24 de dezembro de 2024

Laranjas ‘caem do pé’ antes da hora e estão menores com seca prolongada e calor acima da média em SP

Responsáveis por cerca de 75% da produção nacional, paulistas preveem quebra histórica na safra. ‘Chacoalhou, vai pro chão’, diz produtor de Taquaritinga. Seca prejudica safra da laranja na região de Ribeirão Preto
“Chacoalhou, vai pro chão”, lamenta o produtor rural Nivaldo Evaristo Davoglio, dono de uma fazenda com 35 mil pés de laranja em Taquaritinga (SP), na região de Ribeirão Preto (SP). A constatação dele resume um cenário desolador para a citricultura paulista, responsável por cerca de 75% da produção brasileira: com a seca prolongada e o calor acima da média, inclusive no inverno, os frutos estão menores e caindo das árvores mais cedo do que se esperava.
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Sob o sol forte, temperaturas acima dos 30ºC nos horários de pico e ausência de chuvas no final do ano passado e mais recentemente, os pomares ressecados reforçam não só uma projeção de queda de 25% da Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), como também a expectativa de que esta seja a pior safra de laranja das últimas três décadas, segundo o presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antônio dos Santos.
Laranjas caem do pé antes da hora em Taquaritinga (SP), em meio a seca e calor
Luciano Tolentino/EPTV
“Tem muito pouca oferta de laranja em decorrência de que, na época da florada do ano passado, de setembro a novembro, não choveu, temperatura muito alta, calor muito intenso. Então dificultou no pegamento. Derrubou toda essa florada e o que sobrou efetivamente no pé vem caindo gradativamente, porque estamos passando por um período de seca prolongada”, diz.
No município em que ele está, essa é a realidade de 40 produtores, entre eles o Nivaldo, que espera colher este ano fruta suficiente para completar 60 mil caixas de 40,8 quilos cada, menos da metade do que conseguiu em 2023 – 140 mil.
“Este ano, se chover e vingar essas, ainda eu recupero o prejuízo, se não, a quebra minha é de 50%”, afirma.
Plantação de laranja com solo seco diante de estiagem em São Paulo
Luciano Tolentino/EPTV
Quebra histórica e queda prematura
Segundo a Fundecitrus, a safra 2024/2025 no estado de São Paulo, Triângulo e Sudoeste mineiros deve chegar a 232 milhões de caixas, diante de 308 milhões da anterior, quando também houve uma redução de 2% em um cenário já marcado por queda prematura de frutos a uma taxa de 19% e um prejuízo estimado de 72 milhões de caixas.
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Em parte, isso também se deve aos frutos, que estão menores. Para encher uma caixa de 40,8 quilos, na última safra foram necessárias 255 laranjas, oito a mais do que o esperado até então. O peso de cada fruto também ficou 5 gramas abaixo do esperado e 3 gramas abaixo da média dos últimos dez anos, em 160 gramas.
A projeção de produção para o próximo ciclo está bem abaixo do que o setor já registrou. Em 2003, por exemplo, esse volume chegou a 351 milhões e, em 2013, foi de 337 milhões. Desde 1970 no segmento, Nivaldo afirma que nunca viu nada parecido em sua lavoura.
“Esse pomar está com 18, 20 anos, você não vê greening nele quase, mas se você por uma muda nova, pra você tirar essa muda você tem que pulverizar a cada oito dias, dez dias. Acredito que dentro de quatro a cinco anos nós não temos mais laranja aqui”, diz.
Citricultura no interior de São Paulo, maior estado produtor do país
Luciano Tolentino/EPTV
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