Em 2023, Cosme Alves, um dos executores, foi condenado a mais de 67 anos de prisão. A ativista maranhense atingida por barragem e liderança rural da região, Dilma denunciava a extração ilegal de madeira. Liderança morta no Pará entregou pedido de atenção a atingidos por barragens à então presidente Dilma Rousseff.
Reprodução / MAB
A Justiça do Pará condenou a mais de 63 anos de prisão Valdenir Farias Lima por participação na morte da líder rural Dilma Ferreira Silva, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O crime foi em 2019 e ficou conhecido como “Chacina de Baião”.
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A sessão do júri ocorreu na segunda-feira (18) e o resultado foi divulgado nesta quarta-feira (20), pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA).
A juíza Lurdilene Bárbara Souza Nunes aplicou a pena de 63 anos, 10 meses e 30 dias de reclusão, em regime fechado, para Valdenir Farias Lima.
De acordo com a denúncia do MPPA, Valdenir foi o intermediário da contratação dos irmãos Alves (pistoleiros da região) pelo fazendeiro Fernando Rosa, conhecido como Fernandinho.
Os jurados acataram integralmente os argumentos do MPPA de homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas.
Valdenir Farias foi denunciado junto com Fernandinho e Cosme Alves, um dos executores. Em 2023, Cosme Alves foi condenado a mais de 67 anos de prisão porque os processos foram desmembrados.
Chacina de Baião
Em 21 de março de 2019, três trabalhadores do fazendeiro Fernando Rosa foram mortos a tiros e carbonizados na zona rural de Baião, no sudeste do estado.
Segundo o MPPA, os funcionários Venilson, Raimundo e Marlene ameaçaram denunciar o patrão por falta de pagamento e por submetê-los a condições de trabalho análogas à escravidão, além de saberem da existência de uma pista de pouso clandestino na fazenda.
Júri acata teses apresentadas pelo MPPA, por meio do Promotor de Justiça Márcio Farias, e pela assistência de acusação.
Divulgação/MPPA
Já na madrugada de 22 de março, Dilma, seu companheiro, Claudionor, e Milton, um amigo que os visitava em casa, foram mortos a facadas no assentamento Salvador Allende.
De acordo com o Ministério Público, o alvo era a mulher. Ativista maranhense, atingida por barragem e liderança rural da região, Dilma denunciava a extração ilegal de madeira feita pelo fazendeiro Fernando Rosa, cuja propriedade fazia fronteira com o assentamento.
Em 2011, ela participou de uma audiência com a então presidente Dilma Rousseff, quando entregou documento pedindo um política nacional de direitos para os atingidos por barragens e atenção especial às mulheres.
A chacina de Baião causou grande repercussão nacional e internacional, sendo acompanhada pelo Alto Comissariado da ONU em matéria de direitos humanos.
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