Dupla usava cartão da Prefeitura de Santos (SP), destinado ao pagamento pelo combustível de uma viatura municipal, para pagar pelo abastecimento dos veículos de clientes no posto. Segundo a decisão judicial, os homens ficavam com o dinheiro em espécie dos consumidores. Posto de combustíveis onde frentista trabalhava em Santos (SP)
Divulgação/Polícia Civil
A Justiça condenou um frentista e um ex-motorista da Prefeitura de Santos, no litoral de São Paulo, pelo uso indevido do cartão de abastecimento de um veículo da administração municipal. Conforme apurado pelo g1, nesta sexta-feira (3), eles terão que pagar o valor de R$ 187 mil para a reparação dos danos. Cabe recurso da decisão.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
Conforme registrado no documento, o motorista Rodrigo Scura Amorim dirigia ambulâncias da Secretaria de Saúde e tinha um cartão que, mediante senha, abastecia um dos veículos com diesel. Ele entregou o recurso ao frentista Dermival de Jesus, que trabalhava em um posto no bairro Macuco.
De acordo com a investigação da Polícia Civil, o frentista usava o cartão para abastecer veículos de clientes, mas guardava o dinheiro em espécie que recebia dos consumidores. Em seguida, ele dividia a quantia com o então motorista da prefeitura, ainda segundo a corporação.
Além do pagamento de R$ 187 mil, Rodrigo Scura e Dermival de Jesus também foram condenados à entrega de cestas básicas e à prestação de serviços para a comunidade.
Por meio de nota, a Defensoria Pública de São Paulo, que representa Rodrigo Scura, pontuou que se manifestará apenas nos autos do processo. O g1 também entrou em contato com a defesa de Dermival de Jesus, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Prisão
Hoje com 51 anos, Dermival foi preso em flagrante usando o cartão em novembro de 2019. O esquema foi descoberto pela chefe administrativa da coordenadoria de transportes da secretaria de gestão da prefeitura, que notou uma discrepância no valor dos abastecimentos com o recurso.
Após ficarem em campana, agentes da polícia se aproximaram do caixa onde estava o frentista e encontraram o cartão da prefeitura jogado em cima de uma mesa. De acordo com a polícia, a viatura correspondente, ou seja, o veículo que deveria ser abastecido com o recurso, estava parada desde o ano anterior. O prejuízo aos cofres públicos chegou aos R$ 187 mil.
À Justiça, a defesa de Dermival alegou que não havia provas de materialidade, pois não foi realizada perícia e testemunhas também não foram ouvidas. A 5ª Vara Criminal de Santos, porém, condenou o réu a três anos e dez meses de reclusão em regime inicial aberto por peculato [possibilitar desvio de dinheiro público em proveito alheio], além de 28 dias-multa.
A pena foi convertida na entrega de dez cestas básicas, prestação de serviço à comunidade pelos mesmos três anos e dez meses, além do pagamento de R$ 187 mil junto com o motorista.
Carro sendo abastecido em posto de combustíveis
Marcelo Brandt/G1 (Imagem ilustrativa)
E o motorista?
Rodrigo Scura foi condenado a três anos e quatro meses de reclusão no regime inicial aberto, além de 17 dias-multa. A pena foi substituída pela entrega de nove cestas básicas para entidade social e prestação de serviços à comunidade.
Por meio de nota, a Prefeitura de Santos informou que ele foi exonerado, conforme portaria do dia 9 de junho de 2022, após um processo de inquérito administrativo. “Era servidor público concursado desde 15/09/2014. Todas as medidas cabíveis foram tomadas”, apontou o município.
Assistido pela defensoria pública, Rodrigo Scura não havia recorrido até a última atualização desta reportagem.
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos