu três pessoas suspeitas de participação no esquema. Foram cumpridas ainda 12 ordens de busca e apreensão e cinco medidas cautelares diversas da prisão. Um dos suspeitos foi preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo.
No áudio que a TV Anhanguera teve acesso, a investigada afirma que a ‘quadrilha’ atuando dentro da empresa estaria facilitando a retirada de veículos do pátio para a venda ilegal (ouça o áudio acima). O principal investigado da operação El Lobo é o gerente comercial da empresa Sancar Leilões.
A mulher que relata o suposto esquema não teve o nome divulgado pela polícia.
Operação cumpriu mandados no pátio de operação
Claudemir Macedo/TV Anhanguera
Em nota, a Sancar Leilões afirmou que é a principal vítima e a maior interessada no desfecho da operação e que acionou a Polícia Civil depois de não encontrar veículos no pátio. (Veja nota na íntegra ao fim da reportagem)
Conforme a explicação da investigada, os suspeitos envolvidos acreditavam que os donos não iriam mais atrás dos veículos apreendidos.
“Eles pensam que o dono não vai mais atrás da moto, ela some do pátio e ela fica sem registro de roubo. É uma malandragem que estão fazendo lá e não é a primeira moto, não. Disseram que já teve outras motos dessa mesma forma, rodando na Araguaína e sumiu do pátio”, completou ainda a mulher.
Multas de trânsito denunciaram esquema
Conforme a Polícia Civil, os verdadeiros donos dos veículos apreendidos e vendidos pelo grupo criminosos só tomavam conhecimento da situação quando recebiam alguma multa de trânsito.
A Sancar era procurada e, como o veículo não estava mais no pátio, era alegado que houve um furto. Segundo a polícia, o gerente investigado fazia boletins de ocorrência falsos para justificar os sumiços. A polícia identificou que ele registrou pelo menos 20 denúncias de furtos dentro do pátio.
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Venda ilegal e propina
A polícia identificou que a organização criminosa vendia esses veículos, em sua maioria para compradores do estado do Pará. Cada motocicleta era revendida em média por R$ 3 mil.
Um dos casos informados pela polícia foi de uma técnica de enfermagem que morreu atropelada por um caminhão. A moto dela foi apreendida pela polícia e levada para o pátio da empresa, mas funcionários teriam vendido o veículo para um morador de São Geraldo (PA).
Motos foram recuperadas pela polícia durante operação
Alta tensão/Divulgação
Além do esquema de venda, também foram encontrados indícios que de pagamento de propina para liberação de veículos apreendidos por irregularidades dentro do Código de Trânsito Brasileiro.
Algumas pessoas procuraram outro alvo da operação, que tinha ligação com o gerente, e pagaram pelo menos R$ 4 mil para que o veículo apreendido fosse liberado. O valor seria referente aos débitos das infrações administrativas, diárias do pátio, guincho e demais despesas. Segundo a polícia, o veículo era entregue ao proprietário de forma irregular, sem dar baixa.
Além dos crimes de peculato, corrupção passiva, os envolvidos também responderão pelo crime de organização criminosa.
Íntegra da nota da Sancar
SANCAR GESTÃO EMPRESARIAL E LOGÍSTICA DE VEÍCULOS LTDA, empresa concessionária dos serviços de guarda e remoção de veículos retidos por medidas administrativas de trânsito no estado do Tocantins, vem a público prestar esclarecimentos sobre a operação “El Lobo”, deflagrada pela Polícia Civil de Araguaína, na forma em que segue:
A empresa Sancar passou a ter conhecimento de que estava sendo vítima da subtração de veículos que estavam sob sua guarda, se deparando com situações onde veículos que deveriam estar retidos no pátio eram abordados novamente pelas autoridades de trânsito, circulando nas ruas sem que tivessem regularizado suas pendências, nem tampouco realizado o procedimento de liberação junto a empresa. Da mesma forma, também nos deparamos com situações de veículos que não foram localizados no interior do pátio ao fazermos o levantamento e balanço interno.
Diante desses fatos a empresa Sancar solicitou o auxilio da Policia Civil, fornecendo informações essenciais para a investigação, com o intuito de que se possa desvendar o modo com que essas subtrações estariam acontecendo, levando ainda em consideração a possibilidade de envolvimento de pessoas do nosso quadro de funcionário ou prestadores de serviço.
As poucas informações que temos até o momento nos traz surpresa pela gravidade do esquema que supostamente foi implantado dentro da empresa, como também nos traz o alivio e a certeza que os desdobramentos desta operação colocarão fim as condutas criminosas que acarretam danos materiais e abala a imagem da empresa Sancar.
Importante frisar que a empresa Sancar é a principal VÍTIMA e a maior interessada no desfecho desta operação, colaborando ativamente com as autoridades competentes, contribuindo para o desenvolvimento da operação que visa combater atos ilícitos que afetam a segurança e o bem-estar da sociedade. Reafirmamos nosso compromisso com a justiça, a legalidade e a transparência, mantendo nossas operações pautadas no cumprimento da lei e na preservação da ordem pública.
Agradecemos às autoridades envolvidas pela rápida resposta e seguimos à disposição para colaborar com as investigações e garantir a segurança de todos.
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