26 de fevereiro de 2025

Jeff Bezos muda linha editorial e editor de opinião do Washington Post deixa o cargo


Foco agora será apoiar e defender temas ligados às liberdades pessoais e a mercados livres, anunciou o bilionário e dono do jornal em memorando enviado aos funcionários. Bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono do jornal The Washington Post.
Paul Ellis/Pool Photo via AP
O chefe da página editorial do “The Washington Post”, David Shipley, vai deixar o cargo. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (26) pelo bilionário Jeff Bezos, dono do jornal norte-americano, vem após mudanças na seção de opinião da publicação.
O foco agora será apoiar e defender temas ligados às liberdades pessoais e a mercados livres, escreveu Bezos em um memorando enviado aos funcionários.
A seção também irá cobrir outros tópicos, mas não irá publicar pontos de vista que se oponham a esses dois pilares, acrescentou o bilionário.
Shipley recusou a oferta de Bezos para permanecer no cargo, em uma mudança que reflete a redução do escopo da seção de opinião do The Washington Post — antes, a publicação refletia uma ampla gama de visões.
“Ofereci a David Shipley, a quem admiro muito, a oportunidade de liderar este novo capítulo. Sugeri a ele que, se a resposta não fosse ‘com certeza’, então tinha que ser ‘não’. Após uma consideração cuidadosa, David decidiu se afastar”, escreveu Bezos no X (antigo Twitter).
O novo direcionamento também acompanha a decisão do jornal, em outubro, de interromper sua prática de décadas de endossar candidatos presidenciais.
Na corrida eleitoral disputada por Donald Trump e Kamala Harris, o jornal manifestou que não iria apoiar nenhum dos políticos. Um ex-editor-executivo do Post chegou citar “covardia” editorial.
No documento aos funcionários, Bezos descreveu a mudança tanto em termos ideológicos quanto práticos, afirmando que esses pontos de vista são pouco representados no mercado.
“Eu sou dos Estados Unidos e para os Estados Unidos, e tenho orgulho disso”, escreveu Bezos. “Nosso país não chegou até aqui sendo típico. E uma grande parte do sucesso da América tem sido a liberdade no âmbito econômico e em todos os outros aspectos.”
As mudanças foram defendidas pelo CEO e editor-chefe William Lewis, que se juntou ao jornal no início de 2024, após trabalhar em meios de comunicação controlados pelo magnata da mídia Rupert Murdoch.
“Isso não se trata de apoiar qualquer partido político. Trata-se de ser totalmente claro sobre o que defendemos como jornal”, escreveu Lewis em um memorando para os funcionários.
Aceno a Trump e perda de assinantes
Bezos está entre os vários executivos de tecnologia que têm feito gestos para o presidente dos EUA, Donald Trump, nos últimos meses. O crescente estreitamento entre os bilionários, no entanto, tem irritado alguns assinantes do jornal.
O Washington Post perdeu mais de 200 mil assinaturas digitais após a decisão de não endossar um candidato presidencial. Essa postura também levou três membros do conselho editorial do jornal a renunciar em protesto, de acordo com um relatório do próprio jornal.
“O enorme avanço de Jeff Bezos na seção de opinião do The Washington Post hoje deixa claro que opiniões dissidentes não serão publicadas nem toleradas lá”, disse o repórter de economia do jornal na Casa Branca, Jeff Stein, em uma postagem no X.
A seção de opinião do Post é separada de sua divisão de coleta de notícias, que se concentra em reportagens baseadas em fatos.
* Com informações da Reuters

Mais Notícias