O nome de um major da Polícia Militar réu por agredir um frentista negro em Boa Vista também está na lista de promoção de Oficiais. Os nomes constam em ofício enviado ao diretor do Serviço de Saúde da Polícia Militar de Roraima. Capitão Helton John, tenente-coronel Weslley Fernando e major Jefferson Gomes
Arquivo pessoal
O governo de Roraima deve promover, na próxima quinta-feira (29), 162 policiais militares. Entre os que devem ser promovidos, estão o capitão Helton John Silva de Souza, suspeito de envolvimento na morte de um casal de agricultores, o tenente-coronel Weslley Fernando Almeida dos Santos, investigado por violência doméstica e ameaça de morte contra a esposa, e o major Jefferson Gomes da Silva, réu por agredir um frentista em Boa Vista.
Os nomes constam em ofício enviado ao diretor do Serviço de Saúde da Polícia Militar de Roraima, no dia 21 de agosto de 2024. As promoções são por critério de antiguidade ou por merecimento.
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Procurado, o governo de Roraima esclareceu que o fato de o nome do capitão Helton John eventualmente constar em alguma lista se deve ao seu status de policial militar da ativa, sem que isso signifique participação em processos de promoção.
Já sobre Wesley Santos, o governo disse que não possui nenhum impedimento administrativo ou judicial que o impeça de concorrer à promoção. A respeito do Major Jefferson, o governo disse que o processo ainda não resultou em condenação, estando em fase de tramitação. Portanto, o militar continua a exercer plenamente os direitos inerentes à sua carreira.
A relação de policiais foi encaminhada para que os agentes listados fossem submetidos à inspeção de saúde. O processo deve ocorrer até quarta-feira (28).
Uma denúncia aponta um suposto descumprimento dos prazos legais do processo de promoção dos oficiais. O documento diz que as etapas do procedimento não foram cumpridas, como o envio das folhas de alterações dos agentes, fichas de informações e de apuração de tempo de serviço dos policiais, em datas previstas no Regulamento de Promoção de Oficiais.
Além disso, segundo o decreto que regula as promoções, o ofício para as inspeções de saúde deveria ter sido enviado até o dia 15 de julho. O ato que oficializa a mudança de patente deveria ter ocorrido no dia 21 de agosto.
Com o possível descumprimento, o Ministério Público de Roraima emitiu, nesta segunda-feira (26), uma recomendação para que o comandante-geral da PM promova a imediata suspensão do processo de promoção dos policiais militares em trâmite, até que a “regularidade do certame” seja verificada.
O MPRR deu um prazo de 48h para que o comandante-geral da PM, Miramilton Goiano de Souza, informe as medidas adotadas pela corporação. A recomendação é assinada pelo promotor de Justiça Luiz Antônio de Souza.
A Polícia Militar de Roraima disse que a corporação ainda não foi notificada e, assim que ocorrer a notificação, será encaminhada à Procuradoria Geral do Estado para manifestação.
Policiais investigados
Um dos PMs que deve ser promovido, o capitão Helton John Silva de Souza, de 48 anos, é investigado por suspeita de envolvimento no assassinato do casal de agricultores Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, no dia 23 de abril, no interior de Roraima. Ele foi preso em maio.
No dia do assassinato, o capitão ocupava a função de coordenador da equipe de segurança do governador do estado. Mas, seis dias depois do ataque ao casal, foi afastado e colocado à disposição da Polícia Militar.
Em depoimento dado a Polícia Civil, ele confessou ter escondido na própria casa a arma usada no assassinato do casal de agricultores. O capitão contou ainda que, logo após o crime, ele chegou em casa, tomou banho, teve uma crise de choro, fez uma oração e foi para o futevôlei.
Ele afirmou ainda que, no dia do crime, ligou para o comandante-geral da corporação, coronel Miramilton Goiano, e foi orientado a se desfazer do próprio celular. Helton John e outras três pessoas foram indicados pelo crime.
Outro listado para subir de patente, o Chefe do Departamento de Informação e Inteligência da Polícia Militar de Roraima, tenente-coronel Weslley Fernando Almeida dos Santos, de 43 anos, é investigado por violência doméstica e ameaça de morte contra a esposa, de 37 anos, e os três filhos.
O caso foi denunciado pela vítima em junho deste ano, em Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), localizada na capital Boa Vista. Ela relatou ameaças com arma de fogo, violência física e moral inclusive durante a gravidez.
No mesmo dia, uma medida protetiva foi deferida contra Weslley proibindo de se aproximar da esposa. A mulher do tenente-coronel já havia denunciado ter sofrido outras agressões e violências.
À época, Weslley dos Santos afirmou ao g1 que o relato da esposa “não é verídico”. Ele também destacou que está “tranquilo quanto a verdade dos fatos” e que confia “na apuração do órgão investigativo e na Justiça Estadual”.
Entre os listados ainda está o major Polícia Militar Jefferson Gomes da Silva, de 40 anos, réu por agredir um frentista negro com um tapa no rosto em um posto de gasolina na zona Oeste de Boa Vista, em abril de 2022.
Em junho de 2024, o Ministério Público de Roraima (MPRR) pediu que a Justiça condenasse o major pelos crimes de lesão corporal simples e injúria racial em razão de ofensas homofóbicas cometidas pelo major contra a vítima.
Na época, a Polícia Militar informou que paralela à ação penal, tramitou na corporação um procedimento administrativo disciplinar para apurar a conduta dele, o que “culminou em sanção interna”. Não foi informada a medida adotada contra o militar.
Relembre o caso:
Ministério Publico de Roraima pede condenação de PM
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