Ronnie Lessa diz ter ficado seduzido por ‘magnitude do projeto’ que iria receber como recompensa pelo assassinato da vereadora. Informações constam no inquérito da Polícia Federal. Foto de arquivo: Ronnie Lessa, assassino da vereadora Marielle Franco em 2018
Reprodução/TV Globo
Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, presos suspeitos de serem os mandantes do atentado contra a vereadora Marielle Franco em 2018, ofereceram um loteamento e o comando de grupos paramilitares como forma de pagamento para o assassinato. A informação consta no inquérito da Polícia Federal obtido pelo g1 neste domingo (24).
Em depoimento de colaboração premiada, o executor do crime, Ronnie Lessa, informou aos investigadores federais que foi apresentado ao plano de matar a vereadora no segundo semestre de 2017. Edmilson Macalé foi o intermediário, entre os mandantes e o matador de aluguel, que levou a proposta sobre o atentado.
“Segundo Ronnie Lessa, no segundo semestre de 2017 ele foi procurado por Edmilson Macalé, pessoa que lhe apresentou a proposta idealizada pelos Irmãos Brazão de matar a Vereadora do Município do Rio de Janeiro Marielle Franco”, diz o documento.
“Macalé revelou a Lessa qual seria a contrapartida para a realização da execução: ambos ‘ganhariam’ um loteamento a ser levantado nas imediações da Rua Comandante Luis Souto, Tanque, Rio de Janeiro”.
A região do empreendimento imobiliário fica localizada na Zona Oeste do Rio – reduto de controle dos irmãos Brazão e ocupado por grupos milicianos.
A recompensa pelo assassinato da vereadora Marielle Franco também incluía a chefia de um grupo miliciano que atuava na região dominada pelos mandantes. Ronnie Lessa aceitou a proposta depois de ver a oportunidade de se “desgarrar da imagem de ser um mero sicário”.
“Já no que concerne aos executores e membros da camada rasteira da horda criminosa, a torpeza de suas condutas decorre da promessa de recompensa idealizada pelos Irmãos Brazão e prontamente aceita por Edmilson Macalé e Ronnie Lessa, qual seja: a implementação e o comando de um grupo paramilitar em uma grande extensão de terras vinculada à Família Brazão, nas adjacências da Estrada Comandante Luís Souto, no bairro da Praça Seca”.
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Lessa diz ter ficado seduzido pela oferta
Em reunião entre o matador de aluguel Ronnie Lessa e os mandantes do crime, com o objetivo de definir os detalhes do atentado, o atirador teria ficado seduzido pela magnitude do empreendimento que serviria como pagamento pelo crime.
“Chegando ao local, situado a poucos metros da casa de Domingo Brazão, a dupla chegou a uma parte erma das imediações do hotel e avistou um carro parado, ocasião na qual, mediante o aceno de ambos os irmãos, que lá estavam sozinhos, estacionaram o veículo”, detalha o documento da Polícia Federal.
“Além disso, foram repassados pelos irmãos dados que indicavam a suposta magnitude do projeto que serviria de contraprestação dos serviços a serem prestados pelos mercenários, o que seduziu Ronnie Lessa”.