Juiz Cariel Bezerra Patriota cita pedido do próprio MPRJ para dizer que não há provas de que Marcos Paulo, Allan e Vitor Luis monitoraram a vítima, Fernando Marcos, um dia antes do crime. Câmera de segurança flagrou momento em que homem foi morto a tiros na Tijuca
A Justiça do Rio decidiu que os três presos acusados de matar o contraventor Fernando Marcos Ribeiro, o Fabinho, na Tijuca, em 2023, não serão levados a júri popular. O crime foi registrado por câmeras de segurança (vídeo acima).
Na decisão, o juiz citou a falta de provas de que os três homens monitoraram os passos da vítima.
Na primeira audiência do caso, no 3º Tribunal do Júri, uma das principais testemunhas, o bicheiro Luiz Cabral Waddington, voltou atrás em seu depoimento dado à polícia em abril de 2024.
Na ocasião, ele denunciou uma nova dinâmica na guerra do jogo do bicho no Rio, em que estaria, de um lado, seu patrão, Bernardo Bello (hoje foragido). Do outro, estariam Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho (foragido), e Vinicius Drumond, além de Rogério Andrade (preso) (relembre na reportagem abaixo).
Em abril de 2023, bicheiro denunciou novas disputas na contravenção no Rio; relembre na reportagem
Na audiência, no entanto, Cabral disse que, nos depoimentos à 6ª DP (Cidade Nova) e à Delegacia de Homicídios da Capital, foi “induzido” e “instruído” por Bernardo Bello a citar os nomes dos contraventores.
“Bernardo (Bello) mandou eu falar na delegacia o nome dessas três pessoas. Dei muitas declarações induzidas pelo Bernardo (…) Ele criou esse boato, não sei o porquê.”
Atualmente, o próprio Cabral também é considerado foragido. Ele é suspeito de participar de um ataque ao bar Parada Obrigatória, em Vila Isabel, na Zona Norte, durante a disputa por pontos do jogo do bicho na região (veja na reportagem abaixo).
Vídeo inédito mostra ataque a bar em Vila Isabel em guerra do jogo do bicho no Rio
Para a Delegacia de Homicídios da Capital, Cabral citou que Adilsinho estaria por trás da morte da vítima, para dar um “recado” de que tomaria as áreas de Bello na Zona Norte do Rio.
A decisão do juiz Cariel Bezerra Patriota afirma que não foram obtidas provas da participação dos réus presos durante as investigações da DH:
Allan dos Reis Mattos, policial do 15º BPM (Caxias), preso durante a investigação por estar com armas de numeração raspada e acusado de monitorar a vítima;
Marcos Paulo Gonçalves Nunes, gestor de caça-níqueis e considerado o número 2 na hierarquia da quadrilha suspeita de encomendar a morte.
Vitor Luis de Souza Fernandes, preso. Foi filmado junto com Marcos Paulo seguindo a vítima em Copacabana, um dia antes da morte de Fernando.
Marcos Paulo Gonçalves Nunes e Vitor Luis de Souza Fernandes
Reprodução/TV Globo
O magistrado cita um documento do próprio MP do Rio para dizer que não há provas que Marcos Paulo, Allan e Vitor Luis monitoraram a vítima, Fernando Marcos, um dia antes do crime, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
“Fragilizada esta imputação, e não existindo nenhuma outra nestes autos, até por escolha do próprio Ministério Público, não há outra solução a não ser a impronúncia dos réus”, citou o juiz.