Segundo a delegada da Deam, homem usava a religião para abusar sexualmente de mulheres que acreditavam que poderiam ser curadas e/ou libertas por ele. Defesa dele diz que entrará com pedido de habeas corpus. Um líder religioso suspeito de violação sexual e estelionato foi preso nesta terça-feira (11), em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Segundo a Polícia Civil, ele se apresentava como pai de santo.
Contra ele havia um mandado de prisão preventiva que foi cumprido por policiais da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Ele foi encontrado no bairro Custodópolis, em Guarus.
A delegada titular da Deam, Juliana Oliveira, disse que o suspeito usava a religião para abusar sexualmente de mulheres que acreditavam que poderiam ser curadas e/ou libertas por ele.
Ele era investigado desde setembro de 2022. Ao todo, são dez inquéritos policiais. Uma das denunciantes é a própria filha dele, que disse também ter sido abusada sexualmente.
Ainda segundo a delegada, ele também foi iniciado por violência psicológica, por fazer as vítimas acreditarem que se elas não se submetessem aos supostos tratamentos espirituais, elas sofreriam as consequências.
Juliana Oliveira contou ainda que o suspeito chamava o local onde os atos eram praticados de “Casa Espiritualista”. Lá ele adotava diversas praticas religiosas, incluindo o Santo Daime.
A delegada disse que algumas vítimas relataram que tinham que comprar cocaína para o suspeito e, em alguns casos, ele chegou a mandar que elas também usassem a droga. Sempre alegando estar incorporado com alguma entidade.
Ela contou também que o suspeito agredia fisicamente as mulheres, como uma forma de correção, já que elas eram “filhas de santo” dele.
Segundo Juliana, o homem exigia dinheiro para fazer trabalhos, como jogar búzios. Uma vítima relatou que chegou a pegar empréstimo para pagar uma passagem para São Paulo, para ajudá-lo em sua espiritualidade.
De acordo com a polícia, algumas vítimas eram mantidas em condições análogas à escravidão. Trabalhavam na casa, fazendo comida, cuidando de criança e não recebiam nada por isso.
“Elas ficavam à disposição dele e não tinham a possibilidade de sair”, disse a delegada.
As vítimas contaram que não eram mantidas fisicamente presas, mas o suspeito usava terror psicológico, dizendo que se algo acontecesse com elas, ele não poderia ajudar porque elas se colocaram em risco.
A prisão dele é preventiva, por quê segundo a polícia, ele oferece riscos as investigações.
Armando Martins, advogado do suspeito, afirmou que a prisão “é uma medida descabida” e “ilegal”. A defesa disse que entrará com um pedido de habeas corpus, para que ele siga respondendo o processo em liberdade.
Ainda segundo o advogado, não existem motivos para que essa prisão fosse decretada.
Ele afirmou que entrará com um pedido de apuração na Corregedoria da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, para saber como o processo que, segundo ele, corre em segredo de justiça, chegou ao conhecimento público.
A advogada de algumas vítimas, Mariana Rangel Ribeiro, também se manifestou. Ela disse que “é importante ressaltar que todos os crimes foram praticados em contexto religioso”. Ela falou ainda que “hoje elas começaram a enxergar justiça no fim do túnel”.