20 de setembro de 2024

Máscaras protegem contra a fumaça das queimadas? Entenda quando usar e quais grupos são mais vulneráveis

Inalar grandes quantidades de material particulado pode causar irritação das vias aéreas e agravar doenças respiratórias crônicas. Fumaça encobrindo Goiânia, em Goiás
Fábio Lima / O Popular
Popularizadas no período da pandemia, as máscaras agora podem ser um importante aliado contra a fumaça vinda das queimadas.
🔥Além dos gases tóxicos que se desprendem da combustão, também são liberadas grandes quantidades de material particulado que podem causar irritação das vias aéreas e agravar doenças respiratórias crônicas.
Com o aumento do número de focos de incêndio em diversas regiões do país e o deslocamento da fumaça até para locais sem queimadas, uma das orientações do Ministério da Saúde é a utilização de máscaras cirúrgicas e até do modelo PFF2 para proteção.
“Quanto mais perto do foco de calor, maior o número de partículas que pode ser inalado. Para reduzir os efeitos que são muito intensos nas vias respiratórias, recomenda-se o uso de máscaras e bandanas”, explicou a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares, em coletiva.
Apesar da recomendação do ministério para toda a população, especialistas ouvidos pelo g1 explicam que as máscaras só são eficazes para proteger contra o material particulado e pessoas com doenças crônicas são as mais suscetíveis a sofrer com a inalação da fumaça.
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Máscaras x queimadas
Eduardo Algranti, pneumologista e coordenador da Comissão Científica de Doenças Respiratórias Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), explica que a inalação do material particulado vindo das queimadas tende a gerar problemas respiratórios.
Nesse contexto, ele defende que o uso de máscaras de proteção pode ser uma boa opção.
“Tanto as máscaras do tipo PFF como as máscaras de tecido ou cirúrgicas, desde que bem adaptadas ao rosto, protegem contra o material particulado”, detalha.
😷O pneumologista ainda lembra que o nível de proteção oferecido pelas máscaras PFFs é muito maior, uma vez que elas são capazes de filtrar uma quantidade maior de material particulado – além de se adaptar melhor ao rosto.
Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, comenta que é recomendado que quem está próximo aos locais das queimadas e em cidades afetadas pela fumaça priorize o uso de máscaras de alto poder de filtragem.
“As máscaras ajudam a filtrar as partículas maiores e a fuligem proveniente das queimadas, evitando que esses fragmentos entrem nas vias superiores e no pulmão”, afirma a pneumologista.
A longo prazo, a exposição a essas substâncias pode levar também a uma penetração na circulação, elevando o risco de doenças cardiovasculares. (entenda mais abaixo)
Apesar de serem eficazes contra o material particulado, Algranti pondera que esse tipo de máscara não protege da inalação de gases tóxicos.
“Contra os gases são necessários outros tipos de máscaras, com mais filtros. Esse material praticamente não está disponível para a população”, explica.
⚠️Os pneumologistas recomendam que todas as pessoas portadoras de doenças respiratórias, sejam agudas ou crônicas, devem usar algum tipo de proteção contra a fumaça das queimadas. Isso porque esse grupo é o mais suscetível aos efeitos nocivos desse tipo de poluição.
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Consequências para a saúde
Além do prejuízo ao meio ambiente, as queimadas também geram diversas consequências para a saúde.
➡️Isso acontece por causa da liberação de dois principais compostos no ar:
Gases: muitas vezes tóxicos, os principais gases liberados pelos incêndios são dióxido de carbono, monóxido de carbono e metano;
Material particulado: também pode conter elementos tóxicos como mercúrio e chumbo e tende a permanecer no organismo durante muito tempo.
Os especialistas explicam que as micropartículas, capazes de ficar muito tempo suspensas podem atingir as extremidades mais vitais dos pulmões, os alvéolos.
“Chegando até os alvéolos, elas são muito lesivas. Respirar esse ar poluído com essas partículas vai causar alterações e danos nas células respiratórias”, comenta o pneumologista do Hospital Albert Einstein de Goiânia, Marcelo Rabahi.
Ele alerta que a exposição constante a essas partículas leva o pulmão a um processo repetitivo de dano e recuperação. Esse ciclo pode gerar quadros de bronquite crônica e, em casos mais graves, fibrose pulmonar.
“As partículas prejudicam o sistema de defesa das vias aéreas e dos pulmões, causando irritação, inflamação e maior suscetibilidade a infecções”, completa a pneumologista Elnara Negri.
Ela também acrescenta que, em pacientes com doenças pulmonares crônicas, como asma, bronquite e enfisema, as partículas podem precipitar ou agravar crises.
Além disso, as micropartículas do ar poluído também podem chegar até a corrente sanguínea, elevando o risco para doenças cardiovasculares como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.
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