21 de outubro de 2024

Jovem que morreu atropelado por motorista que avançou sinal vermelho perdeu o pai dois meses antes; avó diz que lutará por Justiça

Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu após ser atropelado em Santos (SP). Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu dois meses depois do pai (à direita)
Arquivo Pessoal
Caetano Ribeiro Aurungo, o motociclista de 21 anos que morreu após ser atropelado por um carro que avançou o sinal vermelho em Santos, no litoral de São Paulo, perdeu o pai dois meses antes do acidente. Ao g1, a avó da vítima, Vanda Freire Aurungo, contou que o jovem estava abalado com a morte e havia trancado a faculdade. Ela garantiu que irá lutar por Justiça para o neto, pois quer que o motorista que o atropelou responda pelos atos.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
Caetano foi atropelado na madrugada de sábado (19) no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré. O motorista do carro, de 19 anos, não se feriu, mas apresentava indicativos para o consumo de álcool. Ele foi preso em flagrante por homicídio culposo na direção de veículo automotor, agravado pela influência de substâncias psicoativas.
Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu em acidente no bairro Embaré, em Santos (SP)
Redes sociais e Ariane Andrade
Morte do pai
O motociclista deixou dois irmãos caçulas, sendo uma menina de 14 anos e um menino de 11. O trio morava com os avós paternos no bairro Aparecida. Vanda contou ao g1 que possuía a guarda dos três netos, apesar de todos terem contato com os pais biológicos.
O pai de Caetano morreu no dia 14 de agosto após adoecer. No entanto, semanas antes de ficar doente, o pai do jovem havia voltado a morar na casa da mãe e, consequentemente, ter mais convívio com Caetano.
“Eles conversaram, desabafaram um com o outro e o Caetano estava até feliz com essa situação. Ele comentou isso comigo essa semana que passou, falou que estava contente de ter essa aproximação com o pai, aí aconteceu isso do pai adoecer e falecer […]. Ele ficou muito mal, acho que esperava uma aproximação, que aconteceu, mas não teve continuidade”, afirmou Vanda.
Vanda é auxiliar de secretaria na Universidade Santa Cecília, onde Caetano cursava Engenharia da Computação. Ela disse que o neto sonhava em ter uma profissão e ser independente, mas acabou trancando a faculdade semanas antes de morrer.
Vanda perdeu o filho e o neto em um intervalo de dois meses
Arquivo Pessoal
“No segundo semestre, ele fez muitas matrículas, mas aí o pai dele faleceu e ele ficou pior ainda. […] Nessa semana que passou, acabou trancando a faculdade, porque ele viu que não estava em condições de continuar”, disse a avó.
Ela descreve o neto como um jovem caseiro, tranquilo e que tinha como principal hobby jogar no computador com os amigos. “Um menino bom, tranquilo mesmo, ele era uma pessoa incrível, calado, fechado, mas uma pessoa incrível”, relembrou. Segundo Vanda, o sonho dele era se sustentar e ser independente.
Caetano Ribeiro Aurungo morava com os irmãos caçulas e os avós paternos em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
Antes do acidente
Segundo a avó, Caetano foi atropelado enquanto estava a caminho da casa de um amigo. Momentos antes, ele estava na própria residência jogando com os colegas pelo computar. Vanda disse que chegou a chamar atenção do neto, pois ele avisou que sairia por volta de 2h de sábado.
“Falei: ‘Caetano, você está de brincadeira, essa hora’. Mas eles [amigos] faziam isso sempre. […]. Ele tomou banho, pegou a moto e saiu. Isso devia ser umas 3h e pouquinho. Com certeza, ele estava indo para a casa do amigo, porque todos eles estavam reunidos lá”, disse.
Vanda disse que o grupo de amigos era a mesma turma da infância, que não costumava frequentar baladas, mas confraternizar nas próprias casas. “Eles se ajudavam, conversavam. Quando um estava mal, os outros iam para casa daquele um. E eles tinham uma troca muito bonita, tanto que no velório, os amigos dele chegaram todos chorando”, relembrou a auxiliar de secretaria.
Vanda Freire Aurungo tinha a guarda do neto Caetano Ribeiro Aurungo e diz que irá lutar por justiça
Arquivo Pessoal
Justiça
Vanda garantiu que irá lutar por Justiça para o neto, pois quer que o motorista que o atropelou responda pelos atos de imprudência no trânsito. “Ele não parece estar muito preocupado com o próximo”, afirmou.
De acordo com ela, a investigação não trará o neto de volta, mas contribuirá para que o caso não fique impune. “É toda hora acontecendo isso, alguém morrendo por imprudência de outra pessoa, enquanto deixarem para lá, não vai ter jeito. Eu pretendo sim acompanhar isso bem de perto para ver o que vai acontecer, porque o meu neto era um menino bom, tranquilo, ele andava direitinho, não fazia as coisas erradas, então acho que ele merece isso”.
Para ela, o motorista deve permanecer preso, pois tirou uma vida. “Há dois meses, o pai dele, que é meu filho, faleceu. E agora, dois meses depois, eu perdi o meu neto. Meu filho ficou doente. Mas meu neto mataram”.
Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu em acidente de trânsito em Santos (SP)
Arquivo Pessoal
Acidente
Segundo a Polícia Militar (PM), a corporação foi acionada para atender uma colisão entre uma moto e um carro por volta das 3h40 de sábado (19) no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré.
Ao chegar no local, os agentes encontraram o motociclista no chão, já sendo atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A morte foi constatada no local.
Caso aconteceu no cruzamento entre as ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré, em Santos
Ariane Andrade
A Secretaria de Segurança Pública informou que os policiais apuraram que o condutor do carro atingiu o motociclista após avançar o sinal vermelho. O local foi isolado pelos policiais até a retirada do corpo e a ocorrência foi apresentada na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos.
O motorista do carro foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) de Santos para coleta de sangue, que resultou negativo para embriaguez, mas apontou indicativos para consumo de álcool. O jovem foi indiciado por homicídio culposo — quando não há intenção de matar— e preso em flagrante.
A autoridade policial requisitou exames ao corpo da vítima e os trabalhos de perícia foram realizados no local do acidente. A liberação do trecho, segundo a Prefeitura de Santos, aconteceu por volta das 10h de sábado.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

Mais Notícias