20 de setembro de 2024

Investigado em dois inquéritos por assédio sexual, ex-diretor do Procon de SC diz que denúncias são represálias

Em vídeo, Roberto Salum se manifestou pela primeira vez após ser exonerado do órgão. Roberto Salum
Eduardo Guedes/Agência AL, divulgação/Arquivo
Quatro dias após ser exonerado do Procon de Santa Catarina por denúncias de assédio sexual, o ex-diretor do órgão Roberto Salum se manifestou pela primeira vez nesta quarta-feira (3). Em vídeo, ele disse que as denúncias são uma represália. A Polícia Civil, no entanto, o investiga em dois inquéritos.
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A exoneração ocorreu no sábado (30), após uma mulher registrar em boletim de ocorrência que foi agarrada e beijada sem consentimento durante uma carona até o Centro Administrativo do Estado, que teria sido desviada. Na segunda-feira (1º), uma nova denúncia chegou ao conhecimento da polícia.
Em vídeo, Salum afirmou que “está sendo vítima de represálias depois de ter descoberto um rombo milionário no Procon Estadual”.
Ele disse ter provas de que o também ex-diretor Tiago Silva teria desviado dinheiro do órgão, e que levou a denúncia à Procuradoria Geral do Estado (PGE/SC) e ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
Na publicação, ele afirma que as acusações de assédios moral e sexual teriam surgido somente depois que ele fez as denúncias e que seriam uma farsa para derrubá-lo.
Em nota, Tiago Silva diz que foi surpreendido pelo vídeo e que a acusação contra ele seria uma estratégia para “tentar desviar o foco das graves denúncias das quais Salum é alvo, subestimando a inteligência da sociedade e, sobretudo, dos profissionais de imprensa”.
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A PGE/SC informou que um ofício de três laudas foi protocolado em 8 de março e será despachado ao procurador-geral de Justiça. No documento, segundo o órgão, constam apenas denúncias de suspeita de danos causados ao Fundo de Recuperação de Bens Lesados (FRBL), assunto de responsabilidade do MPSC.
Já o MPSC informou que a denúncia foi protocolada por Salum na 27ª Promotoria em Florianópolis, mas que ele não teria apresentado as provas requisitadas.
Relembre
Roberto Salum foi denunciado à Polícia Civil por uma funcionária terceirizada do Procon estadual.
Em boletim registrado em 14 de março, ela disse que foi beijada sem consentimento pelo então diretor do órgão. Ele teria desviado o caminho enquanto dava carona a ela até o Centro Administrativo do Estado, localizado em Florianópolis.
“Conduziu o carro até uma casa na Palhoça, sob a alegação de buscar uma pasta. Chegando lá, Roberto pediu um beijo e, diante da negativa, agarrou a comunicante e lhe deu um beijo na boca”, diz o relato no documento.
Depois do registro, segundo a Polícia Civil, uma segunda mulher publicou nas redes sociais que foi vítima de uma situação semelhante. A investigação segue em sigilo.
“Tão logo a Polícia Civil tomou conhecimento, nós já instauramos [o inquérito]. Independente de quem quer que seja, a gente vai apurar com todo rigor necessário quando envolve casos de abuso sexual na esfera da administração pública, porque essa é uma bandeira do governo”, relatou a delegada regional da Grande Florianópolis Michele Rebelo à NSC.
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O que diz a defesa de Roberto Salum
Após a divulgação do primeiro caso e do anúncio do afastamento do cargo, a defesa de Salum informou na sexta-feira (29) que concederia uma coletiva à imprensa nesta terça-feira (2), porém após a revelação do segundo caso, cancelou a entrevista e enviou nota, assinada pelo addvogado Gastão da Rosa Fillho.
“Eu e meu cliente tomamos conhecimento das denúncias pela mídia na Sexta-feira da Paixão, em pleno feriado. Na mesma hora, tentamos, sem sucesso, contato com a autoridade policial responsável pela apuração dos fatos. Até a manhã desta segunda-feira ainda não tivemos acesso ao BO de forma oficial, obtivemos apenas uma cópia através da imprensa.
Roberto Salum afirma que tudo começou depois que ele apurou desvios milionários no Procon-SC e foi alertado que sofreria represálias. Ele se coloca à disposição para prestar depoimento assim que tiver conhecimento de todo o conteúdo da acusação”.
O que diz o Governo de SC
Sobre os relatos, o Estado informou que, ao saber da denúncia de “falta de decoro no exercício da função”, determinou o imediato afastamento do então diretor do Procon-SC.
“O Governador do Estado, ao tomar conhecimento de denúncia cujo conteúdo se refere à falta de decoro no exercício da função pelo Diretor Estadual do PROCON-SC, determinou o imediato afastamento do servidor e pediu a apuração célere dos fatos. O Governo do Estado não pactua com atos atentatórios à moral e aos bons costumes”.
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