15 de outubro de 2024

Mais de 60 caças, 13 países e 2 mil soldados: Otan inicia exercício militar nuclear na Europa, e Rússia acusa escalada de tensões

Exercício nuclear, que segundo a aliança militar é realizado anualmente, terá duração de duas semanas. Porta-voz russo disse que a operação alimenta as tensões entre o país e a Otan, em meio à guerra na Ucrânia. A aliança militar não tem medo das ameaças russas, disse secretário-geral Mark Rutte. Caças Saab JAS 39 Gripen da Força Aérea sueca voam ao lado de uma aeronave simulando intercepções aéreas durante exercício aéreo da Otan em julho de 2023.
REUTERS/Piroschka van de Wouw/File Photo
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) iniciou nesta segunda-feira (14) um exercício militar nuclear na Europa, o que a Rússia chamou de uma escalada de tensões por conta da guerra travada na Ucrânia.
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O exercício anual, chamado “Steadfast Noon”, terá duas semanas de duração e envolve mais de 60 aeronaves participando de voos de treinamento sobre a Europa Ocidental, entre elas, caças capazes de carregar ogivas nucleares dos EUA. O exercício, no entanto, não envolverá o uso de armas reais, segundo a Otan.
De acordo com a aliança, o exercício envolverá dois mil militares de oito bases aéreas e uma variedade de tipos de aeronaves, incluindo jatos com capacidade nuclear –incluindo avançados caças F-35A–, bombardeiros, caças de escolta, aviões de reabastecimento e aeronaves capazes de realizar reconhecimento e guerra eletrônica.
“A dissuasão nuclear é a pedra angular da segurança dos Aliados. O Steadfast Noon é um teste importante da capacidade de dissuasão nuclear da Aliança e envia uma mensagem clara a qualquer adversário de que a Otan protegerá e defenderá todos os Aliados”, disse o secretário-geral da organização, Mark Rutte.
Segundo a Otan, o exercício nuclear é uma atividade de treinamento de rotina que acontece todo mês de outubro. A operação deste ano envolve voos principalmente sobre os países anfitriões Bélgica e Holanda, e no espaço aéreo da Dinamarca, Reino Unido e Mar do Norte. Ao todo, treze países enviarão aeronaves para participar dos exercícios, informou a Organização.
O exercício militar ocorre em meio à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, iniciada em 2022 após uma invasão de tropas russas em território ucraniano. No início de agosto, tropas da Ucrânia iniciaram uma contraofensiva em território russo. O conflito continua se desdobrando: a Rússia anunciou que tomou controle de Ostrivske, uma vila no leste da Ucrânia, segundo a agência estatal Tass.
As tensões entre a Rússia e a Otan se intensificaram à medida que o conflito foi se desenrolando e as tropas russas foram avançando no território ucraniano.
Em janeiro, a Otan fez o maior exercício militar desde a Guerra Fria, com cerca de 90 mil soldados e manobras que simulam um eventual ataque russo.
Em março deste ano, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o país está pronto para usar armas nucleares em caso de ameaça contra a existência do país. A fala ocorreu dias após o presidente da França, Emmanuel Macron, aventar a possibilidade de mandar tropas à Ucrânia para combater as russas.
A ameaça de Putin caso Ucrânia passe a usar mísseis de longo alcance contra a Rússia
No mês passado, Putin disse que poderia conduzir testes nucleares caso países do Ocidente permitirem que a Ucrânia use mísseis de longo alcance fornecidos por eles para atacar a Rússia. A liberação do uso dos mísseis, inclusive, representaria a entrada da Otan em uma “guerra contra a Rússia”.
A Otan também informou em comunicado que está tomando medidas para garantir a segurança, a eficácia e a credibilidade da capacidade de dissuasão nuclear da aliança militar, citando que os primeiros caças F-35A aliados, da Holanda, foram declarados prontos neste ano para desempenhar funções nucleares.
Foto de arquivo, de agosto de 2020, mostra treinamento militar da Otan na Suécia.
Antonia Sehlstedt/AP
Rússia critica exercício nuclear
O Kremlin afirmou nesta segunda (14) que o exercício nuclear da Otan está alimentando as tensões à luz da “guerra quente” que se desenrola na Ucrânia.
“Nas condições de uma guerra quente, que está acontecendo no contexto do conflito ucraniano, esses exercícios não levam a nada além de uma maior escalada da tensão”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Peskov afirmou que também era impossível realizar negociações sobre armas nucleares com os EUA, algo que Washington sinalizou estar disposto a fazer, porque as potências nucleares ocidentais estão envolvidas no conflito contra a Rússia e, portanto, qualquer conversa sobre segurança teria que ser muito mais ampla em escopo.
Em resposta, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a Otan não se deixará intimidar pelas ameaças russas e continuará com seu forte apoio à Ucrânia.
“A mensagem (para o presidente russo Vladimir Putin) é que continuaremos, que faremos o que for necessário para garantir que ele não consiga o que quer, que a Ucrânia prevalecerá”, disse ele à Reuters em uma entrevista conjunta com a rádio pública alemã Hessischer Rundfunk na segunda-feira.

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