Alexandre Pedroso Ribeiro foi condenado após policiais encontrarem na casa dele droga o suficiente para abastecer o comércio de drogas em toda a Baixada Santista. Ele já estava preso por facilitar a execução de um paciente dentro de um hospital em Guarujá (SP). Médico Alexandre Pedroso foi condenado a oito anos de prisão por tráfico de drogas
Reprodução e Divulgação/Polícia Civil
O médico Alexandre Pedroso Ribeiro, dono de uma mansão em Guarujá (SP), onde foram apreendidos mais de 60 kg de entorpecentes em 2021, foi condenado a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado por tráfico de drogas. Ele, que é irmão do empresário de jogadores de futebol Wagner Ribeiro, já estava preso por facilitar a execução de um paciente dentro de um hospital.
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Com base na sentença, obtida pelo g1 nesta quarta-feira (1º), as investigações apontaram que o réu era membro do Primeiro Comando da Capital (PCC) e um “perigoso traficante”.
No documento consta, ainda, que integrantes da facção foram vistos na casa dele, e que os mais de 60 kg de cocaína, avaliados em R$ 7,5 milhões, seriam suficientes para abastecer o comércio de drogas em toda a Baixada Santista.
O juiz da 2ª Vara Criminal de Guarujá, Thomaz Correa Farqui, destacou que Pedroso é médico, proprietário de um casa em um condomínio de luxo e pertence à alta classe social.
Sendo assim, ele também foi condenado a pagar as custas do processo e 875 dias-multa de cinco salários mínimos cada — um total de R$ 6,1 milhões, considerando o valor de R$ 1.412 do salário mínimo de 2024.
Versão do médico
Médico ortopedista foi preso por suspeita de envolvimento em execução de paciente, em Guarujá (SP)
Reprodução
Diante da Justiça, Pedroso negou ter praticado o crime. Os policiais encontraram a droga em um quarto temático do Corinthians onde, segundo o médico, o funcionário de um amigo estava hospedado.
O réu disse desconfiar que os entorpecentes seriam do homem. A versão, no entanto, foi contrariada pelas testemunhas apresentadas pela própria defesa de Pedroso. De acordo com elas, o cômodo geralmente ficava trancado e com o acesso era restrito.
“Certamente ele não permitiria que o estranho, ao invés de seu amigo [chefe do funcionário que estava hospedado na casa de Pedroso], dormisse no quarto onde guarda suas relíquias de torcedor aficionado, o qual mantinha trancado na maior parte do tempo”, afirmou o juiz.
Casa sempre cheia
O Pedroso afirmou que muitas pessoas frequentavam a casa dele porque é médico, diretor da torcida “Gaviões da Fiel” e bem relacionado com autoridades e políticos da cidade.
Ainda como justificativa para a movimentação no local, disse que o pai da esposa era dono de um cartório e o irmão Wagner Ribeiro é um empresário conhecido internacionalmente por já ter agenciado nomes do esporte como Neymar e Robinho.
Já sobre a visita de membros da facção criminosa, o médico disse que atendia diferentes pacientes. De acordo com Pedroso, um deles estava cumprindo prisão domiciliar e teria solicitado um laudo para fazer fisioterapia.
Para a Justiça, a narrativa de Pedroso não é coerente e o motivo do crime teria sido o desejo do réu de conseguir dinheiro de forma fácil.
“Embora já rico, morador de conduto de altíssimo padrão, resolveu aumentar seu patrimônio por meio da venda de drogas e do envolvimento com a maior organização criminosa do país”, destacou o juiz.
O g1 tentou contato com a defesa e com o irmão de Alexandre Pedroso Ribeiro, mas não os localizou até a última atualização desta reportagem.
Drogas em mansão
Em 2021, a Polícia Civil apreendeu mais de 60 kg de drogas escondidas na mansão do médico, em Guarujá (SP)
Divulgação/Polícia Civil
Em 2021, a Polícia Civil encontrou mais de 60 kg de drogas na residência de Pedroso, no Jardim Acapulco, um condomínio de luxo em Guarujá. A equipe foi ao local para cumprir mandado de busca e apreensão.
De acordo com a autoridade policial, as drogas estavam embaladas em formato de tijolos e foram encontradas dentro de malas de viagem, mochilas e um saco de tecido jeans. No total, foram apreendidos pouco mais de 53 kg de cocaína, 11,5 kg de crack e quatro celulares.
Ninguém foi encontrado na ação. Porém, uma vez identificada a relação entre a residência e Pedroso, o médico se tornou alvo de investigação. Em 2023, ele virou réu por tráfico de drogas.
Execução em hospital
Homem é executado dentro de hospital no Guarujá (SP)
O médico também é suspeito de envolvimento na execução de paciente no Hospital Santo Amaro. O caso ocorreu no dia 24 de abril de 2022. As câmeras de monitoramento do hospital flagraram Pedroso no momento do crime (veja o vídeo no início da reportagem).
A vítima, identificada como Gilianderson dos Santos, de 37 anos, foi morta a tiros por dois homens. Eles seguiram o médico após uma breve saída do local. A ação durou menos de um minuto.
Ao g1, um plantonista, que preferiu não se identificar, relatou que o clima foi de “desespero” e “pânico” após o ataque. A reportagem também teve acesso a trechos do depoimento que a irmã da vítima prestou na Delegacia de Polícia Sede de Guarujá. Segundo ela, Gilianderson era usuário de drogas, mas “não tinha inimigos”.
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