20 de setembro de 2024

Justiça condena mulher a mais de 85 anos de prisão por roubar, matar e queimar a família no ABC

Anaflávia Gonçalves foi a julgamento nesta terça (27) em Santo André pelos assassinatos dos pais e irmão em 2020. Ré está presa. Outros quatro acusados já tinham sido julgados, condenados e presos anteriormente. Após 3 anos, Justiça de SP condena Anaflávia Gonçalves e 2 cúmplices por assassinar a família dela e queimar os corpos
JN
A Justiça condenou nesta terça-feira (27) a 85 anos, 5 meses e 23 dias de prisão a mulher acusada de roubar, matar e queimar três pessoas da própria família no ABC Paulista. O caso ocorreu em 27 de janeiro de 2020. Mais quatro pessoas que participaram com ela dos crimes já haviam sido julgadas, condenadas e presas anteriormente (saiba mais abaixo).
Dessa vez Anaflávia Martins Gonçalves foi a júri pelos assassinatos dos empresários Romuyuki Veras Gonçalves, de 43 anos, e Flaviana de Meneses Gonçalves, de 40, pais dela, e do estudante Juan Victor Gonçalves, de 15, seu irmão.
Ela foi julgada no Fórum de Santo André, Grande São Paulo. A maioria dos sete jurados homens votou por sua condenação por entender que a mulher foi culpada pelos assassinatos dos pais e do irmão.
Anaflávia foi condenada por por roubo, homicídio doloso qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou as defesas das vítimas), ocultação de cadáver e associação criminosa.
A sentença com o tempo da pena foi dada pelo juiz Lucas Tambor Bueno. Anaflávia já respondia presa ao processo. O tempo máximo que uma pessoa condenada por ficar presa é de 40 anos, segundo a lei brasileira.
O julgamento teve quatro testemunhas ouvidas. Depois ocorreu o interrogatório da ré, no qual Anaflávia confirmou ter participado do roubo, mas não dos assassinatos.
Júri anterior foi anulado
Anaflávia Gonçalves, filha do casal e irmã do adolescente mortos
Reprodução
Anaflávia foi a júri novamente pelos crimes após o julgamento anterior dela, em junho de 2023, ter sido anulado por decisão do Tribunal de Justiça (TJ) a pedido do Ministério Público (MP). O motivo: à época, ela havia sido condenada somente por duas das três mortes.
Naquela ocasião, Anaflávia havia recebido pena de 61 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicial fechado, pelos homicídios dos pais.
No entendimento da Promotoria, os jurados se equivocaram ao culpá-la somente pelos assassinatos de Romuyuki e Flaviana. E a inocentarem pelo assassinato de Juan. O adolescente também era filho do casal.
A decisão dos jurados revoltou até a avó materna da jovem, que esperava que a neta recebesse uma condenação maior. Desembargadores do TJ concordaram com o pedido do MP, anularam o júri, e determinaram que a ré seja julgada novamente.
5 condenados
Anaflávia Gonçalves, Carina Ramos de Abreu, Juliano e Jonathan Ramos e Guilherme Silva, acusados de matar família no ABC
Reprodução/Redes sociais e arquivo pessoal
O Ministério Público acusava Anaflávia de planejar os crimes com Carina Ramos de Abreu (sua namorada); os irmãos Juliano Oliveira Ramos Júnior e Jonathan Fagundes Ramos (primos de Carina); e Guilherme Ramos da Silva (amigo dos irmãos Ramos).
O principal objetivo do grupo, de acordo com o MP, era o de roubar dinheiro das vítimas. Mas depois, acabou decidindo matá-las.
Segundo a acusação feita pela promotora Manuela Schreiber Silva e Sousa, três homens armados (Juliano, Jonathan e Guilherme) entraram no imóvel com a ajuda de Anaflávia e Carina. Vídeos de câmeras de segurança gravaram o grupo na residência onde as três vítimas moravam, um condomínio fechado de casas em Santo André.
Pelas investigações, os cinco queriam roubar R$ 85 mil que estariam num cofre, mas, como não encontraram o dinheiro, decidiram levar pertences de Romuyuki, Flaviana e Juan Victor e matá-los. Eles foram assassinados com golpes na cabeça durante o assalto na casa.
No dia seguinte, os corpos das vítimas foram encontrados carbonizados dentro do carro da família, numa área de mata em São Bernardo do Campo, município vizinho a Santo André.
O g1 não conseguiu localizar a defesa de Anaflávia para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.
“Após três sessões de julgamento, responsabilização integral dos cinco acusados, conforme pretendido pelo Ministério Público, em favor da sociedade”, disse a promotora nesta terça ao g1.
Namorada e amigo condenados
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Carina e Guilherme foram condenados no mesmo julgamento de Anaflávia, em junho de 2023.
À época, Carina foi punida com 74 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão, também em regime fechado. Guilherme foi condenado a 56 anos, 2 meses e 20 dias no fechado.
Quando também foi ouvida pela Justiça, Carina negou ter participado dos assassinatos das vítimas. Disse que o envolvimento dela e de Anaflávia tinha sido somente no roubo. E chegou a acusar os irmãos Juliano e Jonathan de matar a família e explodir o veículo em que as vítimas estavam.
Guilherme, vizinho dos irmãos Ramos, acusou Juliano de querer assassinar o casal e o filho. Ele também alegou que participou diretamente do roubo, mas não dos assassinatos.
Irmãos condenados
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Em agosto, Juliano e Jonathan também foram a júri popular. Eles confessaram participação no roubo, mas disseram que a ideia de matar a família tinha sido de Anaflávia.
Ambos foram condenados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, roubo e associação criminosa. Juliano recebeu pena de 65 anos, 5 meses e 10 dias de reclusão em regime inicial fechado. Jonathan foi punido com 56 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado.

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