De acordo com as investigações da polícia, o então presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, que está preso, matou a secretária executiva da instituição, Claudia Regina da Rocha Lobo, no dia de seu desaparecimento, em 6 de agosto, em Bauru (SP). Presidente da Apae é preso suspeito de envolvimento na morte de funcionária em Bauru (SP)
Arquivo pessoal
A Polícia Civil tem 30 dias para concluir as investigações do assassinato da funcionária da Apae de Bauru (SP) Cláudia Regina da Rocha Lobo, que tinha 55 anos. As investigações apontam que a secretária executiva foi morta pelo presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, no último dia em que ela foi vista com vida.
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A conclusão das investigações deve apontar a causa do crime, mas, de acordo com o delegado responsável pelo caso, Cledson do Nascimento, má gestão, desvio de verba e disputa de poder na Apae são apontadas como possíveis motivações.
“As investigações faltam em relação à motivação, que, para a gente, é a má gestão, o desvio de verba, a disputa de poder que existia ali”, explicou o delegado durante coletiva de imprensa, na tarde de segunda-feira (26).
Em um documento apresentado à imprensa que narra a cronologia das investigações, as características de crime passional foram descartadas.
“Apesar de parte da grande mídia e opinião pública cogitarem para uma possível questão passional para o crime e o Roberto direcionar a investigação para ‘traficantes’ que cobravam familiares de Cláudia, passamos a trabalhar com os fortes indicativos de rombo no caixa da entidade assistencial, má gestão e conflitos de interesse entre presidente e secretária executiva”, consta no documento.
Além do inquérito sobre o assassinato da funcionária, uma investigação paralela foi aberta pelo Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) para investigar possíveis fraudes financeiras na instituição.
Rumo das investigações
Polícia Civil fez coletiva de imprensa para atualizar as informações sobre o caso da funcionária da Apae de Bauru (SP)
Paulo Piassi/g1
A Polícia Civil também relatou que Roberto, antes de ser investigado como principal suspeito do crime, tentou guiar as investigações para um possível familiar de Cláudia que foi preso por tráfico e afirmou que a secretária estava arcando com dividas do familiar.
A coordenadora financeira da Apae confirmou que Roberto liberava “adiantamentos”, que eram lançados como pagamentos para fornecedores, para Cláudia.
O computador da vítima foi periciado. Nele foram encontradas planilhas de contabilidade pessoal de Cláudia, com indicações de inconsistências financeiras, inclusive com valores em aberto em relação a Roberto.
“Diante disso, em diligências visando a coleta de material genético da desaparecida, apreendemos também o seu notebook, além da quantia de R$ 10 mil em espécie que havia sido deixada por Claudia na casa da filha” , consta no documento que relata a cronologia das investigações.
Polícia confirma assassinato
Durante a coletiva desta segunda, a Polícia Civil confirmou que a funcionária da Apae de Bauru foi assassinada.
As investigações indicam que Cláudia foi morta por apenas um tiro, disparado por Roberto, no carro da entidade, antes de o veículo ser abandonado na região do bairro Vila Dutra.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o presidente saindo do banco de passageiros e assumindo o volante, enquanto Cláudia vai para o banco traseiro. O carro permaneceu estacionado por três minutos, momento em que, segundo a Polícia, Roberto disparou contra Cláudia (assista ao vídeo abaixo).
Imagens provam que presidente da Apae de Bauru esteve com funcionária morta
“O Roberto sai do banco do passageiro e assume a direção, indo a Cláudia para o banco de trás, tranquilamente, sem nenhum tipo de ameaça ou pressão. Esse veículo fica parado por cerca de três minutos. Para nossa investigação, é nesse momento que acontece o disparo, porque, daí, ele já sai direto para a região rural do bairro Pousada da Esperança” , explicou o delegado Cledson do Nascimento.
