Presidente comentou que chegou a ter dúvidas se não deveria fazer o evento em outras cidades, mas lembrou a importância de ser um município da Amazônia, por conta do tema da conferência da ONU. Lula em viagem ao Norte
Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou, nesta quinta-feira (13), que irá realizar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém (PA), apesar das críticas à lentidão das obras de infraestrutura na capital paraense.
Durante visita à cidade, o petista defendeu que não pretende “enfeitar” o município, porque o mundo precisa conhecer a realidade da região Amazônica.
“Nós vamos fazer a COP aqui. Não tem problema que Belém seja do jeito que for, que o povo seja do jeito que for. É aqui. Eles têm que saber quanto dói uma picada de carapanã […] Nós temos pobres, mas temos orgulho. E eles vão ver como é que a gente vive. Eu não vou enfeitar, eu não vou tirar pobre da rua, eu não vou fazer o que não é possível fazer. Eu quero que eles vejam a nossa Belém do jeito que ela é”, descreveu o petista.
Belém se prepara para receber a COP30
O presidente chegou a citar que cogitou realizar o evento em cidades maiores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, mas reiterou a importância de Belém para o tema da Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
“Seria mais fácil fazer em São Paulo. São Paulo tem hotel, muito hotel, São Paulo tem não sei das quantas. Então, poderia fazer em São Paulo. Poderia fazer no Rio de Janeiro. O Rui Costa queria levar para a Bahia. A Bahia já tem muito. […] Vamos levar para um estado do Norte. Eu confesso, Helder [Barbalho], que tinha muita dúvida mesmo. Eu confesso que tinha muita dúvida”, disse.
O presidente então lembrou as críticas à infraestrutura da capital. “Tinha muita gente que falava assim ‘Lula, a gente vai levar para o Pará, lá não tem hotel , lá tem um problema de muitas casas em lugar que não tem tratamento de esgoto. Mas você vai levar para lá?'”.
De acordo com ele, o mundo precisa conhecer a realidade amazônica para entendê-la. “Como é que alguém, um francês, um inglês, um alemão, um japonês podem dar palpite na nossa floresta? Ela é nossa”.
“O que eu posso dizer para vocês é que, com todos os defeitos, com todas as deficiências, nós vamos fazer o melhor Brics no Brasil e vamos fazer a COP que ninguém nunca mais vai esquecer que é a COP30 em Belém.
Na sexta-feira (14), pela manhã, Lula visitará as obras da COP 30 que estão sendo financiadas com recursos federais. Em seguida, ele deve anunciar um investimento de R$ 250 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para projetos relacionados à COP.
‘COP da Amazônia’
A COP 30, marcada para novembro deste ano, terá grandes desafios. A Conferência do Azerbaijão, no ano passado, não resolveu totalmente a questão do financiamento climático. E o governo brasileiro tem visto com preocupação a carga de demandas que a cúpula terá de resolver.
Segundo especialistas, o Brasil terá a responsabilidade de retomar o debate e avançar em acordos para a preservação ambiental e climática.
Para o Itamaraty, a COP 30 poderá deixar como “grande legado” a renovação de compromissos com a redução das emissões de gases poluentes e o término de debates que o Azerbaijão não concluiu.