Juiz intimou a Advocacia-Geral da União para que se manifeste sobre a atual situação da empresa bélica, localizada no interior de SP, que está em recuperação judicial e enfrenta uma grave crise financeira há dois anos. Avibras, em Jacareí
Claudio Vieira/Sindicato dos Metalúrgicos
A Justiça Federal intimou a Advocacia-Geral da União para que ela se pronuncie sobre a atual situação da Avibras — indústria bélica brasileira localizada em Jacareí, no interior de São Paulo.
A ação civil pública foi movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos na última semana. No documento, o órgão pede ao Governo Federal uma solução sobre a situação da empresa.
Entre os pedidos do Sindicato, o órgão solicita que o governo atue na manutenção de empregos, regularização dos salários atrasados e defendendo a soberania do país, já que a empresa é de um setor estratégico, o de armamento bélico, produzindo mísseis e foguetes militares, por exemplo.
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A Avibras está em recuperação judicial há dois anos e os funcionários estão em greve quase que o mesmo período. Eles estão sem receber salários há pelo menos 16 meses, de acordo com o Sindicato.
Nesta quarta-feira (21), o juiz federal Renato Barth Pires, da 3ª Vara Federal de São José dos Campos, determinou um prazo de 72 horas para que o Governo Federal se pronuncie sobre a situação da Avibras.
A Avibras disse que não vai se manifestar sobre o assunto. O g1 também acionou o Governo Federal, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.
A Avibras é uma empresa bélica localizada no interior de SP.
Reprodução/ TV Vanguarda
Negociações
Em abril, a Avibras anunciou que a empresa DefendTex, da Austrália, estava negociando a aquisição da indústria bélica. Na época, a Avibras disse que a negociação estava avançada e visava a sua recuperação econômica.
No entanto, no fim de julho, a Avibras emitiu um novo comunicado informando que a DefendTex não cumpriu as condições para adquirir a empresa no prazo estabelecido e acrescentou ainda que a empresa australiana não tem mais exclusividade nas negociações.
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As negociações são uma tentativa de recuperar a situação econômico-financeira da Avibras, além de retomar as operações, paralisadas há mais de dois anos – veja detalhes mais abaixo.
A empresa bélica brasileira afirmou ainda que continua apoiando os esforços da DefendTex e disse que já reiniciou negociações com outras empresas.
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Crise e recuperação judicial
Em 22 de março de 2022, a Avibras pediu recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 600 milhões. Em julho de 2023, credores aprovaram o plano de recuperação judicial da empresa.
A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça.
Nesse cenário de crise, cerca de 400 funcionários da Avibras encerraram em maio o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) na empresa e iniciaram o período de licença remunerada em junho.
Ao g1, a Avibras confirmou que são cerca de 400 funcionários nessa situação e que a licença remunerada será aplicada por tempo indeterminado.
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A Avibras
A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.
A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.
Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira, além de produzir sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) – o Falcão.
Fábrica da Avibras em Jacareí
Reprodução/TV Vanguarda
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