16 de outubro de 2024

Justiça determina apuração sobre rachaduras em centenas de casas em Craíbas (AL)

São mais de 400 casas com as paredes rachadas, algumas com risco de desabar, segundo a Defesa Civil. Justiça determina apuração sobre rachaduras em centenas de casas em Craíbas (AL)
Reprodução/TV Globo
A Justiça Federal de Alagoas determinou a apuração da causa das rachaduras em centenas de casas na cidade de Craíbas.
A montanha de detritos começou a ser formada há três anos. No entorno, pequenos agricultores tentam continuar com suas vidas na área rural de Craíbas, a 140 km de Maceió. A maioria, agora, tem somente um pedaço de terra nos fundos da casa.
“O terreno está improdutivo para a lavoura. Aí, hoje em dia, a gente está sem poder cultivar. Plantávamos milho, feijão, fumo. Nós tirávamos o sustento dessa forma”, conta a agricultora Maria Verediana Araújo.
O barulho não para.
“A gente vive uma vida assim, aperreada. De noite, a gente não tem sossego para dormir”, diz a agricultor Josefa Maria Pereira da Silva.
A montanha de detritos começou a ser formada há três anos
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Também há três anos, as casas em vários pontos do município começaram a apresentar rachaduras, principalmente ao redor da mina do Serrote, que extrai cobre.
Em junho de 2023, a Defensoria Pública da União entrou na Justiça Federal com uma ação civil pública. Há quase um ano, a Justiça determinou a instalação de equipamentos para saber as causas e mendir a intensidade dos tremores. Nos arredores da mina, são mais de 400 casas com as paredes rachadas e algumas com risco de desabar, segundo a Defesa Civil.
“Há fissuras e rachaduras em imóveis, morte de animais, circulação de poeira que gera problemas na saúde e problemas ambientais. Hoje, nós entendemos que existe um risco já identificado pela Defesa Civil do estado, em que mais de 70 casas na iminência de desabamento”, afirma Diego Martins Alves, advogado da DPU.
Justiça determina apuração sobre rachaduras em centenas de casas em Craíbas (AL)
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A mina tem capacidade de pouco mais de 4 milhões de toneladas de cobre por mês. O gerente da empresa descarta que as explosões sejam responsáveis pelas rachaduras e diz que as operações estão dentro do permitido pelos órgãos reguladores.
“A gente tem, de fato, controles, medições, auditorias internas e externas, que nos mostram que não estão correlacionadas. Nada nos indica que esse processo nosso de desmonte controlado de rochas seja capaz de gerar uma rachadura, e que nós estamos 100% dentro dos limites estabelecidos por lei, e até muito longe desses limites estabelecidos”, diz Breno Delfino Martins, engenheiro de minas.
A mineradora é favorável aos estudos para entender a causa das rachaduras, mas recorreu da determinação de instalar os sensores. Um dos motivos é ter considerado alto o valor cobrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte para desenvolver o projeto.
“A gente tinha um valor que era muito menor, mas foi estabelecido um valor bastante maior. Mas a gente está a favor de fazer o estudo no sentido de entender que tenha essa definição por esse estudo de fato da causa, se elas são referentes a nossa detonação ou não. Nós estamos seguros de que não são relacionadas a esse processo”, afirma o engenheiro.
A mineradora afirma ainda que aguarda uma audiência de conciliação marcada para o dia 19 de novembro.
Os moradores que ainda não colocaram as casas à venda aguardam a identificação do responsável pelas rachaduras.
“Eu não tenho mais terreno para trabalhar. Sou agricultor, vivo disso, minha família também. Mas, agora, não trabalho por causa desse morro que está atrás do meu terreno”, conta o agricultor Renato Pereira de Freitas.
Construção
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