Petista cobrou que a ONU tenha uma postura mais atuante no conflito. Proposta de referendo foi realizada pela Rússia em fevereiro, e motivou anexação ilegal de Moscou sobre 15% do território ucraniano. Presidente Lula em vídeo enviado ao Brics
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a comentar, nesta sexta-feira (1º), a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Na fala, o petista repetiu o argumento de que “falta conversa” entre os dois lados do conflito e cobrou que a comunidade internacional se posicione para mediar um debate.
Lula também avisou que a Cúpula do G20, reunião dos chefes de Estado do bloco que reúne as maiores economias do mundo, marcada para este mês de novembro, no Rio de Janeiro, não deve colocar em pauta o conflito no Leste Europeu.
“Nós temos dois pequenos problemas. Nós não convidamos o [presidente da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky para participar, e o [presidente da Rússia, Vladmir] Putin não vai participar. Nós não achamos que esse fórum do G20 será espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas abordados no ultimo G20”, frisou.
Na fala, Lula cobrou os organismos internacionais, em especial, a Organização das Nações Unidas (ONU) por uma participação mais atuante no conflito, e defendeu que falta mais “estrutura, poder e credibilidade” dentro do Conselho de Segurança para discutir a guerra na Ucrânia.
“Não vai ser no G20 que a gente vai discutir esse assunto. E acho que os companheiros Putin e Zelensky não virão a esse encontro. Não virão. E eu acho que isso é importante, porque nós queremos discutir outras coisas que são importantes para a humanidade, e não transformar o G20 em uma discussão sobre a guerra seja de Israel, seja da Ucrânia e da Rússia”, seguiu.
O chamado G20 abrange dois terços da população mundial.
🔎Durante o mandato, a agenda do Brasil tem se concentrado em três temas: desenvolvimento sustentável, reforma das instituições multilaterais e combate à fome, à pobreza e à desigualdade.
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Referendo sobre regiões anexadas
Ainda nesse âmbito, o petista lembrou que o Brasil e a China têm se colocado à disposição para mediar negociações de paz, e defendeu que uma “boa solução” para o fim dos confrontos e da disputa pelos territórios invadidos seria a realização de um referendo nas áreas ocupadas.
“Eu fico imaginando que falta conversa entre as pessoas. Eu fico pensando: a Rússia diz que o território que eles estão ocupando é russo. A Ucrânia diz que é deles. Por que ao invés disso, não se faz um referendo para saber com quem o povo quer ficar?”, questionou o presidente.
“Seria muito mais simples, muito mais democrático muito mais justo deixar o povo decidir. Consultar o povo pra saber com quem eles querem ficar”, declarou em entrevista à radio francesa RF1, nesta tarde.
Porém, em setembro de 2022, a Rússia promoveu uma iniciativa semelhante. A votação ocorreu durante cinco dias em quatro regiões da Ucrânia — Donetsk e Luhansk, no leste, e Zaporizhzhia e Kherson, no sul. Juntas, elas respondem por 15% do território ucraniano.
Segundo o resultado parcial anunciado pelo governo russo, 96% dos moradores da região, que estão na Rússia e votaram à distância, teriam escolhido ser anexados ao governo de Vladmir Putin. É o que afirmou a agência de notícias estatal do país Tass.
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Kiev e os países aliados do Ocidente não reconheceram os resultados e afirmaram que a consulta pública se tratou de uma farsa. Já o chefe do Parlamento russo disse que, com o resultado, as áreas seriam anexadas.
Dias depois, Putin assinou anexação ilegal de territórios ucranianos e mencionou armas nucleares.
Avanço sobre territórios
A Rússia tomou 196,1 km² do território ucraniano entre os dias 20 a 27 de outubro, marcando o avanço semanal mais rápido das forças russas neste ano, segundo informou a agência Reuters.
A guerra que já dura dois anos e meio está entrando na fase que os oficiais russos dizem ser a mais perigosa, à medida que as forças russas avançam e o Ocidente pondera sobre como o conflito irá terminar, conforme a agência.
A Rússia controla a Crimeia, que anexou da Ucrânia em 2014, cerca de 80% do Donbas — uma zona de carvão e aço composta pelas regiões de Donetsk e Luhansk — e mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.