21 de setembro de 2024

Justiça decreta prisão preventiva de sargento da PM alvo de operação contra venda ilegal de armas

Conversão de prisão em flagrante pra preventiva foi determinada em audiência de custódia nesta quinta-feira (5). Outros investigados também vão continuar presos. Sargento da PM, Joemil Miranda da Cunha, diz ser diretor de 18 clubes de tiros
Reprodução/Redes Sociais
A Justiça decretou a prisão preventiva do sargento da Polícia Militar (PM) Joemil Miranda da Cunha, suspeito de envolvimento no suposto comércio ilegal de armas de fogo em Araguaína, norte do estado. Ele e outros investigados foram presos na operação Clandestinos da Polícia Civil.
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Mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos pelos agentes na quarta-feira (4). Entre os endereços estavam clubes de tiro e a polícia apreendeu um arsenal contendo além de armas, centenas de munições. De acordo com a Polícia Civil, 14 pessoas foram conduzidas para a delegacia e cinco permaneceram presas em flagrante por porte ilegal de arma ou munição de usos restritos.
O que se sabe sobre prisão de PM e apreensão de arsenal em operação contra venda ilegal de armas
O juiz Antônio Dantas de Oliveira Júnior converteu a prisão em flagrante de Joemil em preventiva, considerando que o militar foi localizado durante o cumprimento dos mandados da operação com munições de diversos calibres e armas de fogo, mesmo não tendo registro. O armamento estava guardado dentro de um cofre, conforme citado na audiência.
O g1 pediu posicionamento para a defesa de Joemil e aguarda resposta. Os outros investigados também estão presos preventivamente.
Conforme a investigação da polícia, o material seria destinado ao comércio ilegal de armas de fogo.
“Constato a presença do perigo gerado pelo estado de liberdade do flagranteado, diante das circunstâncias da prisão, os objetos ilícitos e do risco de reiteração delitiva, restando claro que em liberdade, provavelmente, adote condutas tendentes a infringir a paz social”, destacou o magistrado.
O sargento é concursado desde 2006 e recebe uma remuneração de R$ 10.667,73. Nas redes sociais, ele diz que é diretor de 18 clubes de tiros.
Arsenal foi apreendido pela Polícia Civil
PC/Divulgação
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Indiciamentos
Além de ser alvo na operação policial, Joemil foi indiciado outras três vezes. Ele e a esposa foram investigados por usar documentos falsos para solicitar autorização de compra de arma em nome de terceiros.
Segundo as investigações, o casal utilizava esses documentos supostamente falsificados para pedir autorização para a aquisição de arma de fogo na condição de despachantes de clube de tiro.
Questionada sobre a situação de Joemil dentro da corporação, a PM informou que uma sindicância investiga a suposta interferência do militar em procedimento de flagrante de autoridade policial em Araguaína, que está em fase final para aplicação da pena.
Já a outra apura a conduta do militar por suposta comercialização de arma de fogo. Esse processo está em fase de recursos e cumprimento de pena. Também existem outros processos instaurados contra Joemil na PM.
Armas apreendidas durante o cumprimento dos mandados
TV Anhanguera/Reprodução
Operação Clandestino
Segundo as investigações, o esquema envolvia atiradores esportivos, que vendiam suas armas em mercado paralelo e depois abriam boletim de ocorrência para registrar um falso furto ou roubo.
As investigações começaram em outubro de 2023, após um dos investigados registrar boletim de ocorrência pela internet sobre o furto de duas armas e munições. A Polícia Civil (PC) descobriu que não houve roubo e que a pessoa registrou o caso de forma falsa. Na realidade, as armas teriam sido vendidas no comércio ilegal.
Depois desse episódio, as equipes policiais conseguiram identificar mais registros de armas furtadas, que na verdade entraram no esquema de venda ilegal. O mesmo investigado também teria registrado outro boletim em 2022 por causa de uma arma roubada.
Ao investigar o celular do suspeito, a polícia descobriu que a arma supostamente roubada, na verdade, teria sido negociada por R$ 4 mil. Também foram identificados outros investigados que teriam feito negociações irregulares.
A polícia também descobriu áudios de suspeitos falando sobre o esquema. Em conversa, eles chegam a confirmar que as armas vendidas de forma clandestinas e acreditavam que a apuração da polícia não teria andamento.
Trecho dos áudios investigados pela polícia
Divulgação
O que diz a PM sobre as sindicâncias
A Polícia Militar do Tocantins informa que o sargento Joemil Miranda da Cunha já estava sendo acompanhado pela instituição, por meio da Corregedoria, em razão de responder procedimentos administrativos disciplinares em seu desfavor. Dos procedimentos instaurados constam, sobre arma de fogo:
Portaria 090 – nº 132/2022 – suposta interferência em procedimento de flagrante de autoridade policial em Araguaína, cujo resultado final está em fase de aplicação da pena;
Portaria 088/2022 – nº 131/2022 – apurar conduta do militar por suposta comercialização de arma de fogo, cujo resultado está para fase de recursos e cumprimento de pena.
Outros procedimentos também foram instaurados em desfavor do policial militar, por condutas diversas, mas não envolvendo arma de fogo. Assim, a Polícia Militar do Tocantins reforça que sempre esteve em atuação diligente, por meio da Corregedoria, para garantir a transparência e a integridade na instituição, buscando por meio do devido processo legal, a manutenção da hierarquia e disciplina militar, pilares da Polícia Militar do Tocantins.
Por fim, a instituição permanece prestando total apoio e informações necessárias para a Polícia Civil, bem como reafirma à sociedade seu compromisso com a legalidade e imparcialidade, bem como reitera não coadunar com posturas incompatíveis com a nobre função pública.
O que diz a PM sobre a Operação:
A Polícia Militar do Estado do Tocantins informa que foi acionada para acompanhar, durante a manhã desta quarta-feira, 3, por meio da Corregedoria do 2º BPM, as diligências da Operação Clandestino, realizada pela Polícia Civil. Um policial militar, de 36 anos, foi alvo de busca e apreensão. O objeto da ação envolve a comercialização de armas e munições por clubes de tiro e sócios.
A Polícia Militar já adotou as medidas preliminares para apuração interna e está acompanhando o caso. Por fim, reafirma à sociedade seu compromisso com a legalidade e imparcialidade, no exercício de sua nobre função pública.
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