8 de janeiro de 2025

Localizado no RS, Parque Nacional Lagoa do Peixe é ‘paraíso de aves migratórias’

Referência internacional no turismo de observação de aves, local não foi diretamente afetados pelas enchentes. Das 349 espécies de aves que ocorrem na área, 74 são migratórias. Criado em 1986, o Parque Nacional Lagoa do Peixe protege espécies de aves migratórias e amostras dos ecossistemas litorâneos do Rio Grande do Sul
João Batista Cardozo
No litoral sul do Rio Grande do Sul uma área de mais de 36 mil hectares abriga uma enorme biodiversidade de mamíferos, répteis, anfíbios, aves, peixes e plantas.
O Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP) abrange os municípios de Tavares (RS), Mostardas (RS) e São José do Norte (RS) e está localizado em uma extensa planície costeira arenosa, situada entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico.
“As aves são uma das protagonistas e mais estudadas desta Unidade de Conservação (UC). Segundo as publicações e revisões científicas mais recentes, são cerca de 349 espécies de avifauna, sendo 74 migratórias e 13 sob algum grau de ameaça”, diz Roséli Azi Nascimento, biólogo consultora da área.
Parque Nacional Lagoa do Peixe possui mata de restinga, banhados, campos de dunas, lagoas de água doce e salobra, além de praias e uma área marinha.
Uriel Amaral
“Podemos citar, por exemplo, o maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus), uma ave migratória do Hemisfério Norte que faz longas jornadas anuais até o PNLP, e que se encontra ameaçada principalmente pela fragmentação do seu habitat”, diz.
É na região da Lagoa do Peixe, dentro do parque, que tecnicamente é denominada como laguna devido à ligação direta com o oceano, onde a maior parte das aves pode ser encontrada. Conhecido como “paraíso das aves migratórias”, a laguna é referência internacional no turismo de observação de aves.
“A visitação no Parque Nacional da Lagoa do Peixe pode ser realizada durante todo o ano. É um lugar singular para observação de aves em áreas naturais e recebe espécies de aves migratórias que visitam a região tanto no inverno como no verão, possibilitando que em ambos os períodos, diferentes espécies sejam avistadas”, esclarece Riti Soares dos Santos, chefe da UC que é gerenciada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Entretanto, os meses de setembro a maio são considerados como de alta temporada, por terem dias mais amenos e uma maior quantidade de aves, uma vez que é o período onde estão na região as migratórias do Hemisfério Norte, que são em maior número”, completa Riti.
O maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus) é uma das aves migratórias do parque
João Batista Cardozo
Além da presença das aves migratórias, de acordo com Riti, a região da Lagoa do Peixe atrai muitos fotógrafos de natureza pela luminosidade, áreas abertas de ambientes naturais e facilidades para realização de belas fotografias.
Outras espécies que atraem turistas são o jacaré-de-papo-amarelo, o tuco-tuco-das-dunas e a lagartixa-das-dunas – os dois últimos endêmicos do Rio Grande do Sul.
Importância do turismo para o RS
Apesar da tragédia devido às enchentes no Rio Grande do Sul que ocorreram no mês de maio, o Parque Nacional não foi diretamente atingido pela elevação do nível da água da Lagoa dos Patos por estar localizado fora da área de alagamento.
“Todavia, os elevados índices de precipitação registrados no Rio Grande do Sul no mês de maio também fizeram com que o nível da Lagoa do Peixe registrasse elevação, alagando áreas do entorno da lagoa”, explica Riti.
De acordo com o ICMBio, Apesar da denominação, Lagoa do Peixe é relativamente rasa, com 60 centímetros de profundidade em média. Possui 35 quilômetros de comprimento e 2 quilômetros de largura, e é formada por sucessão de pequenas lagoas interligadas, caracterizando, assim, um reservatório natural de água salobra.
Uriel Amaral
Mesmo com essa elevação, o parque segue aberto para visitação e, segundo Roséli, muitas famílias dependem diretamente do funcionamento dos serviços existentes em destinos turísticos, como no PNLP, das diferentes regiões do RS para manter os empregos.
“A volta do recebimento de turistas nestes locais permite a manutenção desses empregos e, consequentemente, é uma ajuda direta aos enfrentamentos locais. Muitos visitantes podem estar passando por um momento de dúvidas, de um ‘dilema’ se devem ou não ‘desfrutar’ de atividades relacionadas ao turismo, mas quero deixar claro que essa dúvida não precisa existir”, ressalta Roséli.
“Que os visitantes vejam isso também como possibilidade de ajudar nosso estado a se reerguer, pois sua presença nos locais seguros e que estão adequadamente preparados para continuar recebendo seus visitantes, será muito positiva”, diz a bióloga.
A ‘Trilha dos Flamingos’ inicia-se no final da trilha do Talha-mar, e percorre a extensão da praia, até a barra da Lagoa do Peixe, onde pode-se encontrar flamingos-chilenos se alimentando, para iniciar a jornada de volta.
João Batista Cardozo
Para chegar na região da Lagoa do Peixe, na cidade de Tavares e Mostardas, ela ressalta que enquanto Aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre) estiver sendo recuperado, há voos chegando na base Aérea de Canoas (RS).
A partir dali, é possível seguir de carro em trajetos pela RS-040 e BR-101. Uma operadora de ecoturismo realiza esse trajeto. Além de ajudar a economia local, o ecoturismo responsável também auxilia na manutenção dos recursos naturais.
“Essa atividade permite que os visitantes valorizem o meio ambiente, beneficiando as relações entre a sociedade e a natureza, assim como os processos de interpretação e educação ambiental. Mais do que nunca, é importante planejar e implementar um amplo rol de oportunidades de visitação, como forma de diversificar as experiências para atingir diferentes públicos” finaliza Riti.
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