Número de denúncias no primeiro semestre de 2024 aumentou em 13,8% na comparação com o mesmo período em 2023. Campanha temática do mês de junho conta com uma série de palestras e ações para conscientizar sobre os direitos da população acima dos 60 anos. Equipes do município fazem acompanhamento e reintegram idosos às famílias, ou encaminham para abrigos
Arquivo/Sasdh
A cidade de Rio Branco registrou um aumento de 13,8% no número de denúncias de violência contra idosos nos primeiros seis meses de 2024 na comparação com o mesmo período no ano passado. De acordo com a diretoria municipal de Direitos Humanos, vinculada à Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (Sasdh), já foram feitas 74 mil denúncias em 2024, enquanto o mesmo período em 2023 finalizou em 65 mil notificações.
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De acordo com a diretora do setor na prefeitura da capital acreana, Rila Freze, o município tem em média três denúncias de violência contra idosos por dia, mas considera que haja subnotificação. Entre as violações denunciadas estão abandono familiar, violência patrimonial, psicológica, física e institucional.
“A diretoria de Direitos humanos do município recebe em média 3 denúncias por dia de violação de direitos humanos da pessoa idosa, mas sabemos que os números são bem maiores”, ressalta.
Reintegração familiar pode levar anos e acompanhamento é feito por equipes da diretoria de Direitos Humanos
Arquivo/Sasdh
Conforme Rila, após uma denúncia chegar ao órgão, é feita uma visita com equipe técnica multidisciplinar para averiguar as necessidades da possível vítima idosa, e o caso é encaminhado à Rede de Atendimento e Proteção à Pessoa Idosa. A diretoria também comunica os casos à Justiça para responsabilização da família ou qualquer eventual responsável pela violência.
“Solicitamos da Assistência Social, por meio dos CRAS e CREAS, o acompanhamento e busca ativa pela família. Solicitamos o acompanhamento da Saúde e intervenções, articulamos com toda a Rede de Atendimento e Proteção à Pessoa Idosa para estudos de caso e acompanhamento para a resolução da problemática”, explica a diretora.
O acompanhamento varia de acordo com o caso, com a possibilidade de reintegração familiar ou encaminhamento a abrigos, como o Lar Vicentino. Em um dos casos, o processo de reintegração à família levou cerca de três anos, lembra a diretora.
Maior parte das denúncias se refere a violência física
Reprodução
Dados do Núcleo de Vigilância em Violências e Acidentes, integrado à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), de 2012 a 2023, a violência física formou a maior parte das denúncias de violações de direitos da pessoa idosa. Do total, 55,7% das denúncias foram de agressões físicas contra pessoas com 60 anos ou mais. O levantamento revela ainda que pouco mais de 29% das violências foram cometidas por desconhecidos, 15,9% pela própria pessoa, e 15,2% por filhos.
Levantamento mostra perfil de prováveis autores de agressões contra pessoas idosas no Acre
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Junho Violeta
Equipe multidisciplinar verifica necessidades e possíveis respostas a cada caso
Arquivo/Sasdh
Durante este mês, a campanha Junho Violeta busca dar visibilidade ao enfrentamento à violência contra pessoas idosas. O objetivo da campanha é conscientizar e alertar sobre as diversas formas de violência e importância de denunciar.
Em Rio Branco, a Sasdh e a diretoria de Direitos Humanos aposta em atividades ao longo de todo o ano além dos meses temáticos. São atividades de convivência para incentivar interação social, além de conscientização sobre os direitos desse público.
Dentro da programação do Junho Violeta, a programação iniciou com uma série de palestras sobre segurança na terceira idade em escolas da capital acreana entre os dias 10 e 14 de junho, com parceria da Polícia Militar. A campanha segue até o dia 28, com campanha de conscientização em espaços públicos como centros de convivência, mercados públicos, unidades de saúde e áreas comerciais.
“Em todas as Regionais, a Prefeitura de Rio Branco, por meio dos CRAS, desenvolvem grupos de convivência para manter as pessoas idosas em atividades, e isso melhora a saúde física e mental, como também os deixa cientes dos seus direitos. Também são inseridos nos programas sociais”, acrescenta Rila Freze.
Campanha Junho Violeta começou em Rio Branco com palestras em escolas
Arquivo/Sasdh
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