Após o crime, Roberto teria acionado Dilomar Batista, funcionário do almoxarifado da Apae, a quem ameaçou para ajudá-lo no descarte do corpo. Dilomar foi ouvido pela polícia na tarde de sexta-feira (23) e confessou que ajudou a queimar o corpo de Claudia sob ameaça de Roberto.
O funcionário relatou que o corpo foi incinerado em uma área de descarte usada esporadicamente pela Apae e disse que, quatro dias depois, voltou para espalhar as cinzas em áreas de mata ao redor do local.
No dia do crime, Dilomar, então assumiu o veículo que Cláudia dirigia e o abandonou na região da Vila Dutra, de onde ele e Roberto partiram em outro veículo da instituição.
Corpo foi descartado e queimado por quatro dias em uma área rural de Bauru (SP)
Polícia Civil/Divulgação
Confissão
A Polícia Civil confirmou que, no dia em que foi preso, 15 de agosto, Roberto confessou, informalmente, que matou Cláudia, informação que guiou as investigações a partir dali. No dia seguinte, em depoimento formal, Roberto negou a acusação.
Funcionário do almoxarifado da Apae de Bauru é ouvido sobre desaparecimento de secretária
Andressa Lara/TV TEM
Buscas por Claudia
Claudia era secretária executiva da Apae
Facebook/ Reprodução
Um laudo preliminar apontou que fragmentos de ossos humanos foram encontrados durante as buscas feitas na área rural de Bauru.
Os fragmentos seguem em análise no Núcleo de Biologia de São Paulo, para confronto com as amostras de DNA já recolhidas do veículo, de pertences pessoais da vítima e da filha de Claudia.
Polícia fez buscas na tarde de terça-feira (20) pela funcionária da Apae desaparecida, Claudia Regina da Rocha Lobo
Reprodução/TV TEM
Em coletiva à imprensa, a Apae confirmou que a área rural onde foram feitas buscas foi utilizada algumas vezes para descarte de material da Apae, inclusive no dia em que Claudia desapareceu, mas que isso só foi descoberto após uma sindicância interna. Também disse que os descartes acontecem exclusivamente nos ecopontos da cidade.
Durante as mesmas buscas, a polícia encontrou os óculos da funcionária, objeto que foi reconhecido por parentes dela.
O exame balístico confirmou que um estojo de pistola calibre 380 encontrado dentro do veículo no qual a funcionária da Apae de Bauru foi vista pela última vez foi disparado pela arma apreendida na residência do ex-presidente da associação.
Polícia retornou à delegacia após fazer diligências em propriedade rural de Bauru (SP)
Reprodução/TV TEM
Mais de uma semana depois do desaparecimento de Claudia, um sinal de celular confirmou que Roberto esteve no local onde o carro da entidade usado por ela foi encontrado.
Oficiais da 3ª Delegacia de Homicídios de Bauru analisaram imagens de câmeras de segurança que mostram a vítima no volante do veículo que dirigia quando foi vista pela última vez. A descrição das imagens indica que o presidente da Apae saiu do banco de passageiros do veículo e assumiu o volante, enquanto Cláudia foi para o banco traseiro.
Polícia Civil divulga novas imagens do carro que funcionária da Apae dirigia
O documento também menciona que o histórico de chamadas do celular de Roberto mostra movimentações na rodovia SP-321, que liga Bauru a Arealva, e no local onde o veículo foi encontrado, no dia seguinte ao desaparecimento.
Imagens de uma câmera de segurança, divulgadas pela Polícia Civil, mostram também o veículo que a funcionária da Apae dirigia circulando próximo ao local onde ele foi encontrado, no dia seguinte (assista ao vídeo acima).
Um dia após ser preso, Roberto teve a prisão temporária de 30 dias decretada na audiência de custódia e foi levado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pirajuí (SP).
Presidente da Apae presta depoimento à polícia e diz não ter envolvimento no desaparecimento de funcionária
Gabriel Pelosi/TV TEM
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