1 de fevereiro de 2025

Jovem que morreu prensado em maquinário sonhava comprar casa e ver filho crescer: ‘Olho foto e dá vontade de chorar’, diz esposa


Nailson Aparecido Pereira Silva, de 23 anos, morreu durante limpeza de equipamento em empresa de Rio Claro (SP). Caso é investigado pela Polícia Civil como homicídio culposo. Nailson Aparecido Pereira Silva com a esposa e o filho em Rio Claro (SP)
Arquivo pessoal
O jovem de 23 anos que morreu prensando durante a limpeza de um maquinário, em Rio Claro (SP), vivia uma fase feliz no trabalho e em casa com a família. Um dos sonhos de Nailson Aparecido Pereira Silva era economizar para comprar uma casa ao mesmo tempo em que via o filho de 4 meses crescer.
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O acidente é investigado pela Polícia Civil como homicídio culposo (sem intenção de matar).
“No momento o que ele mais queria era ver o neném andar e escutar ele falando ‘papai’. Tinha muito amor e era muito apegado ao filho. Estou muito mal. Olho foto, vídeos e dá vontade de chorar”, disse a esposa da vítima, Letícia Silva.
Em entrevista ao g1 nesta quinta-feira (30), a jovem de 21 anos falou sobre lembranças, saudade e o desafio de tentar tocar a vida sem o companheiro com quem se relacionava há dois anos no distrito de Ajapi, em Rio Claro.
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Nailson Aparecido Pereira Silva com o filho de 4 meses em Rio Claro (SP)
Arquivo pessoal
O corpo do rapaz foi em enterrado em Itirapina (SP) no domingo (26), data em que os jovens completariam nove meses de casados.
Nailson morreu na manhã de sábado (25) em um acidente de trabalho na empresa De Heus Brasil Nutrição Animal, no distrito industrial. Ele atuava na linha de produção desde agosto de 2024.
Ao g1, a empresa informou que está prestando todo o suporte à família . (Confira a nota abaixo na íntegra)
O acidente
Funcionário da empresa De Heus Brasil Nutrição Animal morre em acidente de trabalho em Rio Claro (SP)
De Heus Brasil Nutrição Animal
Segundo Letícia, o marido trabalhava de segunda a sexta-feira. No sábado, ele decidiu ir fazer um extra para receber um pouco no pagamento.
O boletim de ocorrência diz que Nailson e outro funcionário realizavam a limpeza interna de um maquinário, auxiliados pelo responsável de manutenção. O procedimento deve ser feito com a energia elétrica da máquina desligada, pois desta forma as comportas ficariam abertas.
De acordo com o B.O, o responsável por operar o maquinário disse ter realizado uma ação de segurança no painel de controle. O equipamento foi religado, fechando as comportas, e pressionando o corpo de Nailson, que não resistiu aos ferimentos.
“Ele era trabalhador, não tinha preguiça. Mas se ele não tivesse ido, isso não teria acontecido e ele estaria aqui”, disse a viúva.
Jovem morre prensado por máquina durante o trabalho em Rio Claro
Ao mesmo tempo em que vive o luto Letícia tenta entender o que realmente aconteceu na empresa.
“Se ele [o operador] sabia que a máquina estava passando energia, o porquê que ele desligou, se ele sabia que o meu marido estava lá dentro fazendo a limpeza por que ele desligou. Porque se ele foi treinado para isso, para ser operador, ele sabia o que ia acontecer”, disse a jovem.
O delegado Eusmar Danilo Bortolozi Broetto, do 2º Distrito Policial (DP), disse ao g1 que vai aguardar os laudos do Instituto de Criminalística (IC) e Instituto Médico Legal (IML), além de ouvir funcionários e pedir imagens de câmeras de monitoramento do local.
Em nota enviada ao g1, a empresa informou que as causas do acidente estão sendo investigadas pela equipe interna de segurança e meio ambiente, juntamente com os órgãos competentes locais.
A empresa esclarece ainda que todos os protocolos de segurança – incluindo treinamentos de equipe, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e manutenção dos maquinários – são realizados de forma contínua, com o devido supervisionamento e preceitos de segurança do trabalho.
Incertezas
Nailson Aparecido Pereira Silva e Letícia Silva estavam juntos há dois anos em Rio Claro
Arquivo pessoal
Leticia contou que está amparada pelas famílias, mas ainda não sabe como será daqui para frente. Ela, Nailson e o filho moravam de aluguel e somente o marido trabalhava.
Segundo ela, a empresa pagou os custos com serviço funerário, mas a família tem outras dívidas de móveis, já que a casa foi montada há pouco tempo. “Quero ter as minhas coisas. “Ficou a sementinha e agora é só eu e o neném, que depende de mim”, disse.
Em relação ao marido, Letícia contou que os dois anos de relação fora marcantes. Para ela, Nailson sempre foi um amigo, um bom companheiro e excelente pai.
Evangélico, ele não bebia, não fumava e não gostava de sair sozinho. A esposa e o filho sempre o acompanhavam.
“Era uma boa pessoa, ajudava quem podia. Ele não gostava de nada errado, tinha quer ser tudo certinho. Nunca gostou de mentiras, isso sempre me chamou a atenção. Era muito alegre”, contou.
Posicionamento da empresa
A empresa De Heus Brasil se posicionou sobre o caso com o comunidado abaixo:
“Desde o triste fato ocorrido, a De Heus Brasil, por meio de seus porta-vozes, vem mantendo constante contato com a viúva de Nailson Aparecido Pereira Silva, a fim de prestar todo o suporte necessário, garantindo que a viúva e o filho de Nailson tenham o maior apoio possível, especialmente neste momento tão difícil”.
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