Famílias sofrem com falta de vagas ou com distância entre casas e unidades de ensino. Mães cobram vagas em creche para os filhos em Fortaleza
Famílias cobram vagas em creches para as crianças de Fortaleza. As mães e outros parentes relatam sofrer com falta de vaga ou com a distância entre suas casas e as unidades de ensino.
É o caso de Isabela, de dois anos, que passa o dia sob os cuidados da mãe, Josiane Silveira. A mãe conta que se a criança tivesse acesso à creche escolar, além de uma melhor aprendizagem, Josiane teria tempo para trabalhar e ajudar na renda de casa.
“Fiz todos os procedimentos que é para a gente fazer. Chegar lá, pegar a documentação, matricular. Deram um prazo para mim que quando ela tivesse dois anos, ligavam para mim. Até agora, estamos na fila de espera”, disse Josiane Silveira, que mora bairro Jangurussu.
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Mães cobram creches para os filhos em Fortaleza.
Reprodução/TV Verdes Mares
A queixa é compartilhada também por mães e avós do Bairro Conjunto Esperança, que se reuniram para cobrar o retorno das aulas em uma creche do bairro.
O espaço Cor do Brasil, que atendia crianças da região, foi encerrado. Os estudantes foram remanejados para outras unidades – muitas delas longe de casa:
“Tenho problema de saúde, faço hemodiálise, e não podia ficar com ela (a criança) o dia todo, porque tenho meu tratamento. Lá (em outra unidade) concederam uma vaga para mim, mas só meio expediente. Fica muito puxado para mim”, contou Antônia Juliana Cosme, responsável por uma das crianças.
Em nota, a Prefeitura de Fortaleza disse que identificou pontos estruturais comprometidos, que impossibilitaram a continuidade da parceria com essa creche.
“Desse modo, foi realizada uma reunião com os familiares dos estudantes, apresentando outras unidades e, assim, garantir a matrícula de todas as crianças. Uma destas unidades é o CEI Rita de Cássia, inaugurado em abril de 2024. O equipamento atende, em tempo integral, do berçário ao Infantil III, beneficiando 116 crianças de seis meses a três anos de idade.”
Acesso à educação
Hoje, a rede municipal tem 112 creches parceiras e 186 centros de educação infantil.
Camilla Lima/SVM
Hoje, a rede municipal tem 112 creches parceiras e 186 centros de educação infantil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em Fortaleza, 33,88% da população de zero a três anos é atendida por creche.
O percentual está abaixo da média nacional, que é de 37,76%. O perfil das famílias que buscam acesso à educação é de uma mãe solteira, de baixa renda e com vários filhos.
A avó Antônia Elizabeth Sousa se preocupa com a filha que precisa trabalhar e com os estudos dos netos:
“Estamos tentando puxar alguma coisa para pagar a escola, porque não temos condições. Transferiram ele para o (bairro) Canindezinho. É invivável pagar todo dia (ônibus) ida e volta. Nesse bairro, a única coisa que a gente tem é essa creche. E onde está o direito das crianças à escola? Sem falar que tem crianças que as refeições são aqui, tem que ver esse lado também”, ressaltou.
A Secretaria da Educação de Fortaleza disse que está em contato com as famílias das crianças e disse que disponibilizou a possibilidade de atendimento em outras creches da rede municipal.
Famílias relatam dificuldade para matricular crianças em creches de Fortaleza.
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