19 de setembro de 2024

Julieta Hernández: Justiça do AM suspende primeira audiência do caso

A audiência ocorreu no Fórum de Justiça Desembargadora Nayde Vasconcelos, em Presidente Figueiredo, cidade onde a vítima foi encontrada morta em 2023. Julieta Hernández: Justiça do AM suspende primeira audiência do caso.
Reprodução/redes sociais
A Justiça do Amazonas suspendeu, nesta sexta-feira (30), a audiência de instrução do caso Julieta Hernández, artista venezuelana que foi morta durante sua passagem pelo interior do estado, no fim do ano passado. A decisão foi tomada após a requisição de um documento citado durante a sessão. A audiência aconteceu no Fórum de Justiça Desembargadora Nayde Vasconcelos, em Presidente Figueiredo.
Julieta desapareceu no dia 23 de dezembro no interior do estado, e o corpo dela, juntamente com partes da bicicleta que usava, foi encontrado no início de janeiro deste ano nas proximidades de um refúgio onde ela estava hospedada. Ela morava no Brasil há 8 anos e fazia parte do grupo “Pé Vermêi”, composto por artistas e cicloviajantes que percorrem o país.
As investigações revelaram que a artista foi estuprada, assassinada e teve seu corpo queimado pelo casal Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos, que confessou o crime. Eles foram acusados de estupro, latrocínio e ocultação de cadáver.
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A partir de agora, há um prazo de 15 dias para a entrega do documento e depois disso, uma nova data será marcada para que as oitivas serão retomadas.
No fórum, militantes do movimento feminista se reuniram antes da audiência começar. Também estavam presentes representantes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM); a secretária Nacional de Enfrentamento à Volência Contra a Mulher do Ministério das Mulheres, Denise Motta Dau; Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam); Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM) e a União Brasileira de Mulheres (UBM). A sessão aconteceu de portas fechadas.
De acordo com o advogado que representa a família de Julieta, Carlos Nicodemos, o sentimento neste momento é de frustração.
“Existe a expectativa de uma resposta do Estado brasileiro sobre o crime. A família, obviamente, fica frustrada com o resultado. Devemos lembrar que estamos falando de um crime bárbaro, com contornos de feminicídio e xenofobia, então isso pesa demais para a família, para a pauta e na agenda dos direitos das mulheres no Brasil”, observou.
O advogado também destacou a importância da entrega do documento para a continuidade das oitivas. “É um documento importante para que todas as partes envolvidas no processo tenham acesso a ele e, a partir daí, todas as testemunhas sejam ouvidas. Vamos aguardar o prazo de 15 dias”, disse.
A sessão aconteceu em meio à luta da família para que o crime seja reclassificado de latrocínio para feminicídio. Após uma intensa mobilização nacional para a mudança na tipificação do crime, o promotor responsável pelo caso recusou o pedido da família.

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