26 de dezembro de 2024

Justiça nega pedido da defesa para revogar prisão temporária de ex-presidente da Apae suspeito de matar secretária

Defesa de Roberto Franceschetti Filho, suspeito de matar a secretaria executiva da instituição, Cláudia Regina da Rocha Lobo, solicitou a revogação da prisão à Justiça; um pedido de habeas corpus deve ser impetrado ainda nesta sexta-feira (30). Justiça nega revogação da prisão de Presidente da Apae
A Justiça negou o pedido revogação da prisão temporária do ex-presidente da Apae de Bauru (SP) Roberto Franceschetti Filho, suspeito de matar a secretaria executiva da instituição, Cláudia Regina da Rocha Lobo. A informação foi confirmada ao g1 pelos advogados de defesa, na tarde desta sexta-feira (30).
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Segundo a advogada Vanessa Mangile Leandro Pistelli, a decisão era esperada pela defesa, e um pedido de habeas corpus deve ser impetrado ainda nesta sexta-feira. Roberto segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Bauru.
Durante coletiva de imprensa, realizada na manhã desta terça-feira (27), os advogados afirmaram que Roberto é inocente e não cometeu nenhum crime. Essas alegações, no entanto, vão contra os indícios apresentados pela Polícia Civil, que confirmou o assassinato da funcionária pelo ex-presidente.
Rumo das investigações
Polícia Civil fez uma coletiva de imprensa para atualizar as informações sobre o caso da funcionária da Apae de Bauru
Paulo Piassi/g1
A Polícia Civil também relatou que Roberto, antes de ser investigado como principal suspeito do crime, tentou guiar as investigações para um possível familiar de Cláudia que foi preso por tráfico e afirmou que a secretária estava arcando com dívidas do familiar.
A coordenadora financeira da Apae confirmou que Roberto liberava “adiantamentos”, que eram lançados como pagamentos para fornecedores, diretamente para Cláudia.
O computador da vítima foi periciado. Nele foram encontradas planilhas de contabilidade pessoal de Cláudia, com indicações de inconsistências financeiras, inclusive com valores em aberto em relação a Roberto.
“Diante disso, em diligências visando a coleta de material genético da desaparecida, apreendemos também o seu notebook, além da quantia de R$ 10 mil em espécie que havia sido deixada por Claudia na casa da filha” , consta no documento que relata a cronologia das investigações.
Polícia confirma assassinato
Durante a coletiva desta segunda, a Polícia Civil confirmou que a funcionária da Apae de Bauru foi assassinada.
As investigações indicam que Cláudia foi morta por um tiro, disparado por Roberto, no carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra
Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiros e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a Polícia, Roberto disparou contra Cláudia.
Polícia Civil confirma que funcionária da Apae desaparecida foi assassinada
Polícia Civil/Divulgação
“O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança” , explicou o delegado Cledson do Nascimento.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ele teria ameaçado para ajudá-lo no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia na tarde de sexta-feira (23) e confessou que ajudou a queimar o corpo de Claudia sob ameaça de Roberto.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
No dia do crime, Dilomar, então assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
Corpo foi descartado e queimado por quatro dias em uma área rural de Bauru (SP)
Polícia Civil/Divulgação
Buscas por Claudia
Um laudo preliminar apontou que fragmentos de ossos humanos foram encontrados durante as buscas feitas na área rural de Bauru.
Os fragmentos seguem em análise no Núcleo de Biologia de São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e da filha de Claudia.
Claudia tem 55 anos e desapareceu após sair com o carro da Apae, onde trabalha em Bauru
Facebook/ Reprodução
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas buscas foi utilizada algumas vezes para descarte de material da Apae, inclusive no dia em que Claudia desapareceu, mas que isso só foi descoberto após uma sindicância interna. Também disse que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Durante as mesmas buscas, a polícia encontrou os óculos da funcionária, objeto que foi reconhecido por parentes dela.
O exame balístico confirmou que um estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru foi vista pela última vez foi disparado pela arma apreendida na residência do ex-presidente da associação.
Polícia retornou à delegacia após realizar diligências em propriedade rural de Bauru (SP)
TV TEM/Reprodução
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Claudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez.
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva, e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte.
Um dia após ser preso, Roberto teve a prisão temporária de 30 dias decretada na audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí e depois transferido para o CDP de Bauru.
Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária
Gabriel Pelosi/TV TEM
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