6 de janeiro de 2025

Irmãos Brazão ofereceram lotes e comando de milícia como pagamento por execução de Marielle, diz PF

Ronnie Lessa diz ter ficado seduzido por ‘magnitude do projeto’ que iria receber como recompensa pelo assassinato da vereadora. Informações constam no inquérito da Polícia Federal. Foto de arquivo: Ronnie Lessa, assassino da vereadora Marielle Franco em 2018
Reprodução/TV Globo
Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, presos suspeitos de serem os mandantes do atentado contra a vereadora Marielle Franco em 2018, ofereceram um loteamento e o comando de grupos paramilitares como forma de pagamento para o assassinato. A informação consta no inquérito da Polícia Federal obtido pelo g1 neste domingo (24).
Em depoimento de colaboração premiada, o executor do crime, Ronnie Lessa, informou aos investigadores federais que foi apresentado ao plano de matar a vereadora no segundo semestre de 2017. Edmilson Macalé foi o intermediário, entre os mandantes e o matador de aluguel, que levou a proposta sobre o atentado.
“Segundo Ronnie Lessa, no segundo semestre de 2017 ele foi procurado por Edmilson Macalé, pessoa que lhe apresentou a proposta idealizada pelos Irmãos Brazão de matar a Vereadora do Município do Rio de Janeiro Marielle Franco”, diz o documento.
“Macalé revelou a Lessa qual seria a contrapartida para a realização da execução: ambos ‘ganhariam’ um loteamento a ser levantado nas imediações da Rua Comandante Luis Souto, Tanque, Rio de Janeiro”.
A região do empreendimento imobiliário fica localizada na Zona Oeste do Rio – reduto de controle dos irmãos Brazão e ocupado por grupos milicianos.
A recompensa pelo assassinato da vereadora Marielle Franco também incluía a chefia de um grupo miliciano que atuava na região dominada pelos mandantes. Ronnie Lessa aceitou a proposta depois de ver a oportunidade de se “desgarrar da imagem de ser um mero sicário”.
“Já no que concerne aos executores e membros da camada rasteira da horda criminosa, a torpeza de suas condutas decorre da promessa de recompensa idealizada pelos Irmãos Brazão e prontamente aceita por Edmilson Macalé e Ronnie Lessa, qual seja: a implementação e o comando de um grupo paramilitar em uma grande extensão de terras vinculada à Família Brazão, nas adjacências da Estrada Comandante Luís Souto, no bairro da Praça Seca”.
LEIA TAMBÉM:
MOTIVAÇÃO: crime estaria ligado à expansão territorial de milícia no Rio
OPERAÇÃO: Domingos Brazão e Chiquinho Brazão presos por mandar matar Marielle
Lessa diz ter ficado seduzido pela oferta
Em reunião entre o matador de aluguel Ronnie Lessa e os mandantes do crime, com o objetivo de definir os detalhes do atentado, o atirador teria ficado seduzido pela magnitude do empreendimento que serviria como pagamento pelo crime.
“Chegando ao local, situado a poucos metros da casa de Domingo Brazão, a dupla chegou a uma parte erma das imediações do hotel e avistou um carro parado, ocasião na qual, mediante o aceno de ambos os irmãos, que lá estavam sozinhos, estacionaram o veículo”, detalha o documento da Polícia Federal.
“Além disso, foram repassados pelos irmãos dados que indicavam a suposta magnitude do projeto que serviria de contraprestação dos serviços a serem prestados pelos mercenários, o que seduziu Ronnie Lessa”.

Mais Notícias