Quesito dá vida a um universo cercado de mistérios e magias para, depois, transportar o espectador pelo os mitos e estórias dos povo originários. Lendas amazônicas de Caprichoso e Garantido
Raphão Produções / Divulgação
Figuras que impressionam os pensamentos e alimentam a imaginação. O item de número 17, chamado “Lenda Amazônica”, é uma ficção que retrata e ilustra a cultura e o folclore de um povo no Festival Folclórico de Parintins.
A disputa, que acontece no “Bumbódromo”, na Ilha Tupinambarana, conta com 21 itens oficiais de cada boi-bumbá. O espetáculo inicia nesta sexta-feira (28) e segue até domingo (30).
O quesito é a recriação cênica das lendas extraídas do imaginário caboclo e indígena. Seres fantásticos em estórias encantadas de cobra que vira homem, da tribo inteira só de mulheres, do curumim com os pés virados para trás, do ser híbrido com a boca na barriga, um universo que passa pela criação dramatúrgica cercada de mistérios e magias para, depois, transportar o espectador pelo imaginário amazônico.
São méritos para pontuação: imaginação, envolvimento, porte e encenação, e dos diferenciais e comparativos, como acabamento, encenação, originalidade e desenvolvimento.
No bumbódromo há uma grande atuação, com alegorias que trazem expressões e movimentos que dão vida ao mundo mágico da Amazônia.
Caprichoso apresenta lenda amazônica no Festival de Parintins
Alex Pazuello/Secom
Zandonaide Bastos é membro do Conselho de Artes do Boi Caprichoso e há 28 anos vem ajudando a contar as lendas por meio do item. Hoje ele também é diretor de concentração de logística das estruturas alegóricas e diretor de logística pesada do boi de guindaste.
Bastos conta que para dar vida ao universo do imaginário indígena, é preciso estudo. São histórias traduzidas através de seres fantásticos que, para ele, ganham mais brilho ao se manterem vivas sendo passadas de geração em geração.
“Eu acho que uma coisa muito importante, é a história por trás da história. Como é que isso surgiu, de onde vem? Quem sabe aquela coisa de como é que surge uma lenda que é passada oralmente. Isso que é o legal, esse mistério que envolve as histórias que vão traduzir a lenda amazônica que vai ser representada na apresentação”
Normalmente cerca de 60 pessoas são divididas entre vários personagens que podem vir como humanos, animais, podem ser seres fantásticos, tudo depende da história a ser narrada e contada na apresentação.
Cada proposta é voltada ao tema da noite e, dentro dessa proposta, existe todo um trabalho de figurino, de efeito e de iluminação. Os movimentos são feitos por uma grande equipe dentro das alegorias que dão vida aos bonecos.
Garantido apresenta lenda amazônica no Festival de Parintins
Lucas Silva/Secom
Hellen Picanço integra a Comissão de Artes do Boi Garantido e diz que o tempo de pesquisa ajuda na construção das personagens, e não é só o aspecto físico que é estudado.
“Dependendo da lenda, tem que ter o perfil físico também e a gente trabalha as características psicológicas que vão aparecer naqueles personagens dentro da arena para representação estar realmente muito fiel. Nós começamos a trabalhar desde o ano passado. Lançou o tema, o trabalho já começa porque aí começa a se pensar as noites, cada lenda para uma noite, a sequência, porque são narrativas que dentro do projeto maior das três noites tem que ter coerência”, explica.
Festival Folclórico de Parintins
Localizado a 369 quilômetros de Manaus, o município de Parintins é palco das apresentações dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, que protagonizam o maior festival folclórico do mundo. Nos três dias de festa, os bois-bumbás entram na arena, chamada de Bumbódromo, para disputar o título de campeão do festival. A cada noite, eles têm 2h30 para se apresentar.
Na cidade tudo é azul e vermelho – as cores dos bois. O azul do boi Caprichoso e o vermelho do boi Garantido também dividem a cidade na localização geográfica, onde a catedral de Nossa Senhora do Carmo é o ponto de partida.
Em 2023, cerca de 110 mil turistas estiveram presentes na Ilha de Tupinambarana, durante o Festival de Parintins. O Governo do Amazonas estima que 120 mil turistas visitem a ilha, em 2024, para o 57º Festival de Parintins.