Apesar das campanhas que alertam quanto aos riscos de beber e dirigir, médicos que atendem vítimas do trânsito dizem que acidentes causados por motoristas e motociclistas embriagados ainda fazem parte da rotina dos hospitais. Justiça de SP libera homem que provocou acidente com vítima quando dirigia bêbado
Em São Paulo, a Justiça liberou um homem que provocou um acidente com vítima em uma estrada quando dirigia bêbado.
Com uma câmera no capacete, o Cleidisson Lima registrava um passeio de moto no domingo (11) com a namorada e um grupo de amigos na Rodovia Anhanguera, no interior de São Paulo. De repente, percebeu a aproximação de um carro em alta velocidade e se assustou. O veículo bateu com violência na moto de um dos amigos, que foi arremessado no asfalto. O carro capotou e parou de pé no acostamento.
Cleidisson Lima parou a moto e foi tirar satisfação com o motorista.
“Fui para cima, bati no vidro para tentar retirar a chave do veículo. A intenção era na verdade quebrar o vidro para impedir que o condutor viesse a se evadir do lugar”, conta o analista de sistemas Cleidisson Lima.
O motociclista acidentado, Vinícius Barbosa Ferreira, fraturou uma perna e foi levado para um hospital em Vinhedo, no interior de São Paulo.
“O Vini, esse que veio a ter a queda, como vocês podem ter visto no vídeo, teve uma fratura exposta na região da patela. Mas, graças a Deus, veio a se recuperar rapidamente e já está em casa”, diz Cleidisson.
O motorista, Cleverton Lima Vindilino, de 37 anos, teve ferimentos leves. Inicialmente, ele se recusou a fazer o teste do bafômetro, mas na delegacia o exame indicou 0,46 miligrama de álcool por litro de ar expelido, quantidade suficiente para ser indiciado por crime de trânsito. Preso em flagrante, Cleverton passou por uma audiência de custódia e foi liberado sem precisar pagar fiança, segundo a Secretaria de Segurança Pública.
Álcool afeta funcionamento do corpo mesmo quando ingerido em pouca quantidade; entenda o impacto
Em 2023, a embriaguez ao volante foi a sétima causa de acidentes em rodovias federais: foram 3.567. Apesar das campanhas que alertam quanto aos riscos de beber e dirigir, médicos que atendem vítimas do trânsito dizem que acidentes causados por motoristas e motociclistas embriagados ainda fazem parte da rotina dos hospitais.
O chefe do pronto-socorro de ortopedia e traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo diz que boa parte dos 60 pacientes atendidos por mês no HC dá entrada com sinais de embriaguez.
“Muitas vezes não são sequelas ortopédicas, mas principalmente sequelas neurológicas, seja por um trauma na coluna, na medula espinhal, ou mesmo um trauma craniano. E algumas vezes são sequelas permanentes, onde o paciente tem uma baixa recuperação. O álcool está muito ligado a esses acidentes que a gente observa”, conta Marcos Leonhardt.
O assistente administrativo Bruno Henrique Serra Menin voltava da balada cinco anos atrás, no banco do carona, junto com quatro amigos, todos bêbados, inclusive o motorista. No acidente em que um dos ocupantes morreu, ele perdeu o braço. Foram anos de fisioterapia, reabilitação, tratamento contra sequelas neurológicas e, agora, uma nova visão da vida.
“Tem o psicológico que vai ficar para a vida toda. Então, é uma sequela que vai ficar para vida toda, não tem mais uma volta. Álcool e volante nem pensar”, diz o assistente administrativo Bruno Henrique Serra Menin.