Três funcionárias morreram e outras 12 pessoas ficaram feridas. g1 tenta contato com o supermercado. Trabalho de buscas e retirada de escombros continua no supermercado em Pontal do Paraná
RPC
Camille Vitória de Souza Dias, jovem de 18 anos que morreu após a laje de um supermercado da Super Rede desabar, reclamou de choques e de vazamentos no local antes do acidente, segundo a avó dela Marta de Souza.
“Camille já tinha reclamado de choque em padaria, que tinha vazamento e que ficava toda hora escorregando. Se tinha alguma coisa já não estava certo”, afirmou a avó.
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A queda da laje aconteceu na noite de sexta-feira (22), em Pontal do Paraná, no litoral do estado. Além de Camille, outras duas funcionárias da empresa morreram e mais 12 pessoas ficaram feridas.
A inauguração do supermercado ocorreu na quinta-feira (21). A abertura ao público foi na manhã de sexta (22), mesmo dia do acidente.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a área que desabou atingiu principalmente a área de panificação do supermercado, restrita para funcionários. Juntas, as seis caixas d’água que desabaram junto com a laje tinham capacidade para 75 mil litros de água.
O g1 tenta contato com o supermercado.
Rayssa, Camille e Priscila (da esquerda para a direita) são as vítimas mortas após laje de supermercado em Pontal do Paraná desabar
Prefeitura de Pontal do Paraná
Emocionada, Marta de Souza lamentou a perda da neta.
“Hoje acordei 5 horas da manhã e sabia que não ia mais ouvir ‘vó, onde você vai’, ‘vó, você vai trabalhar?’, ‘vó, você vai ficar em casa?’, ‘vó, estou passando aí’. Sabia que não vou ouvir mais isso”, lamuriou.
Marta de Souza lamentou a perda da neta Camille Vitória de Souza Dias
RPC
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Investigação
Vítimas e testemunhas de desabamento são ouvidas
Um inquérito foi aberto para apurar o caso. Segundo o delegado Jader Roberto Ferreira Filho, a polícia investiga se o local tinha, ou não, alvará de funcionamento.
Na segunda-feira (25) a polícia começou a ouvir testemunhas e familiares das vítimas.
Até esta terça-feira (26), dez pessoas foram ouvidas, entre elas o dono da empresa que forneceu as estruturas pré-moldadas da laje. O delegado deve ouvir ainda os representantes do supermercado.
A polícia informou que oficiou o prefeitura, solicitando o alvará de funcionamento, obras e serviço, e de localização do mercado. Além disso, pediu acesso a todos os documentos relacionados à obra.
A corporação afirmou ainda que o local não passou por vistoria do Corpo de Bombeiros antes de iniciar o funcionamento.
“O inquérito foi instaurado por três homicídios culposos e doze de lesões corporais culposas […] As omissões decorrentes de quem executou, quem permitiu, de quem determinou que fossem suspensas essas seis caixas d’águas aí e houve essa tragédia, com certeza será punido com os rigores da lei”, afirmou o delegado.
Documentos faltantes
Por meio de nota, a Prefeitura de Pontal do Paraná afirmou que a empresa protocolou um pedido de alvará no início de novembro de 2023.
Depois de tramitações internas e por ter sido divulgada a abertura do empreendimento para a sexta-feira (22), a fiscalização foi até o local e deu um prazo de dez dias para que a empresa providenciasse documentos que faltavam.
Equipes trabalham na retirada dos escombros no supermercado, em Pontal do Paraná
Vanessa Rumor/RPC
Segundo a prefeitura, as exigências feitas pelo município não envolviam questões estruturais, mas sim “documentais e técnicas, relacionadas à localização, zoneamento, número de vagas de estacionamento, área de destinação de resíduos, ou seja, parâmetros urbanísticos”.
A prefeitura destacou ainda que, pela lei, o empreendimento é considerado como de médio risco, o que permite a concessão de prazos para providenciar a documentação.
“Somente em caso de não atendimento, é que o município poderia autuar a empresa, ressaltando que é de responsabilidade do contribuinte apresentar a documentação exigida”, afirma a nota.
O que diz a Super Rede
Em nota, a Super Rede lamentou o caso, prestou solidariedade às famílias das vítimas e afirmou que está empenhada “em prestar todo o auxílio necessário às famílias das vítimas e aos feridos”.
A rede disse, também, que acionou a empresa e o engenheiro responsável pela construção.
Além disso, afirmou que foram “contratados peritos para realizar a análise das lajes juntamente com a perícia científica e averiguar o que motivou o acidente”.
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