11 de janeiro de 2025

Mãe de Marielle diz que Rivaldo Barbosa tratou elucidação de assassinato como ‘questão de honra’

Em entrevista ao Fantástico, familiares das vítimas contam como receberam a notícia da prisão dos mandantes do crime. Famílias de Marielle e Anderson falam ao Fantástico sobre prisões
No dia 14 de março de 2018, o Brasil foi tomado por sentimentos de tristeza, indignação e revolta. Naquele domingo, o Fantástico conversou com exclusividade com a assessora Fernanda Chaves, única sobrevivente o atentado que vitimou a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes,
O Fantástico também ouviu a família da vereadora, como a mãe, Marinete Franco. “não tem como você dimensionar a dor de uma mãe, entendeu? A dor que a gente sente, porque é um pedaço da gente que se vai”, disse, na ocasião. “Não vai ficar impune, eu não quero que fique impune”, completou.
Aghata Arnaus, mulher de Anderson Gomes, quase desmaiou ao receber a notícia do crime. Mônica Benício, mulher de Marielle na época, mal conseguiu falar.
“Uma amiga nossa que estava aqui na porta, que veio me avisar. Mas quando eu abri o portão e vi a cara da Dani, eu falei: ‘Dani, o que aconteceu, cadê a Marielle? Ela falo, você precisa ser forte, a Marielle morreu’”, disse.
Seis anos e 10 dias depois o Fantástico voltou a conversar com os familiares de Anderson e Marielle. A mãe da vereadora, Marinete, revela que um dos presos por participação no crime, o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa se comprometeu comigo e com o meu marido que “era uma questão de honra” para ele resolver o caso e que era importante elucidar tudo o quanto antes.
A participação de Rivaldo também surpreendeu Mônica.
“O sentimento ele é de dor revirado nesses 6 anos e 10 dias, e também de revolta. A grande surpresa foi o nome, o aparecimento do nome de Rivaldo Barbosa”, diz.
Além de Rivaldo, a Polícia Federal também prendeu deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Domingos Brazão, apontados como mandantes do Crime. Para a PF, Rivaldo é um dos mentores da execução.
Rivaldo Barbosa ao lado da família logo após o crime.
TV Globo/Reprodução
Quem são os irmãos Brazão, suspeitos de mandar matar vereadora
“E hoje descobrir que aquele homem que me recebeu com um sorriso fraterno, dizendo conhecer a Marielle, inclusive sendo amigo da Marielle…O que resta é um sentimento de revolta disso tudo ter acontecido da maneira bárbara e chegar a respostas como essa, que a gente sabe que autoridades que deveriam estar comprometidas em elucidar não só falharam em deixar acontecer, como depois foram responsáveis pela não elucidação célere disso”, diz Mônica.
A indignação com a participação do ex-delegado é a mesma entre a mãe de Mariele e sua irmã, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
“Ninguém merece morrer como ela foi assassinada. E as pessoas terem a frieza de planejarem, darem um aval e sentar com a minha mãe para tomar café e falar que a gente vai resolver o caso. Que mundo é esse que a gente está vivendo?”, diz Anielle, se referindo a Rivaldo.
Sentimento de traição
Marinete, mãe de Marielle, conta que Rivaldo a abraçava e consolava durante a investigação. A descoberta dele como participante no crime gerou um sentimento de traição para a família.
“A gente foi traído, não é só traído… Eu acho que era um agente, um homem de segurança, um homem que tinha, na época, um poder enorme para poder avançar no caso”, contou ao Fantástico.
Anielle Franco conta que se sente cansada e indignada, que as prisões a levaram de volta para o dia do crime. “Quando eu recebi a notícia, que eu fui para o local do crime, que eu fui para o IML no dia seguinte, às 6h, e fui para o velório da minha irmã e eu tive que ficar de pé, eu não sei se eu já encontrei força, parece que eu estou revivendo esse momento hoje. E aí dá um nó na garganta”, desabafa.
Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018.
TV Globo/Reprodução
“Estou com o estômago embrulhado. É a indignação do ser humano, irmã, ministra, o que for, não tem como separar. É impossível separar os meus sentimentos no dia de hoje”, completa.
Para Aghata, viúva de Anderson, o dia também foi de dor.
“É inevitável lembrar o que aconteceu quando eu fui avisada, o que eu pensei. Tudo nesses seis anos, os momentos que a gente teve conversando com autoridades, indo a lugares pra resolver. Então, vem todas as lembranças, todos os sentimentos. Não dá para ficar tranquilo, não é um dia tranquilo”, fala Aghata.
A viúva de Anderson diz que quer saber tudo para ter uma compreensão da história do início ao fim.
Aghata e Anderson.
TV Globo/Reprodução
Em Brasília, Fernanda Chaves conversou com a equipe do Fantástico e disse o que espera a partir de agora. “As pessoas precisam ser responsabilizadas, julgadas e responde rà altura que o caso merece”, diz.
Fernanda Chaves, assessora de Marielle Franco que sobreviveu ao atentado.
TV Globo/Reprodução
Mônica conta que a morte de Marielle fala sobre a democracia e as respostas que devem ser dadas.

“A luta de justiça por Marielle é uma luta que, infelizmente, não vai se terminar com um inquérito policial. Essas respostas o Estado brasileiro deve à democracia, cada brasileiro e a nós, a milhares de Marielles e Andersons”, diz Mônica.
Perguntada como Marielle reagiria ao saber de toda a trama revelada pela Polícia Federal, Anielle conta que seria um misto de raiva e indignação. “É difícil falar, mas ia estar agindo também, tanto quando a gente está. Porque se tem uma coisa que a gente tem da família é não abaixar a cabeça. E não vai ser nem um dia de hoje, com tanta raiva, indignação e revolta, que vai fazer a gente parar”, fala.
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