A pesquisa do Datafolha também mostrou que mais de 27 milhões de pessoas convivem com cracolândias no caminho da escola ou do trabalho. Mais de 23 milhões de brasileiros vivem em áreas dominadas por milicianos ou facções criminosas
Mais de 23 milhões de brasileiros vivem em áreas dominadas por facções do tráfico ou por milicianos.
Um som e a vida em suspenso.
“Um tiro forte que você não sabe se é perto, se é longe, se vai entrar pela sua casa, se vai ferir algum familiar seu. Não temos o que fazer além de se esconder e esperar passar”, diz um morador.
O medo desse morador de uma área conflagrada na Zona Norte do Rio é tão grande que nem a voz dele nós podemos identificar. A violência paralisa a vida a de muitos outros brasileiros. São ao menos 23,5 milhões de pessoas no país vivendo em áreas com a presença de facções criminosas ou milícias.
A pesquisa do Datafolha foi encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela “Folha de S.Paulo”. No redemoinho da dominação territorial, mais de 3 milhões de pessoas pagam taxas para grupos armados para garantir a própria segurança e para ter acesso a serviços como gás, luz e água.
“Quando um dos moradores do condomínio não efetua o pagamento e fica devendo, eles cortam o fornecimento de água não só da pessoa que está inadimplente como das pessoas que efetuaram o pagamento. Até para você denunciar é complicado”, conta um morador.
Mais de 23 milhões de brasileiros vivem em áreas dominadas por milícias ou facções do tráfico
Jornal Nacional/ Reprodução
A pesquisa também mostrou que mais de 27 milhões de pessoas convivem com cracolândias no caminho da escola ou do trabalho.
“O Estado precisa controlar e retomar o controle de territórios que estão na mão do crime organizado. Acho que a palavra-chave aqui é: sem prevenção, a gente não consegue avançar nesse debate. E sem uma repressão qualificada, que vá doer no bolso do criminoso e ele vá ser responsabilizado e preso adequadamente, nós não temos muito o que deslumbrar como futuro”, afirma Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A realidade que os números evidenciam é traduzida em uma faixa com um pedido de socorro: “Queremos paz”. No fim de semana, quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas durante um tiroteio entre facções rivais. O protesto aconteceu nesta segunda-feira (2) na principal avenida de um dos bairros mais tradicionais do Rio, Madureira.
“Infelizmente, viver em uma área dominada pelo poder paralelo é ser eternamente refém de uma guerra que não é sua”, diz um morador.
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