26 de dezembro de 2024

Justiça condena membro de facção acusado de torturar, asfixiar, matar e enterrar PM de folga que foi a baile funk em comunidade

Leandro de Jesus Tavares, o ‘Mãozinha’, foi condenado pelo assassinato do soldado Leandro Martins Patrocínio. Policial militar foi encontrado morto em Heliópolis, Zona Sul, em 2021. Réu continuará preso. Júri popular ocorreu em fevereiro. Soldado Leandro Patrocínio desapareceu no dia 29 de maio ao deixar a Estação Sacomã, do Metrô em São Paulo
Reprodução/Arquivo Pessoal
A Justiça condenou a mais de 20 anos de prisão o membro de uma facção criminosa acusado de torturar, asfixiar, matar e enterrar um policial militar rodoviário de folga que tinha ido a um baile funk numa comunidade da Zona Sul de São Paulo.
O crime ocorreu em 2021 no bairro de Heliópolis. O caso repercutiu nas redes sociais e na imprensa à época. O julgamento do réu foi no dia 22 de fevereiro deste ano no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital.
O soldado Leandro Martins Patrocínio tinha 30 anos de idade quando desapareceu na noite de 29 de maio de 2021. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, ele estava à paisana, sem uniforme, e foi visto pela última vez saindo da Estação Sacomã do Metrô. Ia para uma festa na rua de Heliópolis. Câmeras de segurança gravaram esse momento.
Seu corpo foi encontrado uma semana depois, em 5 de junho de 2021, pela Polícia Militar (PM), que já fazia buscas na região com um cão farejador. Ele estava enterrado no terreno da comunidade. Devido ao estado do cadáver, um exame de DNA confirmou que era do PM Leandro.
De acordo com a Polícia Civil, Leandro de Jesus Tavares, o “Mãozinha”, e Carlos Henrique dos Santos Silva Simplício, o “Mandrake”, traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), mataram o soldado da PM.
Segundo a investigação, Leandro Patrocínio foi morto porque integrantes do PCC descobriram que ele era policial militar e havia entrado sem autorização numa área dominada pelo tráfico de drogas.
PM descoberto em baile funk
O Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) informou que o soldado foi descoberto depois de ter discutido com um homem durante o baile funk em Heliópolis. Isso chamou a atenção de outros membros da facção, que notaram que Leandro Patrocínio estava armado.
Ainda durante a festa na comunidade, pelo menos cinco criminosos cercaram e atacaram o PM, o dominando. Depois o desarmaram e o levaram para outro local, um imóvel que serviu de cativeiro. Lá dentro viram nos documentos que Leandro Patrocínio trabalhava na Polícia Militar.
O DHPP também apurou que a quadrilha convocou um “debate” com outros membros do PCC, que controlam o tráfico em Heliópolis, para decidir o que fazer com o soldado. O “Tribunal do Crime”, nome dado aos “julgamentos” feitos pelos criminosos, decidiu que Leandro Patrocínio deveria ser morto.
‘Mata-leão’
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Além de ser agredido com socos e chutes, ele foi asfixiado por um golpe conhecido como “mata-leão”, no qual alguém aperta o pescoço da vítima com os braços. Depois que morreu, os bandidos pegaram seu corpo e levaram de carro até um terreno na comunidade, onde o enterraram.
Após o encontro do cadáver pela PM, a Polícia Civil prendeu “Mãozinha” em 11 de junho de 2021 na casa de um parente dele em cumprimento a um mandado judicial pela morte do soldado. As impressões digitais dele foram encontradas no cativeiro.
“Mandrake” chegou a ser preso pela polícia, mas por outros crimes que havia cometido. Os outros integrantes do PCC que participaram do assassinato não foram identificados ou presos pela polícia.
Mais de 20 anos de prisão
Os dois suspeitos foram indiciados pela Polícia Civil pelo assassinato de Leandro Patrocínio. Depois o Ministério Público (MP) os denunciou pelo homicídio do policial militar. A Justiça aceitou a denúncia feita pela promotora Luciana André Jordão Dias e tornou os acusados réus no processo.
Mas “Mandrake” fugiu da prisão e acabou baleado e morto pela polícia durante um confronto. Por esse motivo o processo contra ele foi extinto.
“Mãozinha”, no entanto, acabou julgado no mês passado. Após a maioria dos jurados o considerarem culpado pelo assassinato de Leandro Patrocínio, o juiz Bruno Ronchetti de Castro, da 1ª Vara do Júri, condenou o réu a pena de 20 anos, seis meses e 12 dias pelo crime de homicídio qualificado, por meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e contra agente de segurança pública.
O g1 entrou em contato com a Defensoria Pública, que fez a defesa de “Mãozinha”, e aguarda um posicionamento.
Leandro Patrocínio trabalhava no 1º Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual da PM, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana. Ele era casado.
Soldado Leandro Patrocínio
Reprodução
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