Estado conta com 481 comunidades em 53 municípios. Levantamento do IBGE posiciona o Rio Grande do Sul como o 10º com maior número de favelas no Brasil. Mais de 400 mil pessoas vivem em favelas no RS
O Rio Grande do Sul registra hoje mais de 400 mil pessoas vivendo em favelas, distribuídas em 481 comunidades que se espalham por 53 municípios, segundo dados do Censo 2022, divulgados na sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O levantamento, realizado com apoio da Central Única das Favelas (CUFA), posiciona o Rio Grande do Sul como o décimo estado com maior número de favelas no Brasil.
Em comparação com o censo de 2010, o número de moradores em áreas de favela no RS aumentou 40%. Porto Alegre concentra a maior parte dessas comunidades com 125 favelas, representando 26% do total do estado.
O professor Eber Marzulo, da Faculdade de Arquitetura da UFRGS acredita que a expansão dessas áreas deve ser um ponto de atenção para políticas públicas focadas na melhoria da qualidade de vida no próprio local, sempre que possível.
“Essas famílias de origem popular, tais quais as do campo, têm laços de relação muito próximos em relação a vizinhança, em relação a compadrio, a família do esposo, a prima, uma teia de relações de ajuda mútua. Se tu desmontas esse tecido, gera um custo para essas famílias que é um custo geral social”, explica Marzulo.
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Entre as favelas identificadas pelo IBGE está a Colina Verde, em Sapucaia do Sul, onde mais de quatro mil pessoas vivem. Alessandra Duarte da Silva, merendeira e mãe de cinco filhos, é uma das moradoras do local, para onde se mudou há mais de 20 anos após receber o terreno pelo antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Eu adoro morar aqui. Pode me oferecer qualquer lugar, alguma casa, e eu não vou mais embora daqui. A maioria tudo se conhece. Quando a gente precisa da ajuda, do apoio de algum vizinho, sempre tem vizinhos para ajudar, para nos acolher. E aqui é um lugar tranquilo, um lugar bom de se morar. Então daqui a gente não sai mais”, relata Alessandra.
Alessandra Duarte da Silva, merendeira e mãe de cinco filhos, é moradora de Colina Verde, em Sapucaia do Sul
Reprodução/ RBS TV
Esse levantamento é o primeiro em que o IBGE utiliza o termo “favela” em um censo demográfico. A nova nomenclatura substitui o termo “aglomerado subnormal” e foi aplicada em conjunto com critérios que definem favela como uma área onde predominam domicílios sem segurança jurídica de posse, com infraestrutura e habitações construídas pelos próprios moradores, e em regiões onde a legislação ambiental ou urbanística restringe a ocupação.
“Favela é um assentamento urbano de domicílios que estão em uma condição de precariedade humana”, explica o professor Marzulo.
O especialista destaca que, no Sul do país, o termo popular “vila” remete a uma influência cultural uruguaia e argentina, onde assentamentos precários são conhecidos como “villas miséria”.
O acréscimo no número de pessoas vivendo nessas áreas, segundo o IBGE, está atrelado ao aprimoramento dos dados e à utilização de novas tecnologias e métodos de mapeamento, que ampliaram o conhecimento sobre essas comunidades.
Favela em Sapucaia do Sul
Reprodução/ RBS TV
O coordenador de dados e estatísticas da CUFA, Pablo Dalavera, aponta os principais desafios enfrentados pelos moradores:
“Falta de oportunidades, de educação, de questão de cultura, acesso a esporte, acesso a lazer, questão de recreação das crianças, acesso a uma praça, questão de emprego, fator determinante para a nossa sociedade ter desenvolvimento”, contextualiza Dalavera.
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