25 de dezembro de 2024

Livro ‘O avesso da pele’ é recolhido de colégios públicos no Paraná; autor critica censura

Obra venceu o Prêmio Jabuti, considerado o mais importante da literatura brasileira, e aborda temas como racismo e violência policial. Secretaria de Educação afirma que livro contém ‘expressões inadequadas’. Governo começa a retirar exemplares de ‘O Avesso da Pele’ das escolas públicas do PR
Exemplares do livro “O avesso da pele”, do escritor Jeferson Tenório, estão sendo recolhidos de colégios estaduais que ofertam o Ensino Médio no Paraná. A determinação foi da Secretaria Estadual de Educação (Seed).
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Nas redes sociais, Tenório classificou a medida como censura. Leia mais abaixo.
A obra foi publicada em 2020 e narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial.
O racismo é um dos temas abordados no livro, que venceu o Prêmio Jabuti em 2021, considerado o mais importante da literatura brasileira.
“O avesso da pele” integra o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), que compra e distribui livros didáticos para escolas públicas no Brasil.
Publicado em 2020, “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, conta a história de um jovem que teve o pai morto em uma abordagem policial
Carlos Macedo/Feira do Livro e Reprodução/Redes Sociais
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O que diz a Seed
Em ofício, a Seed informou que “a obra passará por análise pedagógica e posterior encaminhamento”. Os exemplares devem ser recolhidos até a próxima sexta-feira (8).
A secretaria disse que “habitualmente revisa os materiais didáticos incluídos no PNLD” e que considerou a temática da obra como “importante”, mas explicou que a revisão foi necessária porque, em determinados trechos, “o texto tem expressões, jargões e descrições de cenas inadequadas para menores de 18 anos”.
A Secretaria de Educação informou que ainda está levantando quantas escolas no Paraná adotaram “O avesso da pele” nas salas de aula.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) criticou o recolhimento dos livros.
De acordo com a entidade, “a deliberação representa um grave ato de censura que deve ser imediatamente contido pelas instituições competentes, pois é intolerável que os absurdos praticados durante a ditadura militar de 1964 sejam repetidos no presente e, principalmente, no ambiente escolar.”.
Autor critica recolhimento de livros
Pelas redes sociais, o escritor Jeferson Tenório classificou a medida da Seed como “uma violência e uma atitude inconstitucional”.
Segundo o autor, “não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada. Não vamos aceitar qualquer tipo de censura”.
Segunda polêmica na semana
Escritor Jeferson Tenório fala sobre ‘O avesso da pele’; obra é alvo de polêmica no RS
A obra de Tenório também virou alvo de uma polêmica em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A diretora de um colégio estadual gravou um vídeo pedindo que exemplares fossem retirados da instituição de ensino.
Segundo a diretora, o livro tem “vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do Ensino Médio”. Após a repercussão, o vídeo foi apagado.
Em entrevista à GloboNews, Tenório criticou a fala da profissional.
“Me causa sempre espanto, porque já temos tão poucos leitores no Brasil e deveríamos estar preocupados em formar leitores, e não censurar livros”, disse.
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