3 de janeiro de 2025

Justiça nega pedido de reintegração de posse da fazenda ocupada pelo MST na Grande BH

Juiz plantonista afirmou que os autores do processo não conseguiram comprovar que são donos do imóvel. MST ocupa fazenda em Lagoa Santa e pede desapropriação da terra
MST-MG
A Justiça de Belo Horizonte negou, neste sábado (9), o pedido de reintegração de posse de uma fazenda em Lagoa Santa, Região Metropolitana de BH, ocupada por cerca de 500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-MG). A decisão é do juiz de Direito da Central de Plantão (Ceplan) Christyano Lucas Generoso.
Na manhã da última sexta-feira (9), as famílias iniciaram a ocupação do local. Segundo o MST, a propriedade estava abandonada.
No processo movido pelos proprietários da fazenda, eles alegaram que são “legítimos possuidores e proprietários do imóvel”, chamado de Fazenda das Aroeiras, e que teria sido invadido às 3 horas da madrugada
Os advogados deles pediram que a Justiça concedesse uma liminar para que fosse determinada “a expedição de mandado de reintegração de posse do imóvel objeto da inicial”.
O magistrado, porém, entendeu que os autores não apresentaram documentos suficientes para comprovar serem donos da fazenda.
“No presente caso, entendo que não restou suficientemente demonstrada a posse, pois a parte autora se limitou a juntar fotos na qual se verificam três pessoas perto de criações bovina e suína, a partir das quais não é possível identificar inequivocamente o imóvel descrito na inicial […] a parte autora afirma na inicial que há caseiros no imóvel, mas deixa de juntar respectivo contrato de comodato, ou ainda, depoimento dos referidos registrados por ata notarial.”, disse o juiz.
Christyano Generoso citou ainda a possibilidade da realização de uma audiência, possibilidade essa que seria analisada pelo juiz natural do processo, após o plantão de fim de semana, a partir da próxima segunda-feira (11).
Os advogados dos proprietários da fazenda afirmaram, por meio de nota, que a decisão do juiz plantonista “contém omissões” e que vai acionar o juiz da causa. Caso não consiga a decisão favorável, a defesa dos autores promete recorrer ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Confira a nota na íntegra
“A defesa informa que a decisão do Juiz Plantonista contém omissões, que serão objeto de embargos de declaração, provocando o juízo da causa, para que ele se manifeste sobre a totalidade dos documentos juntados com a exordial. Caso o juízo não exerça a retratação, a decisão será objeto de agravo de instrumento para o Tribunal de Justiça”, disse o advogado Jorge Luiz Pimenta de Souza.
A ocupação
Segundo o MST, a ação é coordenada pelas mulheres Sem Terra e integrou a Jornada Nacional de Lutas na sexta (8), Dia Internacional da Mulher. O objetivo do MST é que famílias sejam assentadas na propriedade.
O MST também cobrou do Governo Federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que a reforma agrária seja uma das prioridades da agenda do governo petista.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), órgão que integra a pasta do Ministério do Desenvolvimento Agrário, disse que não tinha informação sobre o imóvel e que enviou um representante ao local.
O MST alega que a Polícia Militar está impedindo o movimento de receber o representante do Incra e seus advogados, por meio de um bloqueio de entrada e saída de pessoas.
A reportagem procurou a PM para um posicionamento e aguarda retorno. Já o Governo de Minas Gerais afirmou que a corporação acompanha a situação.

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