A TV Globo teve acesso a imagens aéreas que mostram criminosos reunidos para atacar os policiais em vários pontos do Alemão. Cinco pessoas morrem e nove ficam feridas em operação policial nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, no Rio
A Zona Norte do Rio de Janeiro teve nesta sexta-feira (24) mais de 15 horas de tiroteio entre policiais e bandidos. Cinco pessoas morreram e nove ficaram feridas nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha.
Quinhentos policiais cercaram os complexos da Penha e do Alemão antes do amanhecer. Do outro lado, tiros disparados por bandidos. A TV Globo teve acesso a imagens aéreas que mostram criminosos reunidos para atacar os policiais em vários pontos do Alemão.
“Já teve outras operações outras vezes, mas nunca aconteceu nada igual aconteceu hoje”, afirma uma moradora.
Uma casa no Alemão ficou no meio do fogo cruzado. A explosão de uma granada e tiros de fuzil derrubaram o muro.
“Muito tiro, muito tiro. Aí, eu fui para o quarto do meu neto, fiquei deitada no chão lá. E o tiroteio, né? E eu pedindo a Deus para Deus livrar minha vida. Os vidros todos quebrados. A minha televisão, o tiro acabou com a minha televisão, está tudo destruído”, conta a moradora.
Mais de 15 horas de tiroteio entre policiais e bandidos deixam mortos e feridos no Rio
Jornal Nacional/ Reprodução
Um morador disse que uma granada explodiu na porta dele:
“Rasgou o pé da minha esposa. Eu quase morri dentro de casa, arrebentou tudo”, diz o morador.
Ainda de madrugada, a primeira vítima. O jardineiro Carlos André Vasconcelos da Silva ia para o trabalho. Ele levou um tiro pelas costas quando ia pegar o ônibus. Ele tinha 35 anos, era casado e pai de dois filhos.
“Meu marido era um homem muito bom. Um bom pai. Um bom marido”, diz Suelem Gomes da Silva, viúva de Carlos André.
A uns 2 km do local da batalha travada entre policiais e bandidos, durante todo o dia, deu para ouvir o intenso tiroteio na comunidade. É para o Hospital Getúlio Vargas onde está indo a maioria dos feridos dessa guerra.
O policial militar Diogo Marinho Rodrigues Jordão foi socorrido depois de levar um tiro na cabeça. O estado é grave. Outras oito pessoas ficaram feridas – três delas estavam dentro de casa. Além do jardineiro, quatro outras pessoas morreram: Ryan Muniz de Oliveira, de 21 anos, Antonio Julio Claudio, 53 anos, e Geraldo Carlos Barbosa dos Reis, de 67 anos; além de um menor, que segundo a polícia, teria envolvimento com o tráfico.
Mais de 15 horas de tiroteio entre policiais e bandidos deixam mortos e feridos no Rio
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O secretário de Segurança Pública falou sobre as mortes de inocentes:
“A gente vê pelas imagens a quantidade de estouros, de cápsulas no chão, armas de grosso calibre, .50, .30. Atiram contra a polícia, atiram contra inocentes. Agora, a gente não pode é sob o risco de ‘olha, mas se nós fizermos uma operação inocentes podem ser feridos’. A gente trabalha para que não haja. O planejamento, a inteligência, é nesse sentido. A gente não quer inocentes mortos, a gente não quer policiais mortos e nem o traficante. O objetivo é chegar ali e prendê-los”, diz Victor dos Santos, secretário de Segurança Pública do RJ.
Enquanto se tenta fechar o balanço de mortos e feridos, os moradores levantam uma bandeira branca, pedindo paz:
“Só paz, só peço paz naquela favela. Só a paz que eu peço naquele lugar”, pede uma moradora.
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