26 de dezembro de 2024

Jovens apostam no ‘Pix da confiança’ para bombar vendas de doces nas ruas e realizar sonhos; veja VÍDEO

Na base da confiança, jovens vendem paçocas e pipocas gourmets com objetivos diversos, como tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e até pagar a faculdade. Gabriel, 20, Marcos Vinícius, 19, e Larissia Sousa, 29, usam o método ‘pix da confiança’ para vender doces nas ruas e semáforos.
Arquivo pessoal
Se tem uma coisa que todo vendedor faz é conferir se recebeu do cliente o valor pelo produto vendido ainda durante a comercialização. É a garantia de que não ficar no prejuízo. No entanto, três jovens estão conquistando clientes em semáforos e ruas de Vitória de forma diferente, com o “Pix da confiança”, que é quando os produtos – como pipocas gourmets e paçocas – são entregues aos motoristas e o pagamento pode ser realizado horas e até dias depois pelos clientes.
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As vendas nessa base da confiança têm objetivos dos mais diversos. Mas todos eles estão em busca de realizar sonhos, seja pagar a faculdade ou para conseguir tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
“Deixamos as paçocas na mão do cliente para ele pagar quando estiver mais tranquilo, fora do trânsito, dentro de sua própria casa. Tomamos calote também, porém, a maioria das pessoas paga e paga até a mais do que cobramos. Acredito que existem mais pessoas honestas”, disse o jovem Gabriel Fernandes dos Santos Ferreira, 20 anos.
Gabriel (de camisa roxa) e Marcos Vinícius.
Arquivo pessoal
Gabriel está nesta empreitada desde janeiro de 2024 ao lado de Marcos Vinícius da Silva Teixeira, de 19 anos. Os dois têm como objetivo principal conquistar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Todos os dias, eles vão para os semáforos da Avenida Reta da Penha, uma das mais movimentadas de Vitória, e também na Dante Michelline, para vender os doces na base da confiança das pessoas desconhecidas que encontram no trânsito, entre um semáforo fechado e outro.
“O Pix da confiança é colocar o nosso propósito acima das vendas, dos lucros”, disse o Marcos.
Antes de entregar as paçocas, os meninos ainda explicam aos clientes o propósito que eles têm. Depois, entregam os doces e os clientes é que decidem a hora e até o valor que vão pagar.
Jovens apostam no ‘Pix da confiança’ para bombar vendas de doces nas ruas e realizar sonho
“A gente chega com educação.. Muitas pessoas não gostam de falar, acham que estamos só pedindo… Neste trabalho, a gente não pode ligar para julgamentos. Depois de explicar o nosso projeto, a pessoa leva para casa somente se quiser”, acrescentou Marcos.
O Pix da confiança dos meninos começou no início de 2024. Segundo Marcos, a meta diária é vender 40 pacotinhos de paçoca a R$ 10 cada um para que o lucro diário seja de cerca de R$ 250. A estimativa é que eles consigam o recurso para as duas CNH em três ou quatro meses.
“Eu, particularmente, toda noite sempre faço um check-up. Sempre olho, vejo se tá tudo certinho, quanto que entrou. Tem muitas pessoas que não pagam nem no mesmo dia, e aí só no dia seguinte ou depois. No entanto, a maioria abraçou o projeto”, disse Marcos.
Pipoca gourmet em um dos pontos mais movimentados de Vitória
Larissia Sousa Nobre, 29 anos, vende pipoca gourmet no acesso à Terceira Ponte, em Vitória, Espírito Santo
Arquivo pessoal
Todos os dias, o motorista que for encarar a hora do rush em Vitória, e pegar o trânsito que se forma no acesso à Terceira Ponte, pode procurar a estudante de Jornalismo Larissia Sousa Nobre, de 29 anos. Junto com a irmã, ela vende pipoca gourmet em um dos pontos mais movimentados da cidade.
Em 2018, quando Larissia começou as vendas no acesso à Terceira Ponte, o local era diferente do que é hoje. O pedágio era cobrado nos dois sentidos da ponte (atualmente não é cobrado em nenhum sentido), os carros demoravam mais e ficavam mais tempo parados, o que permitia o pagamento em dinheiro com facilidade.
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A empreendedora começou a aceitar Pix assim que a possibilidade de pagamento foi criada. Começou utilizando um QR code pendurado no pescoço para que os motoristas fizessem o pagamento. Mas, com a diminuição do engarrafamento, passou a colocar o telefone e, agora, também exibe um QR code na própria embalagem dos produtos.
Após tanto tempo no local, Larissia entende como o trânsito funciona, e a clientela também. Por causa disso, sua irmã Letícia, companheira de vendas nas ruas, já entrega a pipoca avisando que o pagamento pode ser feito depois.
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“A gente explica, fala que tudo bem, que não precisa desesperar, que pode pagar com mais calma quando parar. As pessoas ficam assustadas, falam que a gente é corajosa, e levam a pipoca mesmo assim”, contou a estudante que também usa as redes sociais para vender o produto.
O dinheiro das vendas é usado para ajudar no pagamento da faculdade.
“Eu acredito que maior do que a perda financeira que eu possa ter é o problema de caráter da pessoa que não paga. Quem perde é ela se fizer isso”, falou a Larissia.
Três tipos de pipocas são vendidas pelas irmãs – sabor bacon, leite em pó e leite em pó com creme de avelã. Dependendo do dia da semana, elas levam de 30 a 50 pacotes para serem vendidos, sempre a partir das 17h, que é quando o trânsito se intensifica, até por volta das 19h30.
Jovem vende pipocas gourmet nas ruas para realizar sonhos
Hoje, Pix é a forma de pagamento mais utilizada pelos clientes, e o saldo do “Pix da confiança” é muito positivo.
“Todo dia eu chego em casa e faço a contabilidade. No pior dia de todos que eu já tive, cinco pacotes ficaram sem pagamento. Normalmente, são dois, três. Mas, na manhã seguinte, parte deles ou todos os três já foram transferidos”.
“Às vezes, eu até recebo mensagem do cliente pedindo desculpa, falando que chegou em casa e esqueceu! Ou então no outro dia a pessoa me vê de novo e lembra, e faz o pagamento de duas unidades. E tá tudo bem!”, explica a empreendedora.
Larissia avalia que, com certeza, vende mais por causa do Pix e por causa da confiança. “Talvez teria gente que desistiria se o aplicativo não abrisse na hora e iria embora. Com a possibilidade de pagar depois, fica tudo bem!”.
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