O guia espiritual e o auxiliar dele também foram apontados pelo MPMG como culpados, mas devem responder por homicídio culposo; a tia da menina foi absolvida. Maria Fernanda Camargo morreu em Frutal em março de 2022 após ter o corpo queimado. Maria Fernanda Camargo, de 5 anos, que morreu durante ritual em Frutal
Polícia Civil/Divulgação
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais negou o recurso do Ministério Público e manteve a decisão de que a mãe, o avô, e a avó de Maria Fernanda Camargo não vão a júri popular pela morte da menina de 5 anos durante um ritual de cura em Frutal.
Os desembargadores do caso mantiveram a decisão do juiz Thales Cozonato Corrêa e todos os envolvidos, incluindo o guia espiritual e o auxiliar dele que participavam da cerimônia, serão julgados pelos crimes que estão sendo acusados.
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Em nota, o advogado de defesa dos acusados, José Rodrigo de Almeida, afirmou que nada foi maligno, satânico e não ocorreu propositalmente. Leia a íntegra abaixo.
“Criança era amada, cuidada, venerada pela família que, agora, poderá erguer a cabeça e andar nas ruas, viver o luto, sem que sejam taxados de “monstros”.
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O que diz a defesa
“Todos os envolvidos serão julgados pelos delitos de menor gravidade os quais estão sendo acusados, certamente, haverá uma pena para os(as) réus(és), mas isso ocorrerá na medida da efetiva participação de cada um, nem mais, nem menos, assim se faz JUSTIÇA! Não se atentando ao espetáculo policial, ao clamor negativo provocado pelas tantas manifestações da Polícia Civil, mas sim pelo que de fato ocorreu, o procedimento teve solução oportuna pelo julgador! Nada foi “maligno”, “satânico”, nada ocorreu propositadamente, a criança era amada, cuidada, venerada pela família que, agora, poderá erguer a cabeça e andar nas ruas, viver o luto, sem que sejam taxados de “monstros”.
A advocacia rende homenagens ao Ilustre Juiz Dr. Thales, que não se contaminou, não “ouviu” o que não estava nos autos, prolatou julgado dos mais corajosos, corretos e justos, tão bem por ele analisadas as questões, complexas, que o Colegiado sequer fez qualquer reparo.
Embora no nosso entender o caso “nasceu” em segredo de justiça, somente na Audiência de Instrução houve o decreto, de forma que nos limitaremos à presente manifestação, concedendo entrevistas apenas e tão somente visando algum esclarecimento sobre o julgamento da Segunda Instância e suas consequências.
Desde o limiar da nossa atuação, sustentamos a inocência dos clientes em relação aos crimes que eram acusados e a posição do Tribunal nos trouxe a plena sensação do dever cumprido!”
Entenda o caso
Maria Fernanda Camargo morreu queimada no dia 23 de março durante ritual religioso em uma casa do Bairro Princesa Isabel, em Frutal.
A menina chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu às queimaduras.
Quase um mês depois, em 20 de abril, a mãe, a avó, o avô, uma tia e o guia espiritual foram presos.
De acordo com a Polícia Civil, inicialmente, a versão apresentada era de acidente doméstico, envolvendo álcool e churrasqueira. No entanto, as investigações apontaram para a participação da criança no ritual.
Na denúncia, o MPMG afirmou que o crime foi praticado em contexto de violência doméstica e familiar, com emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa de Maria Fernanda.
À época, o advogado da família disse que não houve ritual maligno e nem bruxaria, mas sim, um ritual de cura, pelo fato de a menina estar com gripe e tosse que não passavam.
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“Ela tinha plano de saúde, tinha ido em quatro ou cinco médicos, mas não sarava. Por isso, indicaram o médium para fazer o ritual de cura. Ele passou álcool na cabeça dela, nos ombros, bastante álcool. A mãe disse que não era para usar álcool e aí o fogo começou. Isso é o que a família relata e o que está acontecendo hoje indica é que tenha acontecido assim”, disse Almeida.
O pai de Maria Fernanda, Cacildo Carrijo, afirmou na época que a família sustentou que houve o acidente doméstico e só depois ficou sabendo da versão do ritual de cura.
“Tentaram acudir ela, apagar as chamas. Tanto que minha esposa queimou muito, minha sogra bastante, meu sogro queimou as mãos. Todo mundo tentou ajudar, só que infelizmente já era tarde”, falou Cacildo.
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