19 de setembro de 2024

Limoeiro da vida real? Veja antes e depois de bairro que inspirou cenário da Turma da Mônica nos anos 70

No mês do aniversário de 54 anos da primeira revista publicada, g1 conversou com cartunista e visitou a região para mostrar o que mudou – e o que permanece (quase) igual. Confira em fotos. Mauricio de Sousa lembra inspiração em bairro de Campinas para criar Turma da Mônica
Os telhados triangulares, a grama sempre verde e as árvores com copas cheias do bairro do Limoeiro, casa da Turma da Mônica, podem parecer restritas à imaginação. Mas, segundo Mauricio de Sousa, o cenário das aventuras que marcaram a infância de brasileiros foi inspirado em um bairro real de Campinas (SP): o Cambuí.
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📚 Neste mês de maio, que marca o aniversário de 54 anos da publicação da primeira revista da Turma da Mônica, o g1 conversou com o cartunista e visitou a região para mostrar o que mudou – e o que permanece (quase) igual – desde a década de 1970. Confira abaixo.
Vista aérea de Campinas, com destaque do Cambuí, na década de 1960 (à esquerda) e 2020 (à direita)
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Por que o Cambuí?
A escolha do bairro que passou a ser o cenário das aventuras de personagens como Mônica, Magali, Cascão e Cebolinha não foi ao acaso. Na década de 70, Mauricio de Sousa morava com a família em Campinas, no próprio Cambuí, e decidiu se inspirar no lugar que chamava de casa.
🌳 “Campinas era então mais tranquila e os prédios ficavam mais para o horizonte. O que gostei foi ver que havia muitas árvores frutíferas e arbustos nas ruas, logo imaginei que gostaria de ver meus personagens brincando naquelas ruas tranquilas e seguras”, lembra.
Em período de expansão, não demorou muito para que os prédios, então distantes, tomassem conta do cenário da metrópole nos anos seguintes. Para o cartunista, a ideia de um bairro arborizado e tranquilo para crianças permanece “congelada” nas histórias em quadrinhos até hoje.
[Nos anos 70] Pessoas preferiam andar pelas ruas a pegar seu carro para ir em lugares próximos. Procuro manter este cenário até hoje em minhas historinhas para mostrar às crianças que viver feliz não é só se fechar em casa jogando videogames. A vida é muito mais. Veja que nossos personagens também não ficam colados em celulares. Preferem conversar e brincar ao vivo e em cores.
Mauricio de Sousa, cartunista e criador da Turma da Mônica
José Alberto Lovetro
Diferente, mas ainda igual
⌛ Uma caminhada pela região do Cambuí em 2024 revela que, apesar de transformado, o bairro tem imóveis e cenários que resistiram ao passar do anos, ainda que com pequenas mudanças. É o caso da Praça Carlos Gomes, onde o coreto parece ter viajado décadas no tempo, intocado.
Praça Carlos Gomes, em Campinas, na década de 1970 (à esquerda) e 2024 (à direita)
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As casas também contam uma história. Na esquina entre as ruas Antônio Cesarino e Ferreira Penteado, por exemplo, um casarão antigo, agora revitalizado, é ocupado por uma galeria com lojas, espaços de atendimento, restaurante e até um estúdio de tatuagem.
Rua Ferreira Penteado, em Campinas, entre 1969 e 1975 (à esqueda) e em 2024 (à direita)
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Já na esquina entre as ruas Antônio Cesarino e General Osório, há um casarão desocupado que existe há mais de 50 anos. Atualmente, porém, a estrutura tem pichações nas paredes, portas e janelas, e fica parcialmente tampada por tapumes.
Residência na Rua Antônio Cesarino na década de 1970 (à esquerda) e 2024 (à direita)
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Na Rua Padre Vieira, a passagem do tempo é denunciada por novos prédios ocupando a paisagem, além de carros com modelos mais modernos trafegando pela via. Ao centro da imagem, a vegetação ainda garante o seu espaço.
Rua Padre Vieira, em Campinas, entre 1957 e 1962 (à esquerda) e em 2024 (à direita)
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Inaugurado em 1976, o Centro de Convivência de Campinas é um marco da cidade e passa por obras de revitalização que devem terminar em 2025. Ainda que a estrutura esteja fechada, a Praça Imprensa Fluminense, onde está localizada, recebe vistantes todos os dias.
Centro de Convivência, em Campinas, em 1983 (à esquerda) e 2024 (à direita)
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Mobilização popular
✊ As mudanças no bairro foram acompanhadas de perto pela gestora ambiental Tereza Penteado. Moradora do bairro há mais de 60 anos, ela decidiu criar uma ONG dedicada à preservação do Cambuí após finalizar um curso de patrimônio histórico e arquitetônico em 2003.
“Numa das conversas com o pessoal da classe, eles falaram ‘nossa, o que a gente pode fazer pelo Cambuí?’. Nós decidimos criar uma ONG para cuidar das árvores, do meio ambiente, e aí começou a ideia. […] A certa altura do campeonato, a gente conseguiu plantar quase 400 árvores no bairro”, conta.
Para a moradora, alguns dos maiores desafios enfrentados pela região são a falta de arborização e de áreas que possibilitem a drenagem da água, evitando alagamentos. Os apontamentos são reforçados pelo engenheiro florestal e agrônomo José Hamilton de Aguirre Junior, que também faz parte da ONG.
“É uma área de grande circulação de pessoas e carros, então é uma área extremamente poluída, que precisa também de muita arborização. Outro grande desafio é a drenagem do local, porque perdeu todas as áreas permeáveis, de jardim e quintal. Os prédios precisam ter também muita área permeável, com jardim, com áreas novas para colaborar com essa dinâmica de chuva”, afirma Aguirre.
A cada cinco anos, a organização se mobiliza para fazer um levantamento completo de todas as árvores existentes no Cambuí, além de verificar a saúde de cada uma delas. “[O objetivo é] entender essa dinâmica e qual a consequência, principalmente no momento de emergência climática, da perda da arborização ou da transformação dela”, destaca o engenheiro florestal.
O que diz a prefeitura?
O g1 questionou a Prefeitura de Campinas sobre os problemas apontados pelos moradores, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Assim que a administração municipal se manifestar, o texto será atualizado.
